Seguro conseguiu dar um tiro no pé e, ao mesmo tempo, o tiro... fez ricochete e saiu pela culatra. Não era tarefa fácil, mas, Tó Zé, por uma vez acertaste na mouche!
Outra forma de ver o que se passou seria afirmar que as eleições de ontem permitiram-nos assistir a este fenómeno, verdadeiramente prodigioso, totalmente improvável e seguramente invulgar: ao contrário do que seria normal, é o Seguro que é desta feita obrigado a pagar uma enorme franquia por um acidente em que, ainda por cima, ele é dado como culpado.
Dito ainda de outro modo: Seguro contava com um Portugal que, como ele, não pensa, terá feito fé nos que pensam que pensam por ele e enganou-se.
Ou, finalmente, para citar Augusto Santos Silva, naquele seu jeito Terminator III, "O povo não é tão néscio como os néscios o pintam..."
4 comentários:
A derrota de Seguro era esperada. O que não se esperava era uma diferença tão significativa. Para o PS era impensável perder outras eleições, que os manteriam mais quatro anos fora do poder. Com Costa há esperança que isso não aconteça, mas as "primárias" de ontem são apenas uma etapa neste processo. Não sabemos como pensam os eleitores nacionais e se Costa não é mais um epifenómeno. Uma coisa é certa: do novo líder do PS ainda não ouvimos ou lemos algo de concreto sobre temas tão urgentes como a dívida pública (como pagá-la), sobre a permanência no Euro (sair ou ficar), sobre a posição de Portugal na actual Europa e em relação ao BCE ou a Merkel, etc. Também não ouvimos nada sobre alianças à esquerda (à direita, sempre foram feitas), da mesma forma que não compreendemos como, ao mesmo tempo, se paga a dívida, pode crescer a economia e como se mantém o estado social... È o que se chama, a verdadeira "quadratura do círculo". Um artista português, o Costa...
Imagina isso tudo com o Seguro...
Com o Seguro seria, muito provavelmente, pior. A questão de fundo, não é essa. O Costa, sendo melhor candidato para o PS, não é necessariamente melhor candidato para os portugueses. Uma coisa são os militantes (e simpatizantes) do PS que votaram num candidato para 1º ministro e outra são os portugueses que votarão em 2015 e que nada têm a ver com o PS. Dito de outro modo: 150.000 simpatizantes do PS votaram e elegeram um candidato apoiado por 90.000 militantes. Ou seja, no próximo congresso (de militantes) o líder do partido vai defender uma moção sufragada por uma maioria de simpatizantes (!?). Isto não faz sentido nenhum, como é evidente e só não percebe quem não quer...Então os simpatizantes é que determinam quem é o líder de um partido de militantes? O que é que estão lá a fazer os militantes? Ridículo, tudo isto.
Começo a compreender o teu ponto de vista, que, confesso, ainda não tinha percebido. E compreendo os teus reparos. Mas, Rui, a tomada dos partidos por gente de fora (conheço muita gente que não tem nem teve qualquer ligação ao PS e foi votar ontem) estará na razão directa da bandalheira em que se transformaram os partidos com a gente de dentro. Fala-se tanto na importância dos partidos, na necessidade da sua reforma, nas dificuldades em que ela seja feita por dentro, pois bem, são os de fora que a podem fazer, pelos vistos. Não creio que o PS e os restantes partidos fiquem, de facto, como se diz, na mesma depois de ontem. A vitória do Costa e sobretudo do PS não passam de uma vitória da Democracia. E ai do PS e do Costa que não percebam isso! Creio (talvez seja ingénuo) que os tais 90 000 ficaram a perceber que, de facto, os militantes não podem "comprar" um partido e não reembolsar os votantes, fazendo o que eles pretendiam com o seu voto. Um partido não é uma "empresa" nem um uma seita fechada. É um serviço prestado a uma comunidade, com deveres e regalias, que lhes são atribuídas para cumprirem esses deveres. A tal reforma só se fará assim, com participação e pressão externa. Duvido é que a moda pegue... Nesse aspecto, o Seguro prestou um serviço inestimável. Sem saber como, mas prestou...
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