2010/01/04
Lhasa
As agências são parcas em notícias. Era americana de origem, tinha 37 anos, gravou três albuns e morreu de cancro. Vi-a, ao vivo, na Aula Magna de Lisboa e, posteriormente, na cidade de Montreal (Canadá), durante a "Folk Alliance" de 2005. Um espanto, a "cantora nómada", como era apelidada pelos seus fãs. Chamava-se Lhasa de Sela.
2009/12/31
Ortografia
Ao contrário da maior parte das pessoas ainda não sei o que vou fazer em 2010.
Mas sei o que não vou fazer em 2010. É escrever segundo as regras do novo Acordo Ortográfico.
Tudo como dantes, pois.
Bom Ano!
Mas sei o que não vou fazer em 2010. É escrever segundo as regras do novo Acordo Ortográfico.
Tudo como dantes, pois.
Bom Ano!
2009/12/29
Num país de labregos
A Ordem dos Médicos, essa vetusta corporação que representa uma das classes profissionais mais reaccionárias do pequeno mundo lusitano, acaba de proclamar, através de comunicado anunciado com pompa e circunstância por todos os meios de comunicação social, que a "homossexualidade não é uma doença". Lê-se e não se acredita. O que se aprende com a Ordem dos Médicos!
Estou absolutamente convencido que, a partir de agora, os portugueses vão passar a dormir muito mais descansados. Menos um problema para 2010. Que alívio...
Estou absolutamente convencido que, a partir de agora, os portugueses vão passar a dormir muito mais descansados. Menos um problema para 2010. Que alívio...
2009/12/24
Política à Portuguesa
A questão do casamento homossexual ameaça transformar-se numa bomba política que vai escaqueirar tudo, bombistas e vítimas da bomba.
A aposta no tema do casamento homossexual parecia ganha para o PS. Cavaco Silva, com aquele seu habitual agudo sentido político, reforça a vitória e faz o enorme favor aos socialistas de afirmar que havia coisas mais importantes na vida dos portugueses. Ao fazer estas declarações neutralizou o potencial de conflito deste tema e o PS viu uma bomba capaz de lhe explodir nas mãos ser neutralizada pela figura que dela podia tirar maior partido político. A malta tem mais em que pensar, terá pensado Cavaco, e serão os próprios portugueses que com a sua indiferença farão o favor de neutralizar este maçador problemazinho. Os portugueses acharão que isto não passa de... mariquices e remetê-las-ão para o armário de onde saíram, terá pensado sua excelência.
Puro engano! Um movimento de cidadãos conseguiu reunir as 75 000 assinaturas necessárias para levar esta questão à AR e o assunto vai mesmo ser discutido. Ainda por cima, este movimento inclui até gente da zona do PS. Cá para mim, o Freeport, a licenciatura do Primeiro Ministro, etc, são bombinhas de carnaval comparadas com esta bomba!
O casamento homossexual ameaça assim fazer muito mais mossa do que os diferentes agentes políticos queriam ou previam que iria fazer.
Resultado: o PS viu este vulcão, que ia borbulhando mansamente na agenda política do país, entrar de novo em violenta erupção. No meio disto, o PR (e, já agora, a Igreja Católica que deixa cair a sotaina, desenterrando, ao referir-se a este assunto, linguagem da Inquisição...) vai ter de explicar a toda esta gente onde é que está a importância dos outros problemas que referiu nas suas declarações. Pelos vistos, para umas largas dezenas de milhar de portugueses, desemprego, défice, sobreendividamento, etc, são problemas de lana caprina comparados com o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
E assim vamos vivendo...
A aposta no tema do casamento homossexual parecia ganha para o PS. Cavaco Silva, com aquele seu habitual agudo sentido político, reforça a vitória e faz o enorme favor aos socialistas de afirmar que havia coisas mais importantes na vida dos portugueses. Ao fazer estas declarações neutralizou o potencial de conflito deste tema e o PS viu uma bomba capaz de lhe explodir nas mãos ser neutralizada pela figura que dela podia tirar maior partido político. A malta tem mais em que pensar, terá pensado Cavaco, e serão os próprios portugueses que com a sua indiferença farão o favor de neutralizar este maçador problemazinho. Os portugueses acharão que isto não passa de... mariquices e remetê-las-ão para o armário de onde saíram, terá pensado sua excelência.
Puro engano! Um movimento de cidadãos conseguiu reunir as 75 000 assinaturas necessárias para levar esta questão à AR e o assunto vai mesmo ser discutido. Ainda por cima, este movimento inclui até gente da zona do PS. Cá para mim, o Freeport, a licenciatura do Primeiro Ministro, etc, são bombinhas de carnaval comparadas com esta bomba!
O casamento homossexual ameaça assim fazer muito mais mossa do que os diferentes agentes políticos queriam ou previam que iria fazer.
Resultado: o PS viu este vulcão, que ia borbulhando mansamente na agenda política do país, entrar de novo em violenta erupção. No meio disto, o PR (e, já agora, a Igreja Católica que deixa cair a sotaina, desenterrando, ao referir-se a este assunto, linguagem da Inquisição...) vai ter de explicar a toda esta gente onde é que está a importância dos outros problemas que referiu nas suas declarações. Pelos vistos, para umas largas dezenas de milhar de portugueses, desemprego, défice, sobreendividamento, etc, são problemas de lana caprina comparados com o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
E assim vamos vivendo...
2009/12/23
Hot Clube
Lamentar um incêndio, num prédio parcialmente devoluto, seria banal não fora nesse mesmo prédio estar alojado (há 60 anos!) o mais famoso e emblemático espaço de "jazz" de Lisboa. Foi ontem, de madrugada, e podia ter sido há anos atrás, tantos quanto o imóvel esteve abandonado. Para já, o "jazz" deve continuar no S. Jorge, ao virar da esquina, que chegou a ser uma das melhores salas de cinema de capital e que, nos últimos anos, não passa de uma "barriga de aluguer" sem qualquer critério de programação ou gosto definido.
Resta-nos desejar um rápido regresso do "Hot" ao seu lugar de origem, se possível ocupando todo o edifício com actividades ligadas ao "jazz", pois é essa a sua vocação natural. Os melómanos agradecem e a capital ficará certamente mais rica com uma sala a condizer. Se há dinheiro para as acrobacias do "Red Bull" também tem de haver meios para a reconstrução da "escola", não é verdade? Se fôr preciso, faz-se uma petição. Com baixo-assinado e tudo.
Resta-nos desejar um rápido regresso do "Hot" ao seu lugar de origem, se possível ocupando todo o edifício com actividades ligadas ao "jazz", pois é essa a sua vocação natural. Os melómanos agradecem e a capital ficará certamente mais rica com uma sala a condizer. Se há dinheiro para as acrobacias do "Red Bull" também tem de haver meios para a reconstrução da "escola", não é verdade? Se fôr preciso, faz-se uma petição. Com baixo-assinado e tudo.
2009/12/16
Poupadinhos
Certamente preocupada com a grave situação do país - quem não está? - a confederação dos patrões, com o inenarrável Van Zeller à cabeça, veio propôr um aumento de 10 euros para o salário mínimo nacional, em vez dos 25 euros anunciados pelo governo. A argumentação é a de que a maioria das pequenas e médias empresas - que constituem 80% do tecido empresarial português - não estariam em condições de pagar tal aumento.
Os sindicatos fizeram as contas e chegaram à conclusão que o aumento proposto pelo governo não atingia sequer 1% dos lucros globais gerados o que, traduzido em euros, daria qualquer coisa como 8 euros por cada 10.000 euros produzidos. Ou seja, "peanuts" em linguagem de hipermercado.
Resta, obviamente, uma questão: se os grandes hipermercados e distribuidores podem pagar os 25 euros propostos, o mesmo não será possível para a maioria das nano-micro-pequenas e médio-empresas deste país. Muito bem. Nesse caso, obrigue-se os bancos, muitos deles culpados da recente crise que a todos afecta e a quem o governo deu milhões de euros para "salvar" da bancarrota, a abrir linhas de crédito favoráveis à sustentabilidade das pequenas empresas. Para que, deste modo, estas não só garantam os postos de trabalho, como possam pagar o salário mínimo nacional proposto (475 euros) o que permitirá aos trabalhadores gastarem mais nas lojas do Belmiro de Azevedo. Desta forma, ganhavam todos, incluindo o poupadinho Van Zeller...
Os sindicatos fizeram as contas e chegaram à conclusão que o aumento proposto pelo governo não atingia sequer 1% dos lucros globais gerados o que, traduzido em euros, daria qualquer coisa como 8 euros por cada 10.000 euros produzidos. Ou seja, "peanuts" em linguagem de hipermercado.
Resta, obviamente, uma questão: se os grandes hipermercados e distribuidores podem pagar os 25 euros propostos, o mesmo não será possível para a maioria das nano-micro-pequenas e médio-empresas deste país. Muito bem. Nesse caso, obrigue-se os bancos, muitos deles culpados da recente crise que a todos afecta e a quem o governo deu milhões de euros para "salvar" da bancarrota, a abrir linhas de crédito favoráveis à sustentabilidade das pequenas empresas. Para que, deste modo, estas não só garantam os postos de trabalho, como possam pagar o salário mínimo nacional proposto (475 euros) o que permitirá aos trabalhadores gastarem mais nas lojas do Belmiro de Azevedo. Desta forma, ganhavam todos, incluindo o poupadinho Van Zeller...
Irresponsabilidades
Se passassem a trabalhar 60 horas por semana, onde iriam os trabalhadores das grandes superfícies comerciais detidas por Belmiro Azevedo e Cia., arranjar tempo para gastar as fortunas monumentais que passariam a ganhar? Ou a ideia seria a de passarem a fazer as suas compras pessoais todas nessas superfícies, quiçá mesmo passar a dormir lá...?
2009/12/14
COP15 tem sucesso assegurado

A questão climatérica, que constitui o eixo da discussão que neste momento decorre em Copenhaga, sempre me suscitou muitas dúvidas. Aqui mesmo no Face exprimi há tempos umas ideias (de leigo!) sobre o assunto.
No geral, continuo a fazer parte do grupo dos cépticos, no que estou aliás estou bem acompanhado... Desde que escrevi aquele post não vejo razões para mudar radicalmente o meu pensamento sobre esta matéria. Concedo, apesar de tudo, que a acção humana pode ter alguma influência sobre estes fenómenos, sobretudo quando pensamos nas zonas de grande concentração urbana e de intensa actividade industrial, que certamente têm um impacto significativo no ambiente. Mas, olhando para a história das grandes "convulsões" ambientais do passado, no geral, continuo a pensar que, apesar de tudo e por simples exercício de lógica, que está por provar que a acção humana, por muita importância que tenha, tem dimensão suficiente para produzir as alterações pretendidas.
São opiniões de total leigo, mas mantenho-as.
Se, por um lado, não posso pois esperar grande coisa de Copenhaga, creio também, contudo, que esta reunião tem um mérito indesmentível.
Para aqueles de nós que crescemos empunhando a bandeira da ecologia, a indiferença foi um dos nossos piores inimigos. O outro inimigo, que nós próprios criámos, resultou do erro brutal de termos deixado que esta questão se tranformasse numa espécie de derby futebolístico, com "claques" de um lado e de outro.
O mérito e a vitória (já assegurada!) da COP15 reside no impulso decisivo que é dado ao problema ecológico, colocando-o no centro das nossas atenções ("Prestar atenção é, em si mesmo, ampliar" - Galileo's Dream, K. S. Robinson) e provando que ele é transversal, estruturante e que, de facto, nos diz respeito a todos. E mais! Longe de ser um problema fracturante, a questão ambiental é uma das poucas que, definitivamente, nos obriga a entendimentos e a uma acção concertada sobre o modelo de desenvolvimento humano que queremos para o futuro.
Não é questão de pouca monta...
Para aqueles de nós que crescemos empunhando a bandeira da ecologia, a indiferença foi um dos nossos piores inimigos. O outro inimigo, que nós próprios criámos, resultou do erro brutal de termos deixado que esta questão se tranformasse numa espécie de derby futebolístico, com "claques" de um lado e de outro.
O mérito e a vitória (já assegurada!) da COP15 reside no impulso decisivo que é dado ao problema ecológico, colocando-o no centro das nossas atenções ("Prestar atenção é, em si mesmo, ampliar" - Galileo's Dream, K. S. Robinson) e provando que ele é transversal, estruturante e que, de facto, nos diz respeito a todos. E mais! Longe de ser um problema fracturante, a questão ambiental é uma das poucas que, definitivamente, nos obriga a entendimentos e a uma acção concertada sobre o modelo de desenvolvimento humano que queremos para o futuro.
Não é questão de pouca monta...
2009/12/10
É de facto caso para dizer: tenham juizinho...!
O episódio da troca de insultos na AR não é só grave pelas razões substantivas que todos tivemos oportunidade de conhecer. O que me choca não é ver membros de um orgão de soberania usando, de forma ostensiva, métodos e uma linguagem próprios de moços (e moças!) de estrebaria. O que me deixa seriamente apreensivo é imaginar que esta gente tem poder para tratar de assuntos que influenciam profundamente o dia a dia de todos nós.
Não deixa de chocar também que o Presidente da AR se limite a esperar que os deputados envolvidos neste caso moderem a linguagem, e não deixa de chocar que os outros deputados, instados a comentar o que se passou, respondam tentando branquear, uns, estas situações e chutando, outros, para a comunicação social a responsabilidade de relevar estes actos em detrimento do que, supostamente, de bom se passa na AR. Ou, tantos outros ainda, se calem.
A verdade é que podemos legitimamente perguntar: se estes deputados demonstram uma tal falta de controlo pessoal e de princípios, e os outros se calam ou assumem uma atitude de um corporativismo caricato, é de esperar que exerçam as suas funções de forma competente?
Não se trata de um fait divers. É um problema grave que merece a tomada de medidas exemplares.
Não deixa de chocar também que o Presidente da AR se limite a esperar que os deputados envolvidos neste caso moderem a linguagem, e não deixa de chocar que os outros deputados, instados a comentar o que se passou, respondam tentando branquear, uns, estas situações e chutando, outros, para a comunicação social a responsabilidade de relevar estes actos em detrimento do que, supostamente, de bom se passa na AR. Ou, tantos outros ainda, se calem.
A verdade é que podemos legitimamente perguntar: se estes deputados demonstram uma tal falta de controlo pessoal e de princípios, e os outros se calam ou assumem uma atitude de um corporativismo caricato, é de esperar que exerçam as suas funções de forma competente?
Não se trata de um fait divers. É um problema grave que merece a tomada de medidas exemplares.
2009/12/06
2009/12/04
Fuso Luso 4
Parece que tudo não passou de um acidente, mas o que é facto é que os Minutemen conseguiram derrotar os Red Coats. E o "acidente" acabou por ter enormes e profundas repercussões.
Os americanos pagavam impostos e, nesse sentido, achavam-se no direito de se verem representados nas instâncias políticas da metrópole. Os ingleses discordavam, os americanos revoltaram-se e os ingleses trataram de reprimir a revolta. Foram derrotados. O que se seguiu justifica bem a frase de Emerson.
O pior é que depois disto o rol de ataques ao direito à revolta em que os americanos participaram por todo o mundo não tem fim. E, ignomínia das ignomínias, os Minute Men de agora até acabaram por se juntar aos Red Coats de antanho para meter o nariz onde não eram chamados, deixando de intervir onde, se calhar, era preciso.
Há uma América para consumo interno e externo (no sentido literal e metafórico do termo...) e nesta América de hoje os sinais que se vêem indicam que a lição de Thoreau foi, de facto, esquecida.
E, contudo, ela está ali à vista de todos os que visitam Concord. Num placard colocado por cima do local do tal primeiro tiro pode ler-se:
"Continuamos a chamar a isto a terra da liberdade? Que liberdade há em nos livrarmos do Rei Jorge, se continuamos a ser escravos do Rei Preconceito? Qual a vantagem de nascer livre e não viver livre? Para que outra coisa serve a liberdade política senão para aceder à liberdade moral?"
Não sei se os americanos já perceberam isto depois de todos estes anos...
2009/12/02
Fuso Luso 3

Parece haver uma linguagem oculta nos sinais de trânsito, à semelhança daquela que Edward T. Hall descobriu nos comportamentos e posturas das pessoas. Esta combinação do "do-not-enter/wrong-way" diz-nos qualquer coisa sobre o direito ao erro, à tolerância e à capacidade de proporcionar novas oportunidades que reina nas sociedades norte-americanas.

Se existe a mesma tolerância para com os membros exógenos a estas sociedades, ou se ela conta nas relações destes países com o exterior, aí já tenho sérias dúvidas.
De qualquer forma, o contraste com o que se passa em Portugal é notório. Desrespeitar um sinal de sentido proibido é um desporto radical, e mesmo que o sinal seja passado por engano, não há um aviso, mais adiante, que nos diga de forma serena que nos enganámos, mas que temos a possibilidade de corrigir esse engano.
Eu vejo uma metáfora nisto...
2009/12/01
A Hora do Lobo
Menos de uma semana depois da lei do código contributivo ter sido chumbada pela oposição na Assembleia da República, o governo já contra-atacou. A acreditar na manchete de um matutino de hoje, o fisco enviou um SMS a 100.000 contribuintes a lembrar o pagamento. Nada a opôr, não fosse a hora escolhida para tal "operação": 4 horas da madrugada!
Compreende-se o zelo em recuperar receitas para o depauperado cofre da nação. Já custa mais a entender o "timing" da coisa: "a hora do lobo", como lhe chamaria Bergman. Nos tempos da outra senhora, os PIDES também costumavam aparecer de madrugada para levar os cidadãos incomódos para o regime. Há hábitos que nunca se perdem...
Compreende-se o zelo em recuperar receitas para o depauperado cofre da nação. Já custa mais a entender o "timing" da coisa: "a hora do lobo", como lhe chamaria Bergman. Nos tempos da outra senhora, os PIDES também costumavam aparecer de madrugada para levar os cidadãos incomódos para o regime. Há hábitos que nunca se perdem...
2009/11/28
Smartphones
Tivessem os sucateiros deste regime enferrujado acesso ao crypto-smartphone russo e nenhuma "pessoa de bem" do nosso regime estaria agora indiciado no crime de tráfico de influências que dá pelo nome de "Face Oculta". Limitações do nosso desenvolvimento tecnológico. Mas, não desesperem os mafiosos portugueses: a coisa custa apenas 2.000 euros o que, para os Godinhos da nossa praça, são "peanuts". Não foi ele acusado de querer comprar Vara por apenas 10.000 euros? Dava para comprar cinco "cryptos"...
2009/11/25
Cinco dias noutra cidade
É sempre bom sair de Portugal. Ao contrário do meu companheiro de blogue que vê "potencialidades" portuguesas no futebol, a minha experiência do estrangeiro só confirma o atraso contínuo do nosso pais em relação às nações mais desenvolvidas da Europa. Esta é uma tendência de décadas e pode ser observada por simples observação empírica da realidade. As estatísticas, de que fala o Carlos Augusto, sublinham uma triste evidência: a de um país - o nosso - que no seu quotidiano dá cada vez mais sinais de pobreza em contraste com os sinais exteriores de riqueza de uns quantos. Basta um simples passeio pelo centro histórico de Amsterdão - cidade onde vivi 30 anos e que continuo a visitar regularmente - para nos apercebermos disso. Das pessoas às casas, do trato pessoal à eficiência dos serviços, tudo funciona melhor, num país com a superfície do Alentejo e uma das maiores densidades populacionais do Mundo. Sim, também lá há pobreza (relativa), corrupção (noticiada) e racismo (nem sempre disfarçado). Mas, a qualidade do quotidiano para os seus cidadãos é, sem dúvida, superior e o "stress" (eventualmente maior numa sociedade competitiva e inovadora como a holandesa) é compensado pela eficácia e pragmatismo de um estado que há muito compreendeu que do bem-estar da população depende um maior desenvolvimento do país. Dir-me-ão: é um país mais rico e por isso é mais fácil distribuir a riqueza. Certamente. Mas, à excepção do gás no mar do Norte, não se lhe conhece outras matérias-primas de relevo. O resto, a agricultura, a industria, o comércio e as novas tecnologias, são tudo produto do mesmo: mais educação e formação cívica numa sociedade onde a ética não é uma palavra vã. Também, por essa razão, há menos corrupção e a riqueza é mais bem distribuida. Parece simples, mas não é. Enquanto os portugueses - dos governantes aos governados - não conseguirem interiorizar os princípios básicos que devem reger uma sociedade mais justa e igualitária, a "face oculta" do nosso triste quotidiano não vai melhorar. Nem daqui a uma geração...
2009/11/22
Fuso Luso 2
Nos últimos quatro anos o senhor Picower teria retirado grandes somas do dinheiro investido no empreendimento do senhor Madoff, e isso terá intrigado outros investidores que, suspeitando que ele sabia o que se estava a passar naquela organização, o levaram a tribunal.
Os investigadores do Picower Institute continuam, entretanto, a tentar aprender os complexos mecanismos da memória, aparentemente indiferentes ao sururu causado pelo caso Madoff e pelo caso Picower. Fazem-no neste magnífico edifício, situado em pleno território do MIT, onde para além das luxuosas condições de trabalho, desfrutam do luxuriante jardim interior no último andar que a gravura parcialmente desvenda (clique sobre a foto para ver).
2009/11/21
O prazer está nas tuas mãos

É este, segundo a Visão, «o mote do programa lançado pelas secretarias da Educação e da Juventude da Extremadura e incluiu workshops que pretendem acabar com os mitos sobre a masturbação».
O que eu não daria, na minha adolescência, para poder frequentar um curso de cujo programa fazem parte «técnicas de masturbação e uso de objectos eróticos»…
Que “inveja” tenho dos jovens de hoje, que, além do acesso ao mundo através de um clic, têm agora cursos onde se ensina a bater punheta!
Mas nem tudo são rosas. Os responsáveis esclarecem que, além de esperarem «derrubar muitos mitos negativos sobre a masturbação, claro», «o programa tem muitos mais aspectos, como hábitos saudáveis, auto-estima, afectividade, identidade de género, doenças de transmissão sexual...» Apesar disso, aí estão os empatas do costume: a Associação de Pais Católicos da Extremadura «formou um grupo de protesto que ameaça levar o governo regional aos tribunais».
Lá entram em campo as religiões, lá temos o caldo entornado.
O que eu não daria, na minha adolescência, para poder frequentar um curso de cujo programa fazem parte «técnicas de masturbação e uso de objectos eróticos»…
Que “inveja” tenho dos jovens de hoje, que, além do acesso ao mundo através de um clic, têm agora cursos onde se ensina a bater punheta!
Mas nem tudo são rosas. Os responsáveis esclarecem que, além de esperarem «derrubar muitos mitos negativos sobre a masturbação, claro», «o programa tem muitos mais aspectos, como hábitos saudáveis, auto-estima, afectividade, identidade de género, doenças de transmissão sexual...» Apesar disso, aí estão os empatas do costume: a Associação de Pais Católicos da Extremadura «formou um grupo de protesto que ameaça levar o governo regional aos tribunais».
Lá entram em campo as religiões, lá temos o caldo entornado.
Isto faz-me lembrar o sketch de Tudo o que Você Sempre Quis Saber sobre Sexo, de Woody Allen, em que, na hora do vamos ver (como diriam os brasileiros), o organismo tem de enfrentar e anular a acção de um padre, pauzinho na engrenagem que tenta impedir o bom funcionamento do mecanismo (literalmente, no filme) do elemento masculino, a pretexto de que os elementos do casal que estão envolvidos no acto amoroso «nem sequer são casados!»
2009/11/18
Fuso Luso 1
À distância Portugal parece sempre melhor. Mas, lá está a estatística a estragar tudo e a trazer-nos para a realidade. Leio hoje, à distância e por alto, que o país desceu no ranking da corrupção, numa lista liderada pela Somália, essa hipótese cada vez mais remota de país. Os países de expressão portuguesa afundaram-se todos neste ranking, com a excepção de Cabo Verde.
A corrupção parece ser o que melhor define a "expressão portuguesa" e está perto de se transformar num traço dominante da nossa cultura.
Isto assim visto ao longe, com distância, embora ainda embalado pela qualificação de Portugal para o Mundial, não parece ir nada bem...
2009/11/12
Goodfellas (2)
Os bons realizadores não gostam de sequelas. Não por acaso, Scorsese, não quis fazer uma continuação de "Tudo Bons Rapazes". A primeira história é sempre a mais bem contada. O mesmo não parece acontecer com o caso "Face Oculta", que não pára de nos surpreender. Já deixou de ser um "caso" e passou a ser uma "saga". Uma coisa é certa: à medida que nos aproximamos da "cabeça do polvo", começam a surgir dificuldades na investigação.
O senhor Monteiro (PGR) empurra para o senhor Nascimento (STJ) que, por sua vez, diz não ter poder para ouvir "escutas" que incluem o primeiro-ministro, pelo que as cassetes devem ser destruídas, enquanto o senhor Marinho (OA) já veio atacar o sistema e os senhores Júdice e Rebelo de Sousa vieram lançar dúvidas na suspeita investigação. O senhor Nascimento, com o gabinete cheio de cassetes que não pode utilizar como prova, não sabe para que lado se há-de virar e já exigiu tirar o processo ao senhor Monteiro, enquanto a oposição exige esclarecimentos e o governo diz que a oposição está a misturar a política com a justiça... Onde é que eu já vi este filme?
Por este andar, ainda vamos ver o processo arquivado por falta de provas e os "dossiers" deitados ao lixo. Ou à sucata, que é onde os "cadáveres incómodos" são mais facilmente triturados. Se bem me lembro, no "Goodfellas," um dos "gangsters" acabava por ser emparedado vivo...
Não haverá por aí alguém que queira escrever este argumento e enviá-lo ao Scorsese? Pode ser que ele veja potencialidades nesta história lusitana e faça a tal sequela. Material não falta.
O senhor Monteiro (PGR) empurra para o senhor Nascimento (STJ) que, por sua vez, diz não ter poder para ouvir "escutas" que incluem o primeiro-ministro, pelo que as cassetes devem ser destruídas, enquanto o senhor Marinho (OA) já veio atacar o sistema e os senhores Júdice e Rebelo de Sousa vieram lançar dúvidas na suspeita investigação. O senhor Nascimento, com o gabinete cheio de cassetes que não pode utilizar como prova, não sabe para que lado se há-de virar e já exigiu tirar o processo ao senhor Monteiro, enquanto a oposição exige esclarecimentos e o governo diz que a oposição está a misturar a política com a justiça... Onde é que eu já vi este filme?
Por este andar, ainda vamos ver o processo arquivado por falta de provas e os "dossiers" deitados ao lixo. Ou à sucata, que é onde os "cadáveres incómodos" são mais facilmente triturados. Se bem me lembro, no "Goodfellas," um dos "gangsters" acabava por ser emparedado vivo...
Não haverá por aí alguém que queira escrever este argumento e enviá-lo ao Scorsese? Pode ser que ele veja potencialidades nesta história lusitana e faça a tal sequela. Material não falta.
2009/11/06
Goodfellas
A acreditar na notícia que esta semana faz manchete nos principais orgãos de informação, estamos perante mais um caso de corrupção em que o nosso país parece ter-se especializado nas últimas décadas. Nada que nos deva espantar. Há corrupção em todo o Mundo e Portugal não é excepção. De resto, os "amaciadores" da opinião pública já vieram sossegar-nos uma vez que, até prova em contrário, todos os suspeitos são inocentes. Onde é que eu já ouvi isto?
Acontece que alguns dos indiciados, neste recente crime de "tráfico de influências", são exactamente os mesmos cuja nefasta influência no tráfego da Fundação que dirigiam, levou à sua demissão do governo. Estávamos em 2001 e, desde então, muitos carros devem ter passado pelas estradas portuguesas. Alguns, ainda lá devem andar, outros deixaram de circular e foram abatidos ao activo, ou mais prosaicamente, deram entrada em depósitos de sucata. Um bom negócio, a sucata. Juntamente com o tratamento de lixos tóxicos e orgânicos, um apetecível "nicho de mercado", para utilizar o jargão dos nossos economistas da Universidade Independente.
Algumas travessias do deserto e oito anos mais tarde, eis que os mesmos nomes reaparecem, agora ligados a um sucateiro de Aveiro que, para além de carcassas de automóveis, também negociava em carris de ferro. A coisa ia de vento em popa e, não fora uma investigação policial da PJ e algumas gravações telefónicas comprometedoras, estava para durar. Agora parece que um dos "alegados" intermediários ("brokers" no jargão siciliano) queria uma percentagem que, dizem as más línguas, seria apenas de 10.000 euros. É a nossa sina. Pequeninos, até no pedir. Se ao menos fosse uma quantia que se visse! Razão tinha o Scorsese, tudo bons rapazes...
Acontece que alguns dos indiciados, neste recente crime de "tráfico de influências", são exactamente os mesmos cuja nefasta influência no tráfego da Fundação que dirigiam, levou à sua demissão do governo. Estávamos em 2001 e, desde então, muitos carros devem ter passado pelas estradas portuguesas. Alguns, ainda lá devem andar, outros deixaram de circular e foram abatidos ao activo, ou mais prosaicamente, deram entrada em depósitos de sucata. Um bom negócio, a sucata. Juntamente com o tratamento de lixos tóxicos e orgânicos, um apetecível "nicho de mercado", para utilizar o jargão dos nossos economistas da Universidade Independente.
Algumas travessias do deserto e oito anos mais tarde, eis que os mesmos nomes reaparecem, agora ligados a um sucateiro de Aveiro que, para além de carcassas de automóveis, também negociava em carris de ferro. A coisa ia de vento em popa e, não fora uma investigação policial da PJ e algumas gravações telefónicas comprometedoras, estava para durar. Agora parece que um dos "alegados" intermediários ("brokers" no jargão siciliano) queria uma percentagem que, dizem as más línguas, seria apenas de 10.000 euros. É a nossa sina. Pequeninos, até no pedir. Se ao menos fosse uma quantia que se visse! Razão tinha o Scorsese, tudo bons rapazes...
2009/11/03
Womex 2009
Cumprindo a tradição, realizou-se na Dinamarca mais uma WOMEX (WorldMusicExhibition) a maior feira de "músicas do mundo" do planeta. Um conceito de feira rotativa, que teve início na cidade de Berlim em meados dos anos noventa e que, desde então, não tem parado de crescer. Em Copenhaga, cidade que acolheu a 15ª edição da WOMEX, estiveram este ano mais de 3000 delegados, entre produtores, agentes, programadores, discográficas, artistas e conferencistas. Uma verdadeira Babel, onde durante quatro dias é avaliado o "estado da arte" e se encontram velhos amigos.
Entre as novidades deste ano, destaque para as excelentes facilidades oferecidas (recinto da feira e complexo de concertos) onde durante o dia e a noite decorreram as principais actividades: negócios e conferências no Bella Centrum (um complexo de congressos nos arredores da cidade) e "showcases" no Kopenhagen Koncerthuset, a jóia da coroa das salas europeias.
Contrariamente a algumas das feiras anteriores, a música escutada este ano pareceu-nos bastante boa, para o que terá contribuido a magnífica estrutura recentemente inaugurada: um "cubo azul" de cinco pisos, com outros tantos auditórios, onde decorriam todos os "showcases", incluindo os "off-womex", estes uma selecção de grupos não convidados. De todas as salas, o auditório principal (studio 1) é a última palavra do design escandinavo, com mais de 2000 lugares numa concha assimétrica construida em madeira. É difícil encontrar uma sala com melhor visibilidade e acústica por essa Europa fora e tudo o que lá ouvimos e vimos nos pareceu transcendente. O recorte vocal e instrumental é impressionante e qualquer deslize é ampliado ao máximo. Para a qualidade do som (uma pecha na maior parte das edições anteriores) muito contribuiu o professionalismo da equipa do Roskilde Festival, contratada para o efeito.
Entre a boa música escutada destacamos, no primeiro dia, The Great Nordic Band, um ensemble ad-hoc constituido por solistas escandinavos, que abriu a feira com um repertório algo "mainstream", mas tecnicamente impecável, seguido de Les Yeux Noirs, uma banda belga de repertório cigano e balcânico; Ale Moller Band e o seu novo projecto, onde pontuam músicos do Senegal, Grécia, Suécia, México e Canadá e a Orquesta Chekara Flamenco, um projecto de música árabe-andaluz que incluia ainda a excelente bailarina Choni. O segundo dia, iniciou-se com o acordeonista brasileiro Renato Borghetti, um solista de grande dimensão, para além do grupo chinês Hanggai, que faria uma das melhores actuações destes "showcases" e os portugueses Deolinda, que "agarraram" a assistência com a sua música sui-generis e as traduções de uma Ana Bacalhau em grande forma. No "off-womex", realce para o ensemble hindu-canadiano da cantora indiana Kiran Ahluwalia, numa fusão de música oriental e ocidental bem conseguida.
Finalmente, a terceira noite, que acabou por incluir os melhores "showcases": a Orchestra Popolare Italiana, o último projecto do megalómano Ambrosio Sparagna, numa colorida viagem musical pelos principais géneros tradicionais daquele país; as polifonias corsas dos Barbara Fortuna em excelentes harmonias vocais; os ciganos hungaros de Parno Graszt, naquele que foi um dos mais participativos concertos da noite e as vozes celestiais do Eva Quartet, provavelmente a melhor prova de que a perfeição vocal existe e vive na Bulgária.
Nesta Womex, a mais participada de sempre, deve ser destacada a presença de 25 delegados portugueses, entre os quais a associação "chapéu de chuva" MUSICA PT, que agrupa cerca de 20 empresas e artistas do sector.
Para o ano há mais. De novo em Copenhaga, no mesmo local e certamente na mais espectacular sala de concertos da Europa.
Lá voltaremos.
Entre as novidades deste ano, destaque para as excelentes facilidades oferecidas (recinto da feira e complexo de concertos) onde durante o dia e a noite decorreram as principais actividades: negócios e conferências no Bella Centrum (um complexo de congressos nos arredores da cidade) e "showcases" no Kopenhagen Koncerthuset, a jóia da coroa das salas europeias.
Contrariamente a algumas das feiras anteriores, a música escutada este ano pareceu-nos bastante boa, para o que terá contribuido a magnífica estrutura recentemente inaugurada: um "cubo azul" de cinco pisos, com outros tantos auditórios, onde decorriam todos os "showcases", incluindo os "off-womex", estes uma selecção de grupos não convidados. De todas as salas, o auditório principal (studio 1) é a última palavra do design escandinavo, com mais de 2000 lugares numa concha assimétrica construida em madeira. É difícil encontrar uma sala com melhor visibilidade e acústica por essa Europa fora e tudo o que lá ouvimos e vimos nos pareceu transcendente. O recorte vocal e instrumental é impressionante e qualquer deslize é ampliado ao máximo. Para a qualidade do som (uma pecha na maior parte das edições anteriores) muito contribuiu o professionalismo da equipa do Roskilde Festival, contratada para o efeito.
Entre a boa música escutada destacamos, no primeiro dia, The Great Nordic Band, um ensemble ad-hoc constituido por solistas escandinavos, que abriu a feira com um repertório algo "mainstream", mas tecnicamente impecável, seguido de Les Yeux Noirs, uma banda belga de repertório cigano e balcânico; Ale Moller Band e o seu novo projecto, onde pontuam músicos do Senegal, Grécia, Suécia, México e Canadá e a Orquesta Chekara Flamenco, um projecto de música árabe-andaluz que incluia ainda a excelente bailarina Choni. O segundo dia, iniciou-se com o acordeonista brasileiro Renato Borghetti, um solista de grande dimensão, para além do grupo chinês Hanggai, que faria uma das melhores actuações destes "showcases" e os portugueses Deolinda, que "agarraram" a assistência com a sua música sui-generis e as traduções de uma Ana Bacalhau em grande forma. No "off-womex", realce para o ensemble hindu-canadiano da cantora indiana Kiran Ahluwalia, numa fusão de música oriental e ocidental bem conseguida.
Finalmente, a terceira noite, que acabou por incluir os melhores "showcases": a Orchestra Popolare Italiana, o último projecto do megalómano Ambrosio Sparagna, numa colorida viagem musical pelos principais géneros tradicionais daquele país; as polifonias corsas dos Barbara Fortuna em excelentes harmonias vocais; os ciganos hungaros de Parno Graszt, naquele que foi um dos mais participativos concertos da noite e as vozes celestiais do Eva Quartet, provavelmente a melhor prova de que a perfeição vocal existe e vive na Bulgária.
Nesta Womex, a mais participada de sempre, deve ser destacada a presença de 25 delegados portugueses, entre os quais a associação "chapéu de chuva" MUSICA PT, que agrupa cerca de 20 empresas e artistas do sector.
Para o ano há mais. De novo em Copenhaga, no mesmo local e certamente na mais espectacular sala de concertos da Europa.
Lá voltaremos.
2009/10/31
Famílias
A gente ouve o primeiro ministro insistir num arranjinho para a partilha dos lugares europeus resultantes da aplicação do Tratado de Lisboa entre as duas principais "famílias" políticas europeias, toma conhecimento dos escândalos de corrupção que envolvem figuras da "família" socialista e fica a pensar se será a isto que se referem os moralistas contemporâneos quando falam na "crise da família"... Ou serão estas as "novas famílias" de que falam psiquiatras, psicólogos e sociólogos?
2009/10/29
Van Zeller para a Agência de Inovação, já!
O presidente da CIP insiste... Agora vem pedir contenção, sem que aparentemente ele próprio se consiga conter. Opõe-se às propostas dos sindicatos que pedem um aumento de 25 euros (vinte cinco euros!) no salário mínimo nacional, o presidente da CIP e acha duas coisas. Por um lado, que vinte cinco euros não vão resolver a vida dos aumentados porque se trataria de um aumento ridículo. Diz mesmo que os sindicatos deveriam pedir mais. Mas, por outro lado, lá vai dizendo que a concretizar-se um aumento desta natureza, ele iria significar a falência de uma série de empresas que não aguentariam este perturbador acréscimo de responsabilidades.
Para o patrão da CIP, 25 euros é ridículo como aumento, embora seja um encargo substancial para as empresas. Aumentos só no quadro de um grande plano, a longo prazo e com a ajuda do Estado, claro. Um plano que se situa num futuro indefinido e certamente longínquo (não vá a malta ficar rica de repente e não saber o que fazer ao dinheiro...)
"Muitos milhares de empresas dependem de salários baixos", para exportar e portanto o aumento de encargos acarretaria, no curto prazo, o descalabro dessas empresas, argumenta. Para alguns analistas, o problema das exportações portuguesas é que não há "produto". Ou seja, é mau e não corresponde à procura. Para Van Zeller o futuro da economia portuguesa está garantido: "inovar" é manter os salários baixos, insistir no trabalho desqualificiado e produzir assim o produto mais rasca possível. O que as empresas têm de fazer é pois apostar na manutenção dos salários baixos, estagnar, conformar-se, abjurar a formação profissional, a qualificação e qualquer alteração deste quadro só poderá ser encarada no "futuro" e sempre com o auxílio do Estado, ou seja, com o alto patrocínio desses mesmos que já ganham mal. Um "futuro" de esperança aguarda-os, portanto.
Será que os empresários portugueses se revêem todos nestas posições? Será que estas propostas são tudo o que os empresários portugueses têm para oferecer à sociedade? Será que não conseguem parir mais nada do que isto para cumprir o seu desígnio social, ajudar a tirar o país da crise, tornar a sociedade portuguesa mais próspera, retomar a convergência com a Europa, transformar a economia portuguesa numa realidade mais dinâmica e competitiva, como muitos empresários e altos responsáveis políticos nos repetem ad nauseum ?
Para o patrão da CIP, 25 euros é ridículo como aumento, embora seja um encargo substancial para as empresas. Aumentos só no quadro de um grande plano, a longo prazo e com a ajuda do Estado, claro. Um plano que se situa num futuro indefinido e certamente longínquo (não vá a malta ficar rica de repente e não saber o que fazer ao dinheiro...)
"Muitos milhares de empresas dependem de salários baixos", para exportar e portanto o aumento de encargos acarretaria, no curto prazo, o descalabro dessas empresas, argumenta. Para alguns analistas, o problema das exportações portuguesas é que não há "produto". Ou seja, é mau e não corresponde à procura. Para Van Zeller o futuro da economia portuguesa está garantido: "inovar" é manter os salários baixos, insistir no trabalho desqualificiado e produzir assim o produto mais rasca possível. O que as empresas têm de fazer é pois apostar na manutenção dos salários baixos, estagnar, conformar-se, abjurar a formação profissional, a qualificação e qualquer alteração deste quadro só poderá ser encarada no "futuro" e sempre com o auxílio do Estado, ou seja, com o alto patrocínio desses mesmos que já ganham mal. Um "futuro" de esperança aguarda-os, portanto.
Será que os empresários portugueses se revêem todos nestas posições? Será que estas propostas são tudo o que os empresários portugueses têm para oferecer à sociedade? Será que não conseguem parir mais nada do que isto para cumprir o seu desígnio social, ajudar a tirar o país da crise, tornar a sociedade portuguesa mais próspera, retomar a convergência com a Europa, transformar a economia portuguesa numa realidade mais dinâmica e competitiva, como muitos empresários e altos responsáveis políticos nos repetem ad nauseum ?
2009/10/27
Fernando em guerra com quem?
Este caso do pároco apanhado naquela embrulhada das armas é profundamente preocupante. O que fazia o padre com armas de guerra em casa? Por que razão um padre tem este arsenal? Por que razão um abaixo assinado com 300 assinaturas pedindo a substituição do padre, entregue ao bispo de Vila Real há 4 anos não obteve resposta? Por que razão o padre se mantém à frente da paróquia? Que dados terá o bispo para afirmar que acredita que o caso "não tem nada a ver com actos de terrorismo ou de tráfico de armas"? Se fosse "apenas" um "negócio de armas de caça para fornecimento de amigos", como sugere o bispo, como explicar as pistolas e os revólveres? Que justificação encontra a Igreja Católica para estas actividades do sacerdote?
A PJ não esclarece, tanto quanto se pode perceber, se haverá alguma ligação entre este caso e o outro que deu origem à operação de hoje mesmo, que levou à detenção de gente ligada a uma "rede de tráfico de armas". Rede "com dimensão internacional que no mercado interno se destinava ao crime violento e organizado". Mas, os mistérios e as meias palavras das autoridades civis e religiosas não são aceitáveis. O assunto é sério e tem de ser esclarecido cabalmente perante a opinião pública.
Da Conferência Episcopal, tão lesta e tão pródiga em comentários sobre tudo e mais alguma coisa, esperar-se-ia uma posição clara sobre as pistolas, revólveres, caçadeiras e munições do padre Guerra...
A PJ não esclarece, tanto quanto se pode perceber, se haverá alguma ligação entre este caso e o outro que deu origem à operação de hoje mesmo, que levou à detenção de gente ligada a uma "rede de tráfico de armas". Rede "com dimensão internacional que no mercado interno se destinava ao crime violento e organizado". Mas, os mistérios e as meias palavras das autoridades civis e religiosas não são aceitáveis. O assunto é sério e tem de ser esclarecido cabalmente perante a opinião pública.
Da Conferência Episcopal, tão lesta e tão pródiga em comentários sobre tudo e mais alguma coisa, esperar-se-ia uma posição clara sobre as pistolas, revólveres, caçadeiras e munições do padre Guerra...
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