Foram dados a conhecer recentemente dois anuários que analisam duas importantes instituições portuguesas: o futebol profissional e as câmaras municipais.
O Anuário das Finanças do Futebol Profissional 2005-2006, de autoria da Deloitte, diz preto no branco que o futebol é um actividade deficitária, em crescente queda, com um nível de endividamento excessivo, falta de capitais próprios e uma diminuição de receitas. Estas são as conclusões a que a Deloitte chega relativamente ao futebol. Endividamento excessivo, défice subavaliado, incapacidade de cumprimento das obrigações perante os fornecedores e dependência excessiva do estado central são algumas das conclusões a que chega o último Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses, referente a 2005.
E, no entanto, o futebol é uma actividade com um invulgar peso económico relativo, quando é tida em conta a população e o PIB. No caso das câmaras municipais sabemos que a dívida não ultrapassa 25% do activo. O que quer dizer que as câmaras são viáveis. Em Lisboa, por exemplo, temos ouvido com frequência este mesmo argumento para justificar a possibilidade de governar a CML apesar do défice absolutamente obsceno.
O futebol é viável mas é deficitário, as câmaras são viáveis, mas deficitárias são. Ambas as instituição são altamente deficitárias e muitas estão falidas.
Já há muito que diversas figuras vêm chamando a atenção para as ligações perigosas entre o futebol e as autarquias. Ora aqui está matéria adicional que parece dar ainda mais força a esta opinião. Tanto as autarquias como o futebol são universos fechados, expostos directamente ao escrutínio dos seus "súbditos", sem grandes mediações, nem controlo externo significativo. Ambas são pasto fácil para o mais desbragado populismo e oportunismo. E ambas são encaradas como ferramenta para os maiores desmandos, onde vale literalmente tudo. Aí poderá residir mesmo a essência da perigosidade desta ligação entre as autarquias e o futebol. Só falta conhecer o anuário da indústria de construção civil...
Défice e falência são as palavras dominantes dos anuários referidos. Mas, nada disto deixará, estou certo, envergonhados os responsáveis pelos clubes ou pelas autarquias (alguns até acumulam...) que deixaram chegar a situação das instituições que dirigiram ou dirigem a este estado. E também não parece deixar-nos, a nós todos, à generalidade dos cidadãos, envergonhados. Os deuses do futebol continuam a ser venerados e os sacerdotes do santo município continuam a receber o dízimo.
Ou é o contrário?
2007/06/27
2007/06/26
Ventriloquismo
Olhamos para as sucessivas histórias, historinhas e historietas em que o senhor Berardo tem estado envolvido nestes tempos mais recentes, ouvimos a sua linguagem, a substância de todos esses episódios e assalta-nos a dúvida se não estamos perante o número do ventríloquo.
Será difícil a qualquer português ter uma opinião positiva sobre Alberto João Jardim. O seu comportamento pessoal e político é conhecido. Ele faz tudo para mostrar que não passa de um mau comediante. Creio que ninguém porá isso em dúvida e que o desiderato do senhor Jardim foi plenamente atingido. Aqui há anos o senhor Jardim imaginou com arrojo que poderia colocar termo à sua carreira insular e atacar o continente. Ouvimo-lo ameaçar com uma candidatura a um lugar político de expressão nacional, mas o senhor Jardim deve ter compreendido rapidamente que o melhor era ficar-se pela ameaça. A ideia deve, contudo, ter ficado a germinar na sua cabeça...
Somos agora brindados com a presença persistente deste conterrâneo de Jardim. Mostra em muitos aspectos do seu comportamento a sua raíz e, nesse seu comportamento, uma estranha similitude com o responsável máximo da Madeira.
O que fará então correr assim o senhor Berardo? Será delegação de competências?
Uma coisa é certa: esta flor saída do jardim do senhor Jardim não é, tal como ele, flor que se cheire.
Será difícil a qualquer português ter uma opinião positiva sobre Alberto João Jardim. O seu comportamento pessoal e político é conhecido. Ele faz tudo para mostrar que não passa de um mau comediante. Creio que ninguém porá isso em dúvida e que o desiderato do senhor Jardim foi plenamente atingido. Aqui há anos o senhor Jardim imaginou com arrojo que poderia colocar termo à sua carreira insular e atacar o continente. Ouvimo-lo ameaçar com uma candidatura a um lugar político de expressão nacional, mas o senhor Jardim deve ter compreendido rapidamente que o melhor era ficar-se pela ameaça. A ideia deve, contudo, ter ficado a germinar na sua cabeça...
Somos agora brindados com a presença persistente deste conterrâneo de Jardim. Mostra em muitos aspectos do seu comportamento a sua raíz e, nesse seu comportamento, uma estranha similitude com o responsável máximo da Madeira.
O que fará então correr assim o senhor Berardo? Será delegação de competências?
Uma coisa é certa: esta flor saída do jardim do senhor Jardim não é, tal como ele, flor que se cheire.
2007/06/25
Arte "Pop"
"Foi um mau negócio. Não é preciso ser universitário para perceber que o valor da colecção é maior daqui a dois anos. Estou nisto pela cultura".
Joe Berardo, comendador
Joe Berardo, comendador
2007/06/24
"Entre Cila e Caríbdis"
Uma crónica de hoje de António Barreto no Público suscita-me algumas reflexões. Devo, desde logo, confessar que concordo, em traços gerais, com a sua substância. Quatro quintos da sua crónica dedica-os Barreto a zurzir no governo por causa da sua alegada "tentativa visível e crescente de tomar conta, orientar e vigiar." Governo que, acrescenta Barreto, "quer saber tudo sobre todos. Quer controlar."
Na origem de tudo isto está uma mal disfarçada necessidade de afirmação de autoridade que se exerce recorrendo a métodos criticáveis.
Numa rápida enumeração destes métodos Barreto cita a lei das chefias da administração pública, o bilhete de identidade "quase único", a criação de um órgão de coordenação das polícias, debaixo do controlo directo do primeiro-ministro, a revisão e reforma do estatuto do jornalista e da Entidade Reguladora para a Comunicação, a lista pública dos nomes de parte dos incumpridores fiscais, o apelo à delação de funcionários, a criação de um ficheiro dos funcionários públicos "com cruzamento de todas as informações relativas a esses cidadãos, incluindo pormenores da vida privada dos próprios e dos seus filhos," e, finalmente, o processo movido por Sócrates contra um bloguista que, há anos, levantou a questão dos "diplomas" universitários do primeiro-ministro. Acrescentaria eu a esta lista a famosa base de dados de ADN, que ainda vai dar que falar...
No quinto final da sua crónica Barreto chama, justamente, a atenção para o facto de praticamente toda a imprensa ter dado enorme destaque à acusação, feita ao "professor de Sócrates," de corrupção e branqueamento de capitais, no caso da construção de uma estação de tratamento de lixo na Cova da Beira. Barreto faz muito justamente notar que "quando as redacções dos jornais não resistem à demagogia velhaca e sensacionalista, quase dão razão a quem pretende colocá-las sob tutela..."
O que nesta crónica, quase sem mácula, se poderia criticar é a proporção na distribuição dos alvos. Sejamos justos: os jornais merecem, pelo menos, tanta crítica quanto o governo. As malfeitorias e os malefícios da actividade de uns e de outros equivalem-se.
Terão passado despercebidas as palavras recentes de Noronha da Costa. Disse o Presidente do STJ que "na verdade, o mercado do lucro colocou a comunicação social entre Cila e Caríbdis, o que nos reconduz à ideia de que a ética bem pouco importa, quando importa garantir a sobrevivência que só o lucro concede."
Quem controla o quê, para quê e em nome de quem, afinal?
Na origem de tudo isto está uma mal disfarçada necessidade de afirmação de autoridade que se exerce recorrendo a métodos criticáveis.
Numa rápida enumeração destes métodos Barreto cita a lei das chefias da administração pública, o bilhete de identidade "quase único", a criação de um órgão de coordenação das polícias, debaixo do controlo directo do primeiro-ministro, a revisão e reforma do estatuto do jornalista e da Entidade Reguladora para a Comunicação, a lista pública dos nomes de parte dos incumpridores fiscais, o apelo à delação de funcionários, a criação de um ficheiro dos funcionários públicos "com cruzamento de todas as informações relativas a esses cidadãos, incluindo pormenores da vida privada dos próprios e dos seus filhos," e, finalmente, o processo movido por Sócrates contra um bloguista que, há anos, levantou a questão dos "diplomas" universitários do primeiro-ministro. Acrescentaria eu a esta lista a famosa base de dados de ADN, que ainda vai dar que falar...
No quinto final da sua crónica Barreto chama, justamente, a atenção para o facto de praticamente toda a imprensa ter dado enorme destaque à acusação, feita ao "professor de Sócrates," de corrupção e branqueamento de capitais, no caso da construção de uma estação de tratamento de lixo na Cova da Beira. Barreto faz muito justamente notar que "quando as redacções dos jornais não resistem à demagogia velhaca e sensacionalista, quase dão razão a quem pretende colocá-las sob tutela..."
O que nesta crónica, quase sem mácula, se poderia criticar é a proporção na distribuição dos alvos. Sejamos justos: os jornais merecem, pelo menos, tanta crítica quanto o governo. As malfeitorias e os malefícios da actividade de uns e de outros equivalem-se.
Terão passado despercebidas as palavras recentes de Noronha da Costa. Disse o Presidente do STJ que "na verdade, o mercado do lucro colocou a comunicação social entre Cila e Caríbdis, o que nos reconduz à ideia de que a ética bem pouco importa, quando importa garantir a sobrevivência que só o lucro concede."
Quem controla o quê, para quê e em nome de quem, afinal?
2007/06/23
A raiz quadrada da Polónia
As declarações do PM da Polónia Jaroslaw Kaczynski, no âmbito da recente cimeira da UE, não podem deixar de chocar. Disse o senhor Kaczynski que "se a Polónia não tivesse tido que viver a época de 1939-45, teríamos hoje um país com uma população de 66 milhões." Não contente com isto, remata ainda perante os anfitriões alemães, que foram estes "que inflingiram golpes inimagináveis e causaram uma terrível dor à Polónia."
Chocam estas declarações, desde logo, pela sua total arbitrariedade, pelo tom revanchista e pela extemporaneidade.
Chocam também pela falta de rigor científico e pela falta de rigor político. Vinda do responsável político de um país que se pretende civilizado, esta falta de rigor assusta.
Alguém deveria ter explicado ao senhor Kaczynski que os tempos são outros, que ninguém obrigou a Polónia a entrar para a UE e que quem ouve uma declaração destas não pode deixar de se sentir intranquilo. Por temer que a população da Polónia atinja os 66 milhões e que com a ajuda da tal raiz quadrada fique alguma vez em posição de, democraticamente, ter qualquer influência decisiva numa votação.
De quem é que este Kaczynski será afinal gémeo?
Chocam estas declarações, desde logo, pela sua total arbitrariedade, pelo tom revanchista e pela extemporaneidade.
Chocam também pela falta de rigor científico e pela falta de rigor político. Vinda do responsável político de um país que se pretende civilizado, esta falta de rigor assusta.
Alguém deveria ter explicado ao senhor Kaczynski que os tempos são outros, que ninguém obrigou a Polónia a entrar para a UE e que quem ouve uma declaração destas não pode deixar de se sentir intranquilo. Por temer que a população da Polónia atinja os 66 milhões e que com a ajuda da tal raiz quadrada fique alguma vez em posição de, democraticamente, ter qualquer influência decisiva numa votação.
De quem é que este Kaczynski será afinal gémeo?
TV Cabo
Corre por aí, já há tempo, um anúncio da TV Cabo sobre equipamentos considerados ilegais. O tom do anúncio é sinistro, a conversa ameaçadora, a metáfora patética. Por mim, nunca utilizaria um serviço ilegal, nem defenderia em nenhuma circunstância essa utilização. Mas, tenho consciência de que, como cidadãos, e face aos abusos de que somos frequentemente vítimas, não dispomos das mesmas armas dissuasoras, nem da mesma força ameaçadora.
Estou em crer que George Orwell tinha em mente um efeito qualquer deste tipo quando imaginou o seu 1984 e concebeu o seu Big Brother.
O paleio utilizado neste triste "anúncio" deixa-me profundamente incomodado. Como sou cliente, sou eu quem paga, como não gosto de ameaças, nem gosto de ser vigiado, mesmo que seja de forma metafórica, vou mudar de fornecedor.
Estou em crer que George Orwell tinha em mente um efeito qualquer deste tipo quando imaginou o seu 1984 e concebeu o seu Big Brother.
O paleio utilizado neste triste "anúncio" deixa-me profundamente incomodado. Como sou cliente, sou eu quem paga, como não gosto de ameaças, nem gosto de ser vigiado, mesmo que seja de forma metafórica, vou mudar de fornecedor.
2007/06/21
Estudos, precisam-se!
Dado que já há dois estudos (OTA e Alcochete) e vem aí um terceiro (Portela+1), tudo indica que a opção para a localização do aeroporto está, de novo, em aberto.
Sugiro mesmo, abrir concurso para recolher o máximo de estudos, criar um observatório especializado para estudar os estudos e esquecermos, por agora, o aeroporto. Tudo isto, de acordo com o lema: "enquanto houver locais por estudar, o aeroporto, pode esperar!".
Sugiro mesmo, abrir concurso para recolher o máximo de estudos, criar um observatório especializado para estudar os estudos e esquecermos, por agora, o aeroporto. Tudo isto, de acordo com o lema: "enquanto houver locais por estudar, o aeroporto, pode esperar!".
Ainda os orfãos do Iraque
Há tempos falei de uma reportagem sobre os orfãos do Iraque. Está aqui se a quiserem reler. O assunto volta agora à baila. Soldados americanos terão descoberto crianças num orfanato em Bagdad, atadas às camas, em estado de subnutrição e praticamente inanimadas.
Digo que os soldados terão descoberto estas crianças porque, nestes tempos de animação digital, a gente nunca sabe se estas coisas são ou não verdadeiras... Mas, enfim, pelo que nos é dado ver, as imagens parecem totalmente chocantes.
Os soldados americanos, quais anjos libertadores, iam convenientemente acompanhados por operadores de câmara e apresssaram-se a vender as imagens captadas às televisões para alimentar os telejornais.
No meio de tudo isto já ninguém se lembra de apontar quem são afinal os responsáveis pela existência destes orfãos do Iraque. Atadas assim às suas camas, subnutridas, praticamente mortas, ou a cantar para animar os companheiros de infortúnio, como se via na outra reportagem, estas crianças parecem dar um jeitão.
Não deveria ser necessário passar este tipo de reportagens duas vezes...
Digo que os soldados terão descoberto estas crianças porque, nestes tempos de animação digital, a gente nunca sabe se estas coisas são ou não verdadeiras... Mas, enfim, pelo que nos é dado ver, as imagens parecem totalmente chocantes.
Os soldados americanos, quais anjos libertadores, iam convenientemente acompanhados por operadores de câmara e apresssaram-se a vender as imagens captadas às televisões para alimentar os telejornais.
No meio de tudo isto já ninguém se lembra de apontar quem são afinal os responsáveis pela existência destes orfãos do Iraque. Atadas assim às suas camas, subnutridas, praticamente mortas, ou a cantar para animar os companheiros de infortúnio, como se via na outra reportagem, estas crianças parecem dar um jeitão.
Não deveria ser necessário passar este tipo de reportagens duas vezes...
2007/06/19
Estudo revela existência de alternativa a novo aeroporto
O Face Oculta revela em exclusivo um novo estudo levado a cabo pela Associação Portuguesa de Condutores que Guiam Sob o Efeito do Álcool e Profissionais da Hotelaria de Curta Duração e Similares das Ilhas (APCGSEAPHCDSI). "Uma nova luz sobre o tema do novo aeroporto," eis como alguém, bem colocado, mas que não quer compreensivelmente revelar a sua identidade, o classificou.
O estudo, levado a cabo por "entidades de reconhecida competência, que usam máscara de Zorro enquanto mastigam pastilha elástica", os chamados ERCUMZEMPEs, como nos adiantou ainda a nossa fonte anónima, foi realizado durante um fim de semana recente. Inteiro! Começam os seus imperscrutáveis autores por recordar a chamada alternativa X+P log(2017)2=0. Sobre isto a opinião dos especialistas é unânime: esta alternativa é dificilmente exequível. No entender dos ERCUMZEMPEs deve então prevalecer a chamada alternativa uHeCT-CP (Um helicóptero no terraço de cada português). Esta alternativa, que alguns membros do APCGSEAPHCDSI vinham defendendo, se bem que outros a viessem atacando, constitui segundo os seus proponentes a que melhor serve os interesses do País e o seu posicionamento estratégico. Ou não...
Interrogado pelo Face Oculta sobre a vitória da alternativa X+P log(2017)2=0 o engenheiro Simões, disse que não sabia que o País tinha interesses e um posicionamento estratégico porque tem andado a conduzir muito ultimamente, mas que admite que sim, e por isso votou a favor. Ou contra, já não se lembrava bem... Já o doutor Nelson, também ele membro da APCGSEAPHCDSI, director executivo da secção de Hotelaria da referida Associação, disse não ter acordado a tempo de assistir à discussão sobre as diversas opções em apreciação, mas que confiava plenamente nos seus colegas, que ia marchar sobre Lisboa se fosse necessário e que eu o desculpasse, mas tinha de ir ali ao Hotel.
Entidades do "Lóbi" já estão na AR a tentar promover um novo modelo de uma conhecida marca de helicópteros, o Joe B. Neste modelo os hélices não têm pás, aliás, o helicóptero nem tem hélices, nem aquilo é bem um helicóptero.
O estudo, levado a cabo por "entidades de reconhecida competência, que usam máscara de Zorro enquanto mastigam pastilha elástica", os chamados ERCUMZEMPEs, como nos adiantou ainda a nossa fonte anónima, foi realizado durante um fim de semana recente. Inteiro! Começam os seus imperscrutáveis autores por recordar a chamada alternativa X+P log(2017)2=0. Sobre isto a opinião dos especialistas é unânime: esta alternativa é dificilmente exequível. No entender dos ERCUMZEMPEs deve então prevalecer a chamada alternativa uHeCT-CP (Um helicóptero no terraço de cada português). Esta alternativa, que alguns membros do APCGSEAPHCDSI vinham defendendo, se bem que outros a viessem atacando, constitui segundo os seus proponentes a que melhor serve os interesses do País e o seu posicionamento estratégico. Ou não...
Interrogado pelo Face Oculta sobre a vitória da alternativa X+P log(2017)2=0 o engenheiro Simões, disse que não sabia que o País tinha interesses e um posicionamento estratégico porque tem andado a conduzir muito ultimamente, mas que admite que sim, e por isso votou a favor. Ou contra, já não se lembrava bem... Já o doutor Nelson, também ele membro da APCGSEAPHCDSI, director executivo da secção de Hotelaria da referida Associação, disse não ter acordado a tempo de assistir à discussão sobre as diversas opções em apreciação, mas que confiava plenamente nos seus colegas, que ia marchar sobre Lisboa se fosse necessário e que eu o desculpasse, mas tinha de ir ali ao Hotel.
Entidades do "Lóbi" já estão na AR a tentar promover um novo modelo de uma conhecida marca de helicópteros, o Joe B. Neste modelo os hélices não têm pás, aliás, o helicóptero nem tem hélices, nem aquilo é bem um helicóptero.
2007/06/17
Mário Lino tinha razão!
Olhando, de facto, para o que se vai passando por aí, olhando os Apitos, os donativos feitos pelo Jacinto Capelo, o Berardo opado, o Charrua, o presidente-sacerdote e a DREN, a CML e o Inglês Técnico do senhor primeiro ministro (lembram-se? Se calhar já não se lembram...) percebemos, finalmente, o verdadeiro alcance deste conceito, a desertificação, e a justeza do alerta da AEE: "a desertificação é, um processo de degradação da terra induzido parcialmente pela actividade humana, [que] põe em risco a saúde e o bem-estar de (...) milhões de pessoas."
É que não é só a margem sul! Afinal é o país todo que se transformou num deserto! A apreciação do ministro Mário Lino parece, pois, pecar apenas por defeito.
E somos levados a concluir que não se trata sequer de um problema do domínio da física. Eu, por mim, sugiro que a AEE e a UNCCD juntem à equipa multidisciplinar que trabalha no projecto Desert Watch especialistas em saúde mental para observar o caso português...
Lady Chaterley

Candura à medida do ambiente muito verde em que a relação, sexual primeiro e amorosa depois, se desenvolve.
Procurei em ti algo que me fazia falta, arriscando-me a que não corresse bem. Penso muito sobre se faço ou não bem em arriscar, dado que posso comprometer uma vida conjugal harmoniosa e gratificante em muitos domínios. Sei que o fiz por vontade de manter alguma juventude e capacidade de transgressão. Ou, quem sabe, por vontade de reaver uma juventude que eu já dava por perdida. Tenho pena de não ter podido dar a adequada sequência ao teu desejo, explícito de um modo tão frontal quanto corajoso; o qual foi uma das coisas que me deu vontade de avançar. Isso e o teu corpo, cheirando às folhas das árvores e a homem, que, pensei, me havia de satisfazer. Não posso deixar de voltar. Porque quero também eu sentir o prazer de que ando arredada e me faz falta.
(Tentando ler os pensamentos de Lady Chaterley).
2007/06/15
O Comendador
Uma das notícias mais badaladas deste fim-de-semana é, certamente, o anúncio da OPA sobre as Acções do clube Benfica. O facto em si, numa SAD desportiva cotada em Bolsa, pode não ter nada de anormal. O insólito é uma pessoa como Berardo interessar-se por estas coisas do futebol. Ficámos assim, a saber, que ele também é "benfiquista".
Para quem tem acompanhado o percurso do comendador Berardo, desde os tempos da afamada colecção de "Pop Art" entretanto vendida ao estado português em regime de "comodato", passando pela herdade da Bacalhoa dos protegidos laranjais transformados em vinhas, até ao Parque de Estátuas Chinesas no Ribatejo, já nada nos espanta.
Berardo, um "selfmade man", esteve também como accionista menor na famigerada assembleia da OPA sobre a PT e, mais recentemente, envolvido na tentativa da OPA do BCP. Hoje mesmo, soube-se que ele é um dos contribuintes líquidos para o estudo do novo aeroporto em Alcochete, encomendado pela CIP. Um português e peras.
Não será pois de admirar, que Luís Filipe Vieira, presidente do SLB, venha a aceitar tão generosa oferta. Que raio, sempre são 30% a mais em cada Acção e ofertas destas não surgem todos os dias. E, depois, como resistir ao carisma do filantropo?
Marlon Brando, num filme que ficou célebre, não diria melhor: "Quero fazer-lhe uma proposta que não pode recusar..."
Para quem tem acompanhado o percurso do comendador Berardo, desde os tempos da afamada colecção de "Pop Art" entretanto vendida ao estado português em regime de "comodato", passando pela herdade da Bacalhoa dos protegidos laranjais transformados em vinhas, até ao Parque de Estátuas Chinesas no Ribatejo, já nada nos espanta.
Berardo, um "selfmade man", esteve também como accionista menor na famigerada assembleia da OPA sobre a PT e, mais recentemente, envolvido na tentativa da OPA do BCP. Hoje mesmo, soube-se que ele é um dos contribuintes líquidos para o estudo do novo aeroporto em Alcochete, encomendado pela CIP. Um português e peras.
Não será pois de admirar, que Luís Filipe Vieira, presidente do SLB, venha a aceitar tão generosa oferta. Que raio, sempre são 30% a mais em cada Acção e ofertas destas não surgem todos os dias. E, depois, como resistir ao carisma do filantropo?
Marlon Brando, num filme que ficou célebre, não diria melhor: "Quero fazer-lhe uma proposta que não pode recusar..."
2007/06/12
Assim se vê a força da ANMP!
Ora aí está: segundo o Público, "A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) vai processar o fiscalista Saldanha Sanches por "declarações caluniosas" sobre as relações entre o poder local e o Ministério Público."
Eu se fosse a ANMP ou o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público dava o braço a Saldanha Sanches e exigia que os problemas por ele referidos fossem totalmente clarificados até ao último autarca, até ao último agente do MP. Sairia desse processo, certamente, uma nova e desanuviada atmosfera. Os cidadãos deixariam de ter a ideia que têm de tudo isto.
A ANMP, não! Ameaça Saldanha Sanches por este não ter, supostamente, revelado os casos que conhece (por acaso até revelou alguns, mas a ANMP devia ter a tv desligada...). Estamos aqui numa situação semelhante aquela que ocorre no futebol. A sorte dos autarcas é que têm o estádio sempre cheio, senão tinham de vender as Câmaras aos espanhóis...
É isto. Só falta agora o SMMP processar também Saldanha Sanches para completar o ramalhete.
Uma pergunta apenas: afinal existem ou não instituições que têm a obrigação de promover esta investigação e de levar todo este processo até às suas últimas consequências...?
Eu se fosse a ANMP ou o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público dava o braço a Saldanha Sanches e exigia que os problemas por ele referidos fossem totalmente clarificados até ao último autarca, até ao último agente do MP. Sairia desse processo, certamente, uma nova e desanuviada atmosfera. Os cidadãos deixariam de ter a ideia que têm de tudo isto.
A ANMP, não! Ameaça Saldanha Sanches por este não ter, supostamente, revelado os casos que conhece (por acaso até revelou alguns, mas a ANMP devia ter a tv desligada...). Estamos aqui numa situação semelhante aquela que ocorre no futebol. A sorte dos autarcas é que têm o estádio sempre cheio, senão tinham de vender as Câmaras aos espanhóis...
É isto. Só falta agora o SMMP processar também Saldanha Sanches para completar o ramalhete.
Uma pergunta apenas: afinal existem ou não instituições que têm a obrigação de promover esta investigação e de levar todo este processo até às suas últimas consequências...?
Houdini
Sobre o aeroporto parece já estar tudo dito, mas o que poderá mudar é o sítio.
A menos que o governo - pressionado pela opinião pública, pela oposição e pela ingerência do presidente da república - queira mostrar que cede na discussão, para impôr a decisão. Dito de outra forma, agora que as eleições municipais e a presidência portuguesa da UE se aproximam, nada como esvaziar o balão da OTA e sugerir a alternativa de Alcochete. Interrogado pelos jornalistas à saída da discussão plenária, o inefável Lino achou tudo normal. Quando lhe perguntaram se havia recuo na decisão, disse que o governo apenas havia dado mais seis meses de estudo para encontrar a melhor solução. Não perceberam? Eu também não. Como diria o Houdini, após mais um truque de mágica: "et voilá"!
A menos que o governo - pressionado pela opinião pública, pela oposição e pela ingerência do presidente da república - queira mostrar que cede na discussão, para impôr a decisão. Dito de outra forma, agora que as eleições municipais e a presidência portuguesa da UE se aproximam, nada como esvaziar o balão da OTA e sugerir a alternativa de Alcochete. Interrogado pelos jornalistas à saída da discussão plenária, o inefável Lino achou tudo normal. Quando lhe perguntaram se havia recuo na decisão, disse que o governo apenas havia dado mais seis meses de estudo para encontrar a melhor solução. Não perceberam? Eu também não. Como diria o Houdini, após mais um truque de mágica: "et voilá"!
O tempo não nos chega
Regressado a casa estou a tentar entrar no quotidiano. Só para gerir a correspondência gasto imenso tempo. Uma das coisas que os novos processos de comunicação internéticos trouxeram, a par da facilitação dessa mesma comunicação, foi o muito mais tempo que se tem de despender. Só para mandar para o lixo metade dos e-mails, são horas. E eu, que passei anos em que quase não escrevia, agora escrevo todos os dias e não sei se sou mais feliz, porque fico sem tempo para outras coisas.
O sistema em que vivemos molda-nos mais que o que a gente pensa. Cria-nos necessidades a que depois sentimos a necessidade de responder. E àquelas estão sempre associados custos, de tempo mas também de dinheiro; para ter e-mail temos de ter computador, com os gadgets que a este vêm associados (impressora, scanner, ligação à net, etc., etc.), os anti-vírus, as actualizações...
A informação, fácil e em catadupas, que hoje temos, tornou ainda mais frenética a nossa vida; podemos, e queremos, estar a par de tudo, a qualquer hora. O dia está cada vez mais curto; o tempo não nos chega. E este não há ainda maneira de comprá-lo (a não ser vendendo a alma ao diabo, como Fausto ou Dorian Gray).
O sistema em que vivemos molda-nos mais que o que a gente pensa. Cria-nos necessidades a que depois sentimos a necessidade de responder. E àquelas estão sempre associados custos, de tempo mas também de dinheiro; para ter e-mail temos de ter computador, com os gadgets que a este vêm associados (impressora, scanner, ligação à net, etc., etc.), os anti-vírus, as actualizações...
A informação, fácil e em catadupas, que hoje temos, tornou ainda mais frenética a nossa vida; podemos, e queremos, estar a par de tudo, a qualquer hora. O dia está cada vez mais curto; o tempo não nos chega. E este não há ainda maneira de comprá-lo (a não ser vendendo a alma ao diabo, como Fausto ou Dorian Gray).
2007/06/11
Higiene pública
Uma curta nota apenas relativa às várias entrevistas recentes de Saldanha Sanches sobre o tema da corrupção. Não se pode deixar de saudar e dar relevo ao desassombro e à coragem das suas denúncias e à generosidade e oportunidade dos seus comentários.
Há ainda em todas estas entrevistas que tenho lido e ouvido dois outros aspectos que considero também dignos de realce e que, creio, estão interligados. De um lado, Saldanha Sanches chama a atenção, com total naturalidade, para a necessidade das instituições intervirem na sua esfera de competências, mesmo que seja para arquivar os processos. O que não é, de facto, natural, nem aceitável é que as instituições se calem e se demitam de exercer as suas atribuições.
Outra aspecto que, parece-me, deve ser sublinhado é que Saldanha Sanches revela factos e emite opiniões sem medo de ser conotado com esta ou aquela corrente política. Aliás, creio que nenhuma força política, nenhum cidadão, no final, enquanto agente e destinatário da coisa pública, fica de fora das suas acusações, da sua crítica e da sua análise. Na consciência dos Portugueses paira, furtivo, o espectro do oportunismo ou do comodismo na sua conveniente versão da delegação de poderes. E muitos terão, porventura, calado as suas ideias e omitido os seus reparos por obediência, não às suas convicções mais profundas, mas aos grupos mais ou menos organizados, mais ou menos evidentes de que fazem parte, sejam eles quais forem, ou aos seus interesses particulares. Por acção ou por inacção, a corrupção e o laxismo atingem, como ele sublinha, níveis muito profundos da sociedade e estão instalados de forma, dir-se-ia, endémica.
Na minha opinião, é um acto de higiene pública política, merecedor do nosso aplauso, este que Saldanha Sanches vem exercendo com as sua intervenções. Esperemos que seja também um acto eficaz.
Há ainda em todas estas entrevistas que tenho lido e ouvido dois outros aspectos que considero também dignos de realce e que, creio, estão interligados. De um lado, Saldanha Sanches chama a atenção, com total naturalidade, para a necessidade das instituições intervirem na sua esfera de competências, mesmo que seja para arquivar os processos. O que não é, de facto, natural, nem aceitável é que as instituições se calem e se demitam de exercer as suas atribuições.
Outra aspecto que, parece-me, deve ser sublinhado é que Saldanha Sanches revela factos e emite opiniões sem medo de ser conotado com esta ou aquela corrente política. Aliás, creio que nenhuma força política, nenhum cidadão, no final, enquanto agente e destinatário da coisa pública, fica de fora das suas acusações, da sua crítica e da sua análise. Na consciência dos Portugueses paira, furtivo, o espectro do oportunismo ou do comodismo na sua conveniente versão da delegação de poderes. E muitos terão, porventura, calado as suas ideias e omitido os seus reparos por obediência, não às suas convicções mais profundas, mas aos grupos mais ou menos organizados, mais ou menos evidentes de que fazem parte, sejam eles quais forem, ou aos seus interesses particulares. Por acção ou por inacção, a corrupção e o laxismo atingem, como ele sublinha, níveis muito profundos da sociedade e estão instalados de forma, dir-se-ia, endémica.
Na minha opinião, é um acto de higiene pública política, merecedor do nosso aplauso, este que Saldanha Sanches vem exercendo com as sua intervenções. Esperemos que seja também um acto eficaz.
2007/06/10
2007/06/09
Internet e mexerico
Um artigo recente do New York Times aborda a questão da informação divulgada por via electrónica, vis-à-vis os velhos métodos do boato, da coscuvilhice ou do mexerico. Citando um trabalho de Dan Ryan, do Mills College, chamado "Getting the Word Out: Notes on the Social Organization of Notification" o articulista chama a atenção para a quantidade de informação que recebemos diariamente via internet. A maior parte da informação transmitida desta forma, não sendo propriamente irrelevante, não observa as regras implícitas na transmissão da informação de forma tradicional: oportunidade, interesse, cortesia e, sobretudo, a inclusão. Este último ponto é interessante. Nos tempos da coscuvilhice pura e simples, nota o jornalista, a divulgação de uma qualquer informação junto de um grupo que nos é próximo (amigos, colegas, familiares) estabelece desde logo uma hierarquia e uma relação de inclusão ou exclusão desse grupo. Certas informações quando partilhadas assumiam um carácter quase ritualístico ou iniciático. Quem tinha acesso à informação era "nosso" e quem dela era excluído era "deles". O receptor e o transmissor estavam unidos pela criação de uma certa teia de cumplicidades.
Hoje transmitimos toda a espécie de informação a todos, em qualquer altura e em qualquer lugar. Revelamos, sem pudor, tudo a toda a gente. As mensagens de email são frequentemente enviadas sem critério para a nossa "lista de contactos e os blogs funcionam por vezes como um mostruário quase libidinoso de sentimentos que preferíamos não conhecer. Enviamos sms's contendo informação cujo conteúdo pretende distinguir, diferençar ou discriminar, mas fazêmo-lo de forma, chocantemente, "industrial". Muitas vezes essa informação não solicitada revela-se inoportuna e, não raro, causa mesmo graves prejuízos. Há uns tempos um amigo meu teve de aceder ao próprio servidor de correio do seu prestador de serviço de internet como resultado de um problema com a sua caixa de correio electrónico que teve consequências sérias no plano profissional. A sua conta de correio electrónico ficou totalmente bloqueada por causa de um "filme" enviado por alguém de que resultou a perda do seu correio profissional.
O autor deste artigo do NYT nota que "qualquer mensagem contém outra mensagem na forma como é transmitida."
Se assim é, o que estamos quase todos a dizer uns aos outros por via electrónica é que nos estamos nas tintas.
Hoje transmitimos toda a espécie de informação a todos, em qualquer altura e em qualquer lugar. Revelamos, sem pudor, tudo a toda a gente. As mensagens de email são frequentemente enviadas sem critério para a nossa "lista de contactos e os blogs funcionam por vezes como um mostruário quase libidinoso de sentimentos que preferíamos não conhecer. Enviamos sms's contendo informação cujo conteúdo pretende distinguir, diferençar ou discriminar, mas fazêmo-lo de forma, chocantemente, "industrial". Muitas vezes essa informação não solicitada revela-se inoportuna e, não raro, causa mesmo graves prejuízos. Há uns tempos um amigo meu teve de aceder ao próprio servidor de correio do seu prestador de serviço de internet como resultado de um problema com a sua caixa de correio electrónico que teve consequências sérias no plano profissional. A sua conta de correio electrónico ficou totalmente bloqueada por causa de um "filme" enviado por alguém de que resultou a perda do seu correio profissional.
O autor deste artigo do NYT nota que "qualquer mensagem contém outra mensagem na forma como é transmitida."
Se assim é, o que estamos quase todos a dizer uns aos outros por via electrónica é que nos estamos nas tintas.
2007/06/08
fervoroso
Visto e ouvido na televisão: interrogada sobre os motivos que teriam levado o "seriall killer" português (António Costa do seu nome) a cometer tais actos, respondeu uma vizinha: "Eu nunca desconfiei dele. Como podia desconfiar de uma pessoa assim? Era sempre tão simpático, tão amigo de ajudar...além disso era católico, Um católico fervoroso". Adoro o adjectivo. Tão português. Os "seriall killers" anglo-saxónicos são, normalmente, apelidados de "monstros", os francófonos de "perversos", os portugueses são "fervorosos". E católicos, já agora...
2007/06/07
A imigração em Londres
Um dos assuntos dos jornais de Londres nos útimos dias anda à volta do projecto de alguns ministros do actual executivo inglês em fazer uma "revolução de cidadania". A proposta da secretária das comunidades, Ruth Kelly e do ministro da imigração, Liam Byrne mereceu o aplauso do PM indigitado Gordon Brown.
Consiste ela em, no futuro, a cidadania plena vir a depender dum somatório de créditos obtidos a partir do tempo de permanência no país, de investimentos substanciais feitos no Reino Unido, de passar em testes de inglês, de demonstrar conhecimento do Reino Unido, de participar em voluntariado civil e de viver de acordo com a lei. Um sistema de pontos para aquisição da cidadania daria créditos por estes desempenhos, aos quais seriam deduzidos pontos por comportamento anti-social.
A preocupação é, segundo o ministro, «ajudar [os imigrantes] a compreender os valores dos britânicos e o seu modo de vida»; e acrescenta: «precisamos de tornar mais claro que a cidadania não é simplesmente oferecida, mas é alguma coisa que se conquista».
Do lado dos indígenas, e para tornar o programa mais universal, também houve a preocupação de exaltar o orgulho patriótico, propondo-se a distribuição de um dossiê de cidadania a todos os nacionais que atinjam a idade de votar. Por outro lado, lançou-se a ideia de criar um dia nacional do Reino Unido; por mais estranho que pareça os britânicos não têm o equivalente ao 4th of July (dia da independência dos EUA), ou ao 14 Juillet dos franceses (tomada da Bastilha).
O problema reside na consciência que há de que a integração dos imigrantes não é feita da melhor maneira. Tal constatação tornou-se mais clara para os britânicos a partir dos atentados de 7/7; pessoas que pareciam ser cidadãos plenamente integrados revelaram-se bombistas atentando contra a vida dos seus pares.
Ora a paranóia nunca é boa conselheira. Este caso é mais um em que os políticos são tentados a resolver os problemas por decreto. Em vez de trabalhar as condições de recebimento e integração, dificulta-se o ingresso através de processos que, na tentativa de serem "objectivos", acabam por, objectivamente, dificultar a integração dos imigrantes.
Receio bem que, em vez de integrar, os bifes venham, caso esta proposta passe, a criar ainda mais hostilidade entre os imigrantes. A somar à que já existe, sobretudo após a desastrada tentativa de impor a democracia no Iraque pela força das armas.
Consiste ela em, no futuro, a cidadania plena vir a depender dum somatório de créditos obtidos a partir do tempo de permanência no país, de investimentos substanciais feitos no Reino Unido, de passar em testes de inglês, de demonstrar conhecimento do Reino Unido, de participar em voluntariado civil e de viver de acordo com a lei. Um sistema de pontos para aquisição da cidadania daria créditos por estes desempenhos, aos quais seriam deduzidos pontos por comportamento anti-social.
A preocupação é, segundo o ministro, «ajudar [os imigrantes] a compreender os valores dos britânicos e o seu modo de vida»; e acrescenta: «precisamos de tornar mais claro que a cidadania não é simplesmente oferecida, mas é alguma coisa que se conquista».
Do lado dos indígenas, e para tornar o programa mais universal, também houve a preocupação de exaltar o orgulho patriótico, propondo-se a distribuição de um dossiê de cidadania a todos os nacionais que atinjam a idade de votar. Por outro lado, lançou-se a ideia de criar um dia nacional do Reino Unido; por mais estranho que pareça os britânicos não têm o equivalente ao 4th of July (dia da independência dos EUA), ou ao 14 Juillet dos franceses (tomada da Bastilha).
O problema reside na consciência que há de que a integração dos imigrantes não é feita da melhor maneira. Tal constatação tornou-se mais clara para os britânicos a partir dos atentados de 7/7; pessoas que pareciam ser cidadãos plenamente integrados revelaram-se bombistas atentando contra a vida dos seus pares.
Ora a paranóia nunca é boa conselheira. Este caso é mais um em que os políticos são tentados a resolver os problemas por decreto. Em vez de trabalhar as condições de recebimento e integração, dificulta-se o ingresso através de processos que, na tentativa de serem "objectivos", acabam por, objectivamente, dificultar a integração dos imigrantes.
Receio bem que, em vez de integrar, os bifes venham, caso esta proposta passe, a criar ainda mais hostilidade entre os imigrantes. A somar à que já existe, sobretudo após a desastrada tentativa de impor a democracia no Iraque pela força das armas.
2007/06/04
Novo aeroporto
Confesso que esta questão do novo aeroporto já me cheira mal. O nível e os timings da discussão são suficientes para deixar qualquer pessoa em estado de desespero. Extrair quaisquer conclusões sobre tudo o que se vai ouvindo, parece-me tarefa absolutamente vã.
Não há ninguém que se safe em todo este processo.
Uns porque nos querem atirar poeira para os olhos fazendo-nos crer que participam nesta discussão por motivos altruístas, por estarem preocupados com o País, com a ecologia, etc e tal. Como se numa obra desta envergadura eu acreditasse que os interesses financeiros em confronto não são os únicos a ditar lei. Só haveria uma única maneira de eu acreditar que esta discussão é minimamente séria: se todos estes figurões que se pronunciam sobre tudo isto fossem obrigados a assinar uma declaração de interesses, como as que os políticos em funções são obrigados a fazer.
Outros porque levaram a discussão para um nível que me faz lembrar as conversas de café à segunda feira, depois de um fim de semana de bola. Se a reflexão sobre o novo aeroporto se situa apenas no plano em que todos, imprensa, governantes, oposição, técnicos e as diversas organizações da sociedade civil teimam em se manter, sou levado a acreditar que tudo isto não passa de uma gigantesca acção de promoção do filme "Conversas da Treta." Deixo à vossa imaginação a tarefa de adivinhar quem é o Toni e quem é o Zézé...
Por mim, cada vez que se "descobre" mais um argumento a favor ou contra o novo aeroporto, contra ou a favor desta ou daquela localização, cada vez que ouço estas figuras patéticas a debitar, com ar convicto, mais uma alarvidade qualquer sobre este assunto, mais fico persuadido que este país só tem mesmo uma daquelas saídas que propus aqui há uns tempos, que volto aqui a recordar de forma cada vez mais convicta: ou fazemos como as baleias e suicidamo-nos colectivamente, ou procedemos a uma liquidação total e mudamos de ramo...
Não há ninguém que se safe em todo este processo.
Uns porque nos querem atirar poeira para os olhos fazendo-nos crer que participam nesta discussão por motivos altruístas, por estarem preocupados com o País, com a ecologia, etc e tal. Como se numa obra desta envergadura eu acreditasse que os interesses financeiros em confronto não são os únicos a ditar lei. Só haveria uma única maneira de eu acreditar que esta discussão é minimamente séria: se todos estes figurões que se pronunciam sobre tudo isto fossem obrigados a assinar uma declaração de interesses, como as que os políticos em funções são obrigados a fazer.
Outros porque levaram a discussão para um nível que me faz lembrar as conversas de café à segunda feira, depois de um fim de semana de bola. Se a reflexão sobre o novo aeroporto se situa apenas no plano em que todos, imprensa, governantes, oposição, técnicos e as diversas organizações da sociedade civil teimam em se manter, sou levado a acreditar que tudo isto não passa de uma gigantesca acção de promoção do filme "Conversas da Treta." Deixo à vossa imaginação a tarefa de adivinhar quem é o Toni e quem é o Zézé...
Por mim, cada vez que se "descobre" mais um argumento a favor ou contra o novo aeroporto, contra ou a favor desta ou daquela localização, cada vez que ouço estas figuras patéticas a debitar, com ar convicto, mais uma alarvidade qualquer sobre este assunto, mais fico persuadido que este país só tem mesmo uma daquelas saídas que propus aqui há uns tempos, que volto aqui a recordar de forma cada vez mais convicta: ou fazemos como as baleias e suicidamo-nos colectivamente, ou procedemos a uma liquidação total e mudamos de ramo...
Ritornello
Para quem não saiba, "Ritornello" é (era) o nome de um dos poucos programas de qualidade da RDP/Antena 2.
Jorge Rodrigues, o locutor e responsável do programa, foi dispensado e, com ele, terminou o "Ritornello".
Dispensado é uma forma airosa de dizer despedido, o que vem a dar no mesmo.
A acreditar na versão de Jorge Rodrigues, a "dispensa" está relacionada com a sua recusa em assinar um contrato de trabalho de 2006, com data de Maio de 2007. Antes de assinar o contrato, Jorge Rodrigues enviou-o ao seu advogado para este avaliar da sua validade. Normal. Eu faria o mesmo.
Porque não gostaram da decisão, os seus superiores despediram-no. Com ele acabou um dos melhores programas de cultura e música da RDP.
Jorge Rodrigues trabalha há doze anos na Rádio e é um profissional conceituado e respeitado na sua profissão. O seu programa, atestava-o. A rádio portuguesa está mais pobre e os ouvintes de rádio de qualidade, também.
Já vi este filme em qualquer lado. O guião é o mesmo. A responsabilidade é a mesma:
A incompetência (dos serviços do estado) e a prepotência do estado (neste caso, do governo PS).
Mais um triste episódio a acrescentar à lista das pequenas grandes coisas.
Jorge Rodrigues, o locutor e responsável do programa, foi dispensado e, com ele, terminou o "Ritornello".
Dispensado é uma forma airosa de dizer despedido, o que vem a dar no mesmo.
A acreditar na versão de Jorge Rodrigues, a "dispensa" está relacionada com a sua recusa em assinar um contrato de trabalho de 2006, com data de Maio de 2007. Antes de assinar o contrato, Jorge Rodrigues enviou-o ao seu advogado para este avaliar da sua validade. Normal. Eu faria o mesmo.
Porque não gostaram da decisão, os seus superiores despediram-no. Com ele acabou um dos melhores programas de cultura e música da RDP.
Jorge Rodrigues trabalha há doze anos na Rádio e é um profissional conceituado e respeitado na sua profissão. O seu programa, atestava-o. A rádio portuguesa está mais pobre e os ouvintes de rádio de qualidade, também.
Já vi este filme em qualquer lado. O guião é o mesmo. A responsabilidade é a mesma:
A incompetência (dos serviços do estado) e a prepotência do estado (neste caso, do governo PS).
Mais um triste episódio a acrescentar à lista das pequenas grandes coisas.
Os jovens e a surdez
A perda de audição é um problema que, a mim, me aflige particularmente. Tenho-a estudado e tento manter-me informado sobre as reflexões que sobre esta matéria se vão fazendo. Na década de 60 um estudo feito sobre o problema da perda de audição devida ao envelhecimento (a chamada presbiacúsia) deitou abaixo uma série de ideias feitas que até então eram aceites e que ainda hoje as pessoas dão como verdadeiras. O otologista americano Samuel Rosen conduziu um estudo comparativo entre o povo Mabaan do Sudão e habitantes de Nova Iorque e concluiu que a audição de um jovem nova-iorquino de vinte anos equivalia a um velho Mabaan de setenta. O estudo é bastante complexo e envolve a análise de um leque vasto de variáveis e não vou aqui, naturalmente, entrar em grandes detalhes. Mas, a conclusão era esta. A razão: os jovens nova-iorquinos estavam sujeitos a níveis de ruído ambiente elevadíssimos.
Estamos perante uma doença da civilização, a que normalmente se não presta nenhuma atenção. Só damos pelo problema quando perdermos a audição e se corta um elo absolutamente crucial que nos liga ao ambiente que nos rodeia. A presbiacúsia não é uma fatalidade como muita gente crê e na atitude passiva e negligente, talvez mesmo criminosa, de muita gente mais velha vejo as raízes de um mal que vai afectar as gerações futuras.
Hoje os jornais referem declarações do otorrinolaringologista António Nobre Leitão. Diz ele que "ultimamente tem-se verificado, especialmente nos jovens e jovens-adultos portugueses, um forte aumento de traumatismos sonoros, provocados pela exposição prolongada a níveis elevados de sons, que é irreversível e pode levar à surdez." Na origem de tudo isto estará a exposição prolongada aos intensos níveis sonoros das discotecas, dos festivais e dos aparelhos de reprodução de música portáteis.
A surdez profissional é já, salvo erro, a primeira doença profissional em Portugal. Se juntarmos a isto a mais que previsível perda de audição precoce de uma parte significativa dos nossos jovens podemos facilmente adivinhar um futuro sombrio. Surdos que nem portas... Triste fim.
Estamos perante uma doença da civilização, a que normalmente se não presta nenhuma atenção. Só damos pelo problema quando perdermos a audição e se corta um elo absolutamente crucial que nos liga ao ambiente que nos rodeia. A presbiacúsia não é uma fatalidade como muita gente crê e na atitude passiva e negligente, talvez mesmo criminosa, de muita gente mais velha vejo as raízes de um mal que vai afectar as gerações futuras.
Hoje os jornais referem declarações do otorrinolaringologista António Nobre Leitão. Diz ele que "ultimamente tem-se verificado, especialmente nos jovens e jovens-adultos portugueses, um forte aumento de traumatismos sonoros, provocados pela exposição prolongada a níveis elevados de sons, que é irreversível e pode levar à surdez." Na origem de tudo isto estará a exposição prolongada aos intensos níveis sonoros das discotecas, dos festivais e dos aparelhos de reprodução de música portáteis.
A surdez profissional é já, salvo erro, a primeira doença profissional em Portugal. Se juntarmos a isto a mais que previsível perda de audição precoce de uma parte significativa dos nossos jovens podemos facilmente adivinhar um futuro sombrio. Surdos que nem portas... Triste fim.
O tempo em Londres
A cidade espraia-se em habitantes de roupas coloridas pelas ruas. Das que conheço é de longe a cidade mais cosmopolita. Etnias, nacionalidades, línguas, tudo se mistura numa algaraviada de corpos e de sons nos múltiplos mercados de rua dos fins-de-semana.
Gostava de poder mostrar-vos os “cromos” que se vêem pelas ruas nesta altura em que os londrinos desabrocham com a presença do sol; mas as fotos, momentos de imagem sem o resto dos sentidos, nunca são capazes de transmitir senão uma aproximação da realidade. No caso dos cromos, mesmo para essa imagem limitada da realidade, seriam precisas tantas fotos que, mesmo que eu as tivesse, não caberiam neste blog.
Assim, e por falar em tempo, não agora do tempo climatérico, mas do outro, dou-vos uma imagem do tempo em Portobelo Road, no mercado de sábado.
Não longe daqui, situa-se a pastelaria dos portugueses, onde se podem encontrar autênticos pasteis de nata; uma casa que ostenta um nome que não dá para acreditar. Vejam na foto:
2007/06/03
Lição oculta?
Quando o tempo começava a aquecer, por entre a aveia e, depois da ceifa, por entre o restolho, cresciam as papoilas.
Depois vieram as escavadoras, as britadeiras, as betoneiras e outras "oras" e "eiras" e num ápice fomos brindados com uma via rápida e um novo bairro que obrigou ao corte integral dos pinheiros e tapou integralmente a antiga seara. Foram vários anos de um sofrido calvário, feito de poeira, de manobras de enormes máquinas e de barulho. Não é difícil imaginar...!
As papoilas essas, pelos vistos, ficaram e despontam de novo por entre a calçada à portuguesa dos passeios entretanto construídos, como a foto mostra.
Não saberão os moradores do novo bairro o que se passava nos terrenos onde agora estão implantadas as suas casas. Não saberão que estas papoilas são velhas habitantes desta zona e teimam, de forma caprichosa e vistosa, em renascer. Mesmo por entre paralelepípedos. Não saberão que estas papoilas guardam memórias antigas.
Quem sabe se este renascimento não resultou, justamente, da vontade destas papoilas nos quererem transmitir essas memórias e, com isso, ensinar-nos uma lição...
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