Este caso das "novas oportunidades" é bem o espelho do estado a que tudo isto chegou. O governo lembra-se de criar um sistema para valorizar academicamente as competências das pessoas, requalificá-las ou completar a sua formação de base. Em todo o mundo, onde a estas coisas é dada atenção devida, a formação continuada é fomentada e facilitada. E só em Portugal se não reconhece e valoriza a experiência de vida dando-lhe o devido enquadramento, sem preconceitos. Por outro lado, não combater o abandono escolar, não promover e valorizar a formação continuada, devia ser considerado crime. Só um asno pára de estudar por preguiça ou porque "terminou" a sua formação e pensa que já está "arrumado". E os responsáveis que pactuam com isto deviam ser exibidos, pendurados pelos pés de cabeça para baixo aos candeeiros de iluminação pública.
Não tenho conhecimentos que me permitam avaliar, com rigor científico, se esta coisa das "novas oportunidades" foi ou não uma iniciativa válida, de que o país no seu conjunto e cada um dos novos oportunistas possam verdadeiramente beneficiar. Confesso que quando ouvi falar dela me ocorreu que se estava a tratar de dar oportunidades a pessoas que tivessem obtido os seus cursos por meio de prestações de provas feitas ao domingo, por fax, e a validar diplomas obtidos em saldo, mas quem sou eu...? É verdade, esta é, seguramente, uma iniciativa tão confusa como o seu sítio na internet.
Mas, o seu mérito ou demérito têm de ser avaliados de forma rigorosa, em seu tempo e na sua sede própria, sem ser em tom de conversa de café, e, sobretudo, nunca no calor da refrega eleitoral (ou o que quer que seja que se está a passar em Portugal), porque o assunto é sério, a iniciativa bule com muita gente e diz respeito a matérias de inequívoco interesse nacional. Uma posição responsável exige, pois, cuidado.
O certo é que, segundo os dados divulgados, cerca de meio milhão de portugueses terá estado envolvido num qualquer nível desta iniciativa.
Pois o PSD vem agora levantar a questão do mérito deste programa. Agora?! Desta forma?
Diz um tipo qualquer das hostes social-democratas que o engenheiro Sócrates distribui diplomas para ganhar votos. E aqui está o problema. Será isto uma "crítica" fiável e responsável? E pensará este tipo que vai ganhar algum daqueles cerca de 500 000 votos ao levantar esta questão deste modo?! Qual é o mérito desta crítica feita então neste momento e desta forma? O porta voz da crítica até era deputado; o que terá ele andado verdadeiramente a fazer este tempo todo? É isto a "alternativa"? Ou a crítica de agora serve para mascarar ou apagar incúrias passadas?
O programa "Novas Oportunidades" foi criado pelo governo de Durão Barroso. Estará ele abrangido na "crítica" do PSD?
Ouço imensa gente que diz estar disposta a "engolir sapos" para apear o primeiro ministro. Parecia fácil. Deveria ser fácil. O país exigia que fosse fácil. Mas, ouço ainda mais gente confusa e indecisa sobre o sentido do seu voto, apavorada com as "alternativas". Não há dia nenhum em que o Coelho e a sua coelhada não exibam mais um traço negativo das suas qualidades. Sócrates conseguiu disfarçar os seus durante bastante tempo, mas este nem isso consegue fazer. Não admira que o Portas mantenha marcação apertada à coelhada. É claro que é um tipo tão cheio de si que está convencido de que a simples ideia de ser primeiro ministro não nos faz rebolar de riso. Mas isso é outra questão...
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