2011/02/10

Mubarak: pouco e tarde

Parece claro que o discurso de Mubarak ficou claramente aquém das expectativas (para quem tinha expectativas...). A revolta no Egipto ficou mais distante de uma solução e o futuro imediato parece apontar para um levantamento ainda mais violento. Os egípcios querem Mubarak simplesmente fora de cena.
Também os parceiros políticos do Egipto, pode-se imaginar, não terão ficado certamente tranquilizados com as palavras de Mubarak.
Não deixa de ser curioso verificar que o ainda presidente privilegiou claramente no seu discurso a juventude, dirigindo-se-lhe em primeiro lugar, se bem que de forma paternalista, e fazendo-lhe o rapapé com a promessa de castigar os autores das mortes que esta revolução já gerou. A juventude egípcia já mostrou que não se deixa impressionar com manobras dilatórias, discursos de transferência pacífica de poder, de diálogo construtivo, e muito menos com o papão do telecomando a partir do estrangeiro do curso dos acontecimentos. O Twitter, o Facebook e os SMS, são um simples visto para os jovens egípcios passarem a fronteira electrónica, não para entrar no Egipto.
No momento exacto em que Mubarak fazia o seu discurso, víamos nos diferentes canais de televisão esses jovens a mostrar-lhe os sapatos e líamos nos newsfeeds das agências noticiosas e dos jornais que a multidão lhe gritava para que se fosse embora.
Víamos isto na hora, embora a milhares de quilómetros de distância. Será que ele não viu?

1 comentário:

Rui Mota disse...

Ele viu, mas em deferido, porque as notícias são censuradas...