Os acontecimentos das últimas horas trouxeram-nos um coro de pequenos cantores –moralistas de ocasião, uns, apoiantes e promotores até das políticas do láparo, outros, amnésicos, outros ainda– a gritar contra o "mal" que a coligação está agora a fazer ao país. É um coro já com os naipes todos de vozes preenchidos. Exibem um ar compungido como se não tivessem nada a ver com isto.
A pergunta que tenho inevitavelmente de fazer é a seguinte: que credibilidade tinha afinal a política que estes animais, que não hesitam em provocar nesta altura este triste espectáculo, decidiram seguir, da forma obstinada, traiçoeira, fria, incompetente, canhestra, criminosa até, que todos pudemos e podemos sentir? Será que quem é capaz de lançar o caos que agora presenciamos, será que quem é capaz de suscitar a angústia que muitos hoje sentem ao verem as "inevitabilidades" do Coelho transformarem-se nisto, poderia jamais ter um programa credível para o País? Em suma: é possível aceitar que quem tem este comportamento pudesse alguma vez ter ideias virtuosas para o País?
Será que, por outro lado, quem faz isto agora poderia, logo à partida, estar à altura das responsabilidades que se propôs assumir?
E, já agora, permitam-me deixá-los com mais duas perguntas e outras tantas dúvidas. O que vai acontecer às reformas necessárias a partir deste momento? E quem estará disposto a fazê-las? Quem terá o talento para as fazer e limpar, ao mesmo tempo, os estragos entretanto provocados, depois dos resultados vergonhosos que o governo de Passos Coelho, com o beneplácito do presidente Cavaco Silva, obteve?
Não terá a prestação vergonhosa de Passos Coelho, com o beneplácito de Cavaco Silva, comprometido definitivamente quaisquer alterações necessárias no futuro? Como pedir-lhes contas?
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