A poucas horas do "mata-mata", poucas ilusões restam sobre o futuro da selecção portuguesa, nesta edição do Campeonato do Mundo de Futebol. Amanhã, por esta hora, estará a fazer as malas para regressar a Portugal o que, independentemente da exibição de hoje, será o epílogo lógico de uma participação sem brilho e força anímica, outra designação amável para a chamada falta de atitude.
Depois do apuramento na fase de qualificação, conquistado graças a um super motivado São Cristiano, os responsáveis embandeiraram em arco, convencidos que a exibição de Estocolmo era a regra e não a excepção. A FIFA ajudou nesta ilusão, ao classificar-nos (vá lá saber-se porquê) em 4º lugar no "ranking" mundial de selecções e, a partir desse momento, toda a gente pensou que poderíamos ser a surpresa do torneio e - calculem só! - até ganharmos no Brasil.
Daí para cá, e já lá vão uns meses largos, assistimos a um acumular de sinais que pronunciavam a borrasca: desde jogadores (considerados titulares da selecção), que praticamente não jogavam nos seus clubes devido a má forma; passando por outros, afastados por castigo ou pré-eliminados pelo seleccionador; até às épocas longas e desgastantes nos principais clubes, tudo contribuiu para que o lote de escolha fosse reduzido. Junte-se a digressão preparatória pelos Estados Unidos (que mais interesse parece não ter tido do que cumprir contractos comerciais) e a escolha de um lugar de estágio, distante milhares de quilómetros dos estádios onde ia competir, para perceber que, dificilmente, nestas condições logísticas e climatéricas, a selecção poderia ter um bom desempenho.
Não por acaso, as limitações físicas desta equipa, apareceram logo no primeiro jogo com as lesões de três dos seus titulares. Junte-se a estes, o afastamento de um quarto elemento por expulsão e as duas posteriores lesões no segundo jogo, para perceber que, com metade dos titulares lesionados, dificilmente uma selecção, sem "segundas linhas", poderia resistir. Com o "melhor jogador do Mundo" em sub-rendimento e um treinador teimoso, que não abdica dos seus fiéis, estavam reunidas as condições ideais para a "tempestade perfeita". Tudo o que devia correr mal, correu pior e, como é habitual nestas ocasiões, a lei de Murphy também não falhou.
Num país desmotivado por uma crise estrutural, e onde as perspectivas de melhores dias não passam da "fata morgana" permanentemente adiada, esta equipa nacional é bem o símbolo do período histórico que atravessamos. Porque tudo muda, e pior do que estamos é quase impossível, só nos resta confiar que, daqui para diante, consigamos melhorar. Com um bocado de inspiração e sorte, talvez comece já esta tarde, quem sabe?...
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