2008/01/04

Uma boa notícia

O Rally Lisboa-Dakar foi cancelado. Pese a tristeza dos concorrentes e da organização portuguesa que trabalhou para a sua concretização, a anulação do evento alerta-nos para outras realidades que a política-espectáculo teima em esquecer. Agora teriam sido as ameaças terroristas que punham em perigo os concorrentes. Amanhã, serão outras as razões. Mais importante do que isso (até porque não houve vítimas), são os milhares de mortos que anualmente perecem em África por subnutrição. Uma vergonha para o continente e para a humanidade. Esse sim, é o problema que nos deve preocupar. Em vez de lamentar o falhanço de um evento ostentatório, que persiste em atravessar regiões dizimadas pela fome e pela doença, sem que nada traga de positivo às populações locais, devíamos repensar o que fazer com o dinheiro gasto no "rally". Talvez possam vender alguns carros e oferecer a receita a uma região carenciada. Aposto que dava para um ano de comida.

2 comentários:

Carlos A. Augusto disse...

Tudo isto é de facto triste. Num dia em que foram revelados factos que deveriam deixar o país em estado de alerta (refiro-me à questão da compra de acções do BCP com empréstimos da CGD) os telejornais abriram todos com desenvolvidas reportagens sobre o cancelamento desta imbecilidade do Lisboa-Dakar.
PArece que fomos todos "vítimas" do "terrorismo"...
Mas quem são os terroristas? Nessas reportagens não vi sequer uma vez uma alusão ao impacto ambiental que uma prova como esta pode ter. Para além das reverberações de ordem social que isto pode ter (referidas no post do Rui), quantos litros de gasolina, quanto óleo derramado, quantos pneus e outros resíduos irão ser porduzidos, que estragos para o ambiente das regiões que atravessa, etc.
São estas as mesmas redacções que amanhã se vão lembrar de falar sobre o aquecimento global só porque está na moda...
Para não falar de que uma prova desta natureza gera negócios paralelos de cariz verdadeiramente obsceno de que tanto "fornecedores" como "clientes" se deveriam envergonhar.
A nada disto os telejornais se referiram...

Rui Mota disse...

A questão ambiental, é de facto, totalmente ignorada. Por alguma razão a Namíbia, e muito bem, não autorizou a prática do "Dakar" nos seus desertos. Para não permitir que centenas de carros e milhares de acompanhantes, que rodeiam este circo, não dêem cabo das dunas vermelhas, já consideradas património natural da humanidade. Se querem fazer o "Rally", que vão para a tundra russa ou para o Canadá. Espaço de sobra!
Também não é de descartar a hipótese de interesses (chauvinistas) franceses no cancelamento da prova. Eles é que a organizam e patrocinam. O argumento terrorista não é novo (sempre existiu) e de qualquer forma é sempre uma cedência. Também não é assim que os combatemos (os terroristas).