A Standard & Poor’s (que raio de nome para uma agência que lida com questões da alta finança...) acaba de baixar ainda mais a classificação da dívida grega e portuguesa. O NYT fala num "receio de que a crise da dívida pública na Europa tenha entrado numa espiral de descontrolo."
O NYT dizia noutro ponto que este abaixamento do rating da Grécia e de Portugal "chega no fim de outro dia mau para a zona euro." Um cenário que vai sendo montado a pouco e pouco para justificar as reacções dos "mercados" que todos parecem obedientemente esperar.
Mesmo que não estivesse numa "espiral de descontrolo", instituições criminosas com a S&P velam para que isso aconteça e assim, quem está em dificuldades, vê as dificuldades aumentar porque o dinheiro fica mais caro. São coisas que os "pensadores" da economia do século XXI e instituições como a S&P hão-de ter de me explicar: como é que a solução para as dificuldades de uma economia é aumentar-lhe as dificuldades...? E, como é que é possível justificar e aceitar que os "mercados" destruam... o mercado?
Enquanto isso, o governo alemão continua a "brincar com o fogo," como refere Isabel Arriaga e Cunha no Público de hoje. Numa manifestação de senso de humor como não se lhe via desde a década de 40 do século passado, o governo alemão parece estar a fazer depender a sua resposta ao problema que a zona euro enfrenta da sua estratégia para umas eleições internas, enquanto, inexplicavelmente, vem protelando ou boicotando a tomada de medidas para uma "maior vigilância da situação económica e orçamental dos membros do euro," como refere ainda Isabel Arriaga e Cunha.
Os "mercados" aproveitam para actuar e vão tratando de escaqueirar o euro. É bem feita! Mas, o que é que a Alemanha ganha com tudo isto?!
3 comentários:
Boa pergunta, mas provavelmente a Alemanha (que também está em crise de crescimento económico e que é o maior contribuinte líquido para os cofres da UE) não está mais interessada em manter economias débeis no Euro. No fundo, o Euro foi uma criação dos alemães, que já detinham uma moeda forte (o Marco) e queriam uma moeda europeia para concorrer com o dólar. Que países com economias débeis e sem estarem preparados para entrarem no Euro (caso de Portugal) o tenham feito, não é culpa dos alemães...quem não têm dinheiro não tem vícios, deve ter pensado a Merkel. Portanto, se a Grécia ou Portugal caírem, passamos a ter uma Europa a duas velocidades o que, na prática, já existe: países do Norte versus países do Sul.
O problema é se o Euro implode. Mas isso é o que os americanos, há muito, desejam.
Uma coisa parece certa: a espiral é agora descendente e ninguém parece saber como vamos acabar...
Ouvi agora nas notícias que o presidente do Conselho Europeu Van Rompuy tenciona convocar uma reunião de líderes europeus sobre a atribuição de ajuda à Grécia para 10 de Maio, ou seja o dia DEPOIS das eleições regionais na Alemanha!
É o gado eleitoral a ser tratado como gado mesmo!
Quem acredita assim na Europa ou em eleições em geral!?
É de facto triste que os proprios mentores do projecto europeu não percebam a importância de levar até às últimas consequências o próprio projecto que criaram...
Falamos de Portugal e das suas debilidades, mas estamos muitíssimo bem acompanhados nesta visionária falta de visão!
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