
Ora, o Hot comemora hoje 60 anos de existência, imaginem só, e eu não queria deixar de assinalar a data aqui no Face.
Falar do Hot é, antes do mais, falar de Luís Villas-Boas, o seu fundador. Figura cimeira da divulgação da música de jazz em Portugal, foi também criador nos anos 60 do Luisiana, situado em Cascais --uma espécie de HCP II, entretanto desaparecido-- e já nos anos 70, do Festival de Jazz de Cascais, por onde passou uma parada inverosímil do who's who do jazz mundial.
O jazz é o sistema de improvisação estruturada mais elaborado que a música ocidental produziu, é uma arte de risco, uma arte sem rede. Não é a arte do registo, é a arte do instante em que é produzida. E o Hot tem tido um papel único em Portugal, ao longo destes anos, ao acolher todo os instantes de que é feita a arte da miríade de músicos, mais ou menos grandes, que por lá têm passado. Também por lá passaram alguns instantes fugazes da minha arte.
A par deste papel de divulgação o Hot abriu nos princípios dos anos 80 uma outra notável frente de acção ao criar a sua Escola. O impacte, certamente fulminante, da Escola do HCP na música portuguesa está por medir, mas estou certo que constituiria matéria de investigação musicológica do mais alto interesse. Alguém agarra o desafio?