Um "contexto de contenção orçamental e de redução da despesa pública" foi a justificação arranjada pelo Ministério da Educação para congelar as verbas atribuídas ao ensino da música, no âmbito do chamado ensino artístico.
Trata-se de uma manobra feia, feita, como alguém me apontou, assim, pela calada do verão, que apanha toda a gente de surpresa e em contraciclo daquilo que tinha sido a orientação do ME. Nesta onda de disparar em todas as direcções e atacar os mais vulneráveis, os ataques também chegam à pobre da música que fica assim mais pobre ainda...
A medida é tomada numa altura que não permite às escolas honrar compromissos assumidos em tempo oportuno, prejudicando essas escolas, os seus professores e alunos. E suspeito que, no caso dos professores, os mais prejudicados serão justamente os jovens licenciados que buscam uma oportunidade de se "inserir no mercado de trabalho", justamente aqueles por quem os responsáveis vertem lágrimas cínicas a toda a hora e que dizem querer proteger. E vamos ver como se resolve o problema dos alunos já matriculados, que agora ficam de fora por falta de verba...
É significativo que esta medida seja tomada pelo Ministério da Educação numa altura em que uma, digamos, escritora detém a pasta, e em que temos como Ministra da Cultura, digamos, uma pianista. Diz bem do peso que elas, a educação e a cultura terão no Conselho de Ministros e diz bem do peso que para estas ministras tem o ensino artístico. Cultura e ensino, são, como fica amplamente demonstrado para quem ainda tinha dúvidas, conceitos descartáveis.
Não pode esta medida deixar de suscitar a todos nós o mais vivo repúdio!
2 comentários:
Mais um passo para a desertificação cultural en curso. Uma vergonha, esta classe política, uma casta de ignorantes sem vergonha. Pior, de tanto estar agarrados ao tacho, prostituem-se diariamente em troca de um efémero estatuto social.
E aquela da metralhadora portuguesa vendida aos EUA pelo Paulo Portas (who else?) por 40.000 euros? Está explicada a condecoração dada pelo Rumsfeld.
Tanto que o Portas se estava a forçar leva esta rajada de metralhadora para lhe estragar os planos de ser lider da direita portuguesa. Ele até estava a ter sucesso com esta estratégia bizarra de se afirmar como lider de direita usando um discurso de esquerda, mas o diabo da metralhadora deu-lhe cabo do negócio...
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