2010/10/30

Leite achocolatado para os olhos

Totalmente patético este acordo, verdadeiramente patéticas as posições e justificações do governo e do PSD, patética a estratégia do PR, verdadeiramente confrangedor o comportamento da restante  oposição, enfim, não há ponta por onde se lhe pegue.
É importante reter, porém, do lado do governo, a ânsia de demonstrar que ainda governa e, da parte do PSD, 1) a ânsia de provar que é capaz de governar, 2) o empenho em demonstar que não tem "nada a ver com isto" ("isto" é o estado de descalabro a que a governação do país chegou) e 3) o contributo vergonhoso dado para esta monumental e descarada operação de propaganda a favor da candidatura de Cavaco Silva.
É importante sublinhar e não deixar passar em claro que, face a uma situação classificada como tão, tão calamitosa, nenhum dos protagonistas de toda esta charada se eximiu afinal de prosseguir friamente a sua estratégia própria de curto prazo. O povo português que se lixe! O povo português que pague os dislates destes miseráveis que nos têm governado à vez e que passe o cheque para pagar a estratégia que os seus coveiros manhosamente montaram! Os tachos estão todos salvaguardados, o povo portugês paga. É nisto que consiste o "entendimento" agora atingido.
O que é que mudou verdadeiramente com o "acordo" entre o PS e o PSD, senão terem acordado que fica tudo rigorosamente na mesma?

2010/10/27

Uma proposta singela...

...Para acabar de vez com a "crise": passar isto à hora dos telejornais, em sua substituição. Passar nos 3 canais e em simultâneo.
Ouçam, já agora, até ao fim. Talvez a "crise" passe também a ter, para todos vós, um outro significado...



Alerta

As notícias sobre os resultados positivos que a sua "magistratura de influência produziu" podem muito bem ser exageradas...

2010/10/26

O semáforo

O semáforo é uma criação extraordinariamente simples e eficaz. Raramente paramos para pensar na sua utilidade. Nem quando estamos ali com a luz vermelha mesmo à frente do nosso nariz nos interrogamos, por um momento, sobre o que seria se o semáforo não estivesse a funcionar. Não paramos para pensar o que seria se não existisse semáforo ou se, em vez daquela sequência estável, precisa e categórica de alternância de luzes, tivessemos uma coisa errática, sem lógica e totalmente imprevisível ou absurda. Para mim, governar é algo que se assemelha à acção do semáforo. Depois de ser instalado, ligado à corrente e colocado a funcionar, o semáforo assegura que todos têm hipótese de exercer o seu direito a circular, em condições de perfeita igualdade e com um mínimo de perturbação. No semáforo, como na governação, quanto menos fantasia melhor...
É tão simples quanto isso. Governar é exercer Justiça e velar por uma clara igualdade de oportunidades para todos. O semáforo é justo (todos passam, de acordo com uma ordem convencionada, mas todos passam!) e proporciona igualdade de oportunidades (passa o Rolls-Royce e passa a "bicla" velha).
Em Portugal a governação é um semáforo que tem vindo a evidenciar falhas crescentes, a reclamar manutenção. Nos dias que correm avariou totalmente. Falo de governação num sentido amplo, no quadro da democracia, com o povo como actor da soberania. Reina o caos total no trânsito!
O trânsito empancou em Portugal, como seria de esperar que acontecesse, mais tarde ou mais cedo.
É possível o tráfego fluir sem semáforos. Era útil que esta comissão que "negoceia" o OE 2011 e o actual PR, putativo recandidato ao cargo, percebessem isso claramente... Ou fazem o que é suposto que façam ou não são precisos. É (mesmo) assim, simples como um semáforo.

2010/10/25

"Deixar de pagar as dívidas à banca"

A propósito da nova taxa que os bancos certamente irão ter de pagar para o ano, o presidente do BES veio-nos hoje lembrar que a banca existe para ser rentável. Num súbito ataque de amnésia esqueceu-se do estatuto fiscal de privlégio de que goza este sector particular da nossa economia e de que a "rentabilidade" da banca portuguesa assenta, em boa parte, num inexplicável e injustificado "perdão fiscal" que o generoso povo português decidiu atribuir, por delegação de competências, à banca neste país.
Vale a pena ver e ouvir o insosso presidente do BES a dizer isto ao vivo e a cores.
(O título foi tirado do texto de Paulo Varela Gomes que ontem tive a oportunidade de reproduzir no post "Declaração".)

2010/10/24

"Declaração"

O Público de ontem contém uma "Declaração" de Paulo Varela Gomes (clique na imagem para a ler)  incluida na habitual crónica de sábado "Cartas do Interior".
Por concordar totalmente com o que aí é dito, por ser sensível a este apelo bem articulado, sincero e simples, e por estar disposto a participar nas acções nele sugeridas, aqui a reproduzo com a devida vénia—como acto de total solidariedade— na esperança de que outros, que não tiveram possibilidade de o fazer, possam ler esta "Declaração" e avaliar, por si próprios, a oportunidadade e o alcance do que aí é preconizado.
Se esta reprodução não for legal, paciência; é, desde já, uma forma de começar a participar no que PVG sugere...