2011/08/15

Silly Season

Com o país a banhos, e na melhor tradição envergonhada dos políticos portugueses (que esperam sempre pelo Verão para anunciar medidas gravosas para a população) voltámos ao tempo das "não-notícias". Há quem lhe chame "silly season" (estação parva) por falta de matéria noticiosa, mas a realidade não dá descanso aos optimistas. Por mais que o primeiro-ministro repita no Pontal (o ponto alto da parvoíce partidária) que o governo está a reduzir o "estado gordo", a verdade é que não se vêem "cortes", mas apenas aumentos: no imposto sobre o 13º mês, no preço dos transportes, no gás e na electricidade, na saúde e na educação. Ou seja, nos bens de consumo essenciais e que mais directamente afectam os consumidores. O governo, como de resto todos os anteriores, tenta aumentar as receitas através dos impostos (sempre a maneira mais fácil) e não reduz as despesas (entre outras, do tal aparelho do estado que não se cansa de apelidar de "gordo"). Pior, nomeia para a direcção do banco do estado (CGD) os "boys" do costume, a ganharem ordenados ofensivos para a maioria dos trabalhadores deste país, enquanto o conselho de estado é literalmente invadido por ex-secretários gerais do PSD e o inenarrável Lopes é convidado para dirigir a Misericórdia de Lisboa...
Não contente com o desvario liberal que anuncia privatizações a eito (EDP, PT, Galp, Brisa, RTP) proclama que não vai ficar por aqui: quer ir mais além do que as medidas exigidas pela Troika (!?), única forma de sairmos do ciclo de recessão em que nos encontramos...
Dado que não se vêem quaisquer medidas de fundo que contrariem esta recessão (que é real) e muito menos uma estratégia de crescimento económico que possibilite a tal recuperação, pergunta-se como é que a economia portuguesa pode crescer se não há programa de emprego que o permita?
Não por acaso, depois de ter anunciado todas estas medidas, Coelho apelou à calma e à conciliação nacional, certamente temendo uma revolta genuina de todos aqueles que diariamente são alvo desta colossal idiotice. O homem é parvo e quer fazer de nós parvos.



1 comentário:

Carlos A. Augusto disse...

Tão pouco tempo de exercício e este governo já conseguiu bater todos os recordes de contradições e aldrabices. A esta velocidade, não sei se chega sequer ao fim da silly season...