"Estranha modernidade esta que avança às arrecuas", escrevia o Subcomandante Marcos, há mais de 15 anos, num artigo chamado "A quarta guerra mundial já começou".
Ontem as bolsas cairam depois de se saber que, entre outros problemas, o emprego nos E. U. A. não cresceu o que se esperava. Estranha reacção esta: os investidores não investem, o desemprego mantém-se e esses investidores, que têm o poder de criar empregos, castigam as bolsas porque… o emprego não cresce!
Os estados que continuem com a tarefa de sustentar o desemprego, originado por uma crise criada, por sua vez, pela actuação dos investidores! Os estados que continuem a aumentar a sua "dívida soberana" para sustentar a "crise", diminuindo com isso as classificações das agências de "rating".
Agências de rating, essas instituições pardas que ninguém elegeu, mas que exercem um controlo fatal e total sobre os eleitos das democracias representativas, condicionando a vida dos eleitores. Agências de rating que estão fora do sistema democrático, incontroláveis e inimputáveis, cujos desaires, porém, os eleitores têm de pagar para não haver agitação sistémica...
Neste momento os "mercados" encontraram um negócio muito melhor do que investir para criar novos negócios que dêem origem a novos empregos: vender dinheiro mais caro aos estados para estes controlarem o défice provocado pelas desmandos… dos "mercados". Um desenvolvimento que seguramente ilustra na perfeição o comentário do Subcomandante Marcos.
Está na hora de abandonar a fase do patriotismo primário e de explicar aos cidadãos o verdadeiro significado de expressões como "estado soberano" e "democracia". Não é questão de somenos nestes tempos de globalizações.
2010/06/05
2010/05/31
Da semântica "socialista"
Contrariando a opinião de parte significativa dos seus militantes, a comissão política do PS acabou por anunciar Manuel Alegre como o candidato do partido às próximas eleições presidenciais. Nada que não se esperasse.
Que a escolha nunca foi consensual ficou logo bem patente nas reacções de alguns intervenientes na sessão do largo do Rato.
Desde logo, o maçónico Ramalho, que saíu mesmo antes da votação ter sido efectuada, certamente para mostrar o desagrado da facção soarista que nunca escondeu a afronta de 2006. Depois, a deputada Marta Rebelo (quem?) uma jovem aquisição da bancada "socialista", que foi mesmo mais longe ao declarar que nunca apoiaria Alegre por este "ter-se aproximado perigosamente da esquerda" (!?). E, finalmente, o próprio Sócrates que, mostrando um sorriso amarelo, lá foi dizendo que apoiava Alegre por este ser "progressista". Progressista?
Este é o estado de um partido onde, após cinco anos de despolitização continuada (foi para isso que serviu a tão proclamada "terceira" via) já nem os responsáveis ousam utilizar a palavra "esquerda". Saberá este geração de dirigentes que o Partido Socialista é, supostamente, de esquerda? Duvidamos. A lavagem ao cérebro, durante o reinado do grande líder, deve ter sido tão grande, que nem eles próprios se apercebem da vacuidade do discurso que utilizam.
Com "amigos" destes, Alegre não necessita de inimigos. Vai, muito provavelmente, perder estas eleições como, de resto, já tinha perdido há cinco anos atrás.
Que a escolha nunca foi consensual ficou logo bem patente nas reacções de alguns intervenientes na sessão do largo do Rato.
Desde logo, o maçónico Ramalho, que saíu mesmo antes da votação ter sido efectuada, certamente para mostrar o desagrado da facção soarista que nunca escondeu a afronta de 2006. Depois, a deputada Marta Rebelo (quem?) uma jovem aquisição da bancada "socialista", que foi mesmo mais longe ao declarar que nunca apoiaria Alegre por este "ter-se aproximado perigosamente da esquerda" (!?). E, finalmente, o próprio Sócrates que, mostrando um sorriso amarelo, lá foi dizendo que apoiava Alegre por este ser "progressista". Progressista?
Este é o estado de um partido onde, após cinco anos de despolitização continuada (foi para isso que serviu a tão proclamada "terceira" via) já nem os responsáveis ousam utilizar a palavra "esquerda". Saberá este geração de dirigentes que o Partido Socialista é, supostamente, de esquerda? Duvidamos. A lavagem ao cérebro, durante o reinado do grande líder, deve ter sido tão grande, que nem eles próprios se apercebem da vacuidade do discurso que utilizam.
Com "amigos" destes, Alegre não necessita de inimigos. Vai, muito provavelmente, perder estas eleições como, de resto, já tinha perdido há cinco anos atrás.
2010/05/30
Eleições já!
Há muito, confesso, que não ia a uma manifestação. Mas, ontem lá desci a Avenida com todo o gosto, juntamente com o RM e estive ao lado de quem eu mais gosto de estar. Não sei se foram 300 000 se foram apenas 150 000, pouco importa.
Para mim estão claríssimas três coisas na actual conjuntura, como sói dizer-se. Primeiramente, este governo está a mais. Por mais voltas e retórica que tentem despejar por cima da evidência, é claro que este governo já devia ter ido à vida há tempo demais porque não serve para resolver o problema que temos, antes o complica. Por trapalhadas bem menos graves, por incompetência bem menos óbvia já outros governos foram para o caixote de lixo da história. Cada minuto que passa com este primeiro ministro à frente deste governo é um minuto a mais de agravamento de uma pena que os portugueses não merecem.
Em seguida --o corolário afinal deste argumento-- este Presidente da República é a causa de uma série de padecimentos pelos quais os portugueses estão a ser obrigados a passar. O PR tem todas a prerrogativas para agir. Não o fazendo tornou-se parte do problema. Uma minoria, um governo minoritário, um presidente é uma fórmula que, temos de convir, não serve o país e agrava o nosso problema. Nem quero imaginar que a ausência de acção por parte do PR se fique a dever a uma agenda pessoal escondida. Ao menos que esta inacção presidencial se fique a dever à inépcia política que todos lhe reconhecemos.
É para mim também, finalmente, claro que nenhum dos protagonistas explícitos ou implícitos desta jornada --PR, PM e o seu governo, AR, centrais sindicais (a presente e a ausente) e restantes parceiros sociais -- que o futuro do país é neste momento uma questão que não parece suscitar preocupação por aí além. Ora, ou o eixo da acção de todos passa a ser claramente o desenvolvimento e a alteração do actual paradigma social e económico em que o país vive, ou Portugal vai ter de ceder a sua concessão a existir e, tal como o concebemos, vai desaparecer a prazo.
Que se lixe a "crise", que a pague quem a provocou. Do que nós precisamos é de mudar, senhoras e cavalheiros.
Precisamos de mudar...! Comecemos por mudar os governantes.
Comecemos por eleições
Para mim estão claríssimas três coisas na actual conjuntura, como sói dizer-se. Primeiramente, este governo está a mais. Por mais voltas e retórica que tentem despejar por cima da evidência, é claro que este governo já devia ter ido à vida há tempo demais porque não serve para resolver o problema que temos, antes o complica. Por trapalhadas bem menos graves, por incompetência bem menos óbvia já outros governos foram para o caixote de lixo da história. Cada minuto que passa com este primeiro ministro à frente deste governo é um minuto a mais de agravamento de uma pena que os portugueses não merecem.
Em seguida --o corolário afinal deste argumento-- este Presidente da República é a causa de uma série de padecimentos pelos quais os portugueses estão a ser obrigados a passar. O PR tem todas a prerrogativas para agir. Não o fazendo tornou-se parte do problema. Uma minoria, um governo minoritário, um presidente é uma fórmula que, temos de convir, não serve o país e agrava o nosso problema. Nem quero imaginar que a ausência de acção por parte do PR se fique a dever a uma agenda pessoal escondida. Ao menos que esta inacção presidencial se fique a dever à inépcia política que todos lhe reconhecemos.
É para mim também, finalmente, claro que nenhum dos protagonistas explícitos ou implícitos desta jornada --PR, PM e o seu governo, AR, centrais sindicais (a presente e a ausente) e restantes parceiros sociais -- que o futuro do país é neste momento uma questão que não parece suscitar preocupação por aí além. Ora, ou o eixo da acção de todos passa a ser claramente o desenvolvimento e a alteração do actual paradigma social e económico em que o país vive, ou Portugal vai ter de ceder a sua concessão a existir e, tal como o concebemos, vai desaparecer a prazo.
Que se lixe a "crise", que a pague quem a provocou. Do que nós precisamos é de mudar, senhoras e cavalheiros.
Precisamos de mudar...! Comecemos por mudar os governantes.
Comecemos por eleições
2010/05/24
O "abafador"
No tempo em que as crianças ainda brincavam com berlindes, havia sempre alguém que aparecia com uns berlindes maiores e mais coloridos que davam pelo nome de "abafadores". Quem possuía um "abafador", tinha o "direito" de roubar os berlindes monocromáticos que valiam "menos".
Nos tempos modernos, as técnicas de "abafamento" tornaram-se mais sofisticadas e são, agora, justificadas com o argumento jurídico da "acção directa".
Ricardo Rodrigues, agindo directamente perante as câmaras, furtou dois gravadores a jornalistas em pleno Parlamento e resolveu entregá-los ao Tribunal, como prova da pressão psicológica a que supostamente estava a ser submetido.
Acontece que - a acreditar nas notícias - os gravadores desapareceram. Ou, estão em parte incerta, o que vai a dar ao mesmo. Não sabemos o que aconteceu aos gravadores, mas sabemos, porque vimos, como eles foram furtados.
Perante tais evidências, pergunta-se o cidadão comum, com razão, quem o protege da lei do mais forte que, pelo simples facto de pertencer ao partido do governo, pode "abafar" a propriedade alheia e não ser perseguido por isso.
Porque das duas uma: ou a cleptomania deixou de ser crime punível por lei e, a partir de agora, qualquer pessoa pode "abafar" o que lhe der na real "gana"; ou o senhor Rodrigues, tem de ser acusado daquilo que ele é - um ladrão - e, como tal, prestar contas do furto que praticou.
Que o deputado do PS não tenha dignidade para se demitir, já é grave. Que o partido ao qual pertence não o demita, é uma ofensa a todos os votantes que escolheram estes deputados para os representarem. Haja vergonha!
Nos tempos modernos, as técnicas de "abafamento" tornaram-se mais sofisticadas e são, agora, justificadas com o argumento jurídico da "acção directa".
Ricardo Rodrigues, agindo directamente perante as câmaras, furtou dois gravadores a jornalistas em pleno Parlamento e resolveu entregá-los ao Tribunal, como prova da pressão psicológica a que supostamente estava a ser submetido.
Acontece que - a acreditar nas notícias - os gravadores desapareceram. Ou, estão em parte incerta, o que vai a dar ao mesmo. Não sabemos o que aconteceu aos gravadores, mas sabemos, porque vimos, como eles foram furtados.
Perante tais evidências, pergunta-se o cidadão comum, com razão, quem o protege da lei do mais forte que, pelo simples facto de pertencer ao partido do governo, pode "abafar" a propriedade alheia e não ser perseguido por isso.
Porque das duas uma: ou a cleptomania deixou de ser crime punível por lei e, a partir de agora, qualquer pessoa pode "abafar" o que lhe der na real "gana"; ou o senhor Rodrigues, tem de ser acusado daquilo que ele é - um ladrão - e, como tal, prestar contas do furto que praticou.
Que o deputado do PS não tenha dignidade para se demitir, já é grave. Que o partido ao qual pertence não o demita, é uma ofensa a todos os votantes que escolheram estes deputados para os representarem. Haja vergonha!
2010/05/21
O baile de máscaras
Hoje foi dia da discussão e votação da moção de censura. O PS obteve uma vitória de espirro. Uma vitória constipada, quero eu dizer. Vem aí a pneumonia, quer eles queiram, quer não. Há-de-lhes cair a máscara, raios me partam!
Falando de máscaras, foi interessante ver os deputados do PS a bater palmas ao chefe, submissos, soltando balidos, envergando aquela máscara de carneiros que tão bem lhes assenta. Foi também interessante ver o PSD com aquelas máscaras duplas. Pela frente, o PSD refilão, que se finge alternativa. Por trás, o PSD oportunista e rasteirinho, sem querer, sem poder ou sem saber utilizar a ocasião soberana que tem pela frente de se tornar uma alternativa real a esta seita miserável que vai mantendo o país estabilizado entre a denegação do escândalo e o presupuesto marketing. Foi e é sempre giro, sei lá, e fresco ver o CDS com a sua máscara de esquerda. Como já viram que se for pela direita não conseguem a ultrapassagem, toca de ultrapassar pela esquerda. Se aplicássemos o Código da Estrada à prática política a acção do CDS estaria dentro das regras. Assim, a esquerda ri-se, a direita reza...
Uma palavra para os partidos de esquerda da AR. O BE usa uma máscara que não se entende bem qual é. Uma máscara que é uma espécie de direito e de avesso ao mesmo tempo. Bem podiam descobrir o rosto e assumir responsabilidades. Que diabo, há lá gente com idade para ter juízo...! Está na altura do desmame. Vamos lá apagar o charro e fazer qualquer coisa mais consequente... O PCP, que tem tido uma actuação política verdadeiramente inenarrável ultimamente, fez, por uma vez, aquilo que tinha de ser feito: apresentou a moção de censura. Era a única resposta possível às malfeitorias que o governo tenta fazer aos portugueses. E a única resposta possível, responsável e coerente dos críticos deste governo era votar a favor! Quem o não fez desmascarou-se. Tem razão o primeiro ministro: uma moção de censura destina-se de facto a derrubar o governo. É isso que Portugal deseja, o PC interpretou bem este sentimento e este governo PS há-de caír seja lá de que maneira for, com mais ou menos estrondo. O PCP tirou a máscara e assumiu-se de cara lavada. Tem razão Jerónimo de Sousa: rompeu-se o contrato celebrado entre os portugueses que votaram PS e o partido. Como aqui escrevi há oito dias, isso de facto só pode conduzir a eleições.
O que nos leva à máscara final. A do amador de joker Cavaco Silva. Então ó senhor Presidente o país precisa de estabilidade?! De qual, desta que estamos a viver?! E precisamos de combater o flagelo número um que é, todos o reconhecemos, o desemprego?! Mas, como?! Com "estabilidade"? Sem programa? Sem política? Com roteiros? Tire a máscara senhor Presidente da República: por menos do que aquilo que agora se está a passar já outros primeiros ministros foram convidados a saír do baile. Se tiver coragem, demita este primeiro ministro, crie um governo de iniciativa presidencial que se reuna na sede própria (na sede da Presidência do Conselho de Ministros e não na sede da Presidência da República) e convoque eleições. A gente encarrega-se de votar, descanse. Nós não queremos estabilidade, queremos clarificação! E competência.
Ou então vai ter de arranjar uma maneira de explicar aos tais desempregados, pelos quais subitamente os bem empregados vertem tantas lágrimas, que quando faltar o pãozinho na mesa, basta a "estabilidade" proporcionada por este governo para saciar a fome.
Falando de máscaras, foi interessante ver os deputados do PS a bater palmas ao chefe, submissos, soltando balidos, envergando aquela máscara de carneiros que tão bem lhes assenta. Foi também interessante ver o PSD com aquelas máscaras duplas. Pela frente, o PSD refilão, que se finge alternativa. Por trás, o PSD oportunista e rasteirinho, sem querer, sem poder ou sem saber utilizar a ocasião soberana que tem pela frente de se tornar uma alternativa real a esta seita miserável que vai mantendo o país estabilizado entre a denegação do escândalo e o presupuesto marketing. Foi e é sempre giro, sei lá, e fresco ver o CDS com a sua máscara de esquerda. Como já viram que se for pela direita não conseguem a ultrapassagem, toca de ultrapassar pela esquerda. Se aplicássemos o Código da Estrada à prática política a acção do CDS estaria dentro das regras. Assim, a esquerda ri-se, a direita reza...
Uma palavra para os partidos de esquerda da AR. O BE usa uma máscara que não se entende bem qual é. Uma máscara que é uma espécie de direito e de avesso ao mesmo tempo. Bem podiam descobrir o rosto e assumir responsabilidades. Que diabo, há lá gente com idade para ter juízo...! Está na altura do desmame. Vamos lá apagar o charro e fazer qualquer coisa mais consequente... O PCP, que tem tido uma actuação política verdadeiramente inenarrável ultimamente, fez, por uma vez, aquilo que tinha de ser feito: apresentou a moção de censura. Era a única resposta possível às malfeitorias que o governo tenta fazer aos portugueses. E a única resposta possível, responsável e coerente dos críticos deste governo era votar a favor! Quem o não fez desmascarou-se. Tem razão o primeiro ministro: uma moção de censura destina-se de facto a derrubar o governo. É isso que Portugal deseja, o PC interpretou bem este sentimento e este governo PS há-de caír seja lá de que maneira for, com mais ou menos estrondo. O PCP tirou a máscara e assumiu-se de cara lavada. Tem razão Jerónimo de Sousa: rompeu-se o contrato celebrado entre os portugueses que votaram PS e o partido. Como aqui escrevi há oito dias, isso de facto só pode conduzir a eleições.
O que nos leva à máscara final. A do amador de joker Cavaco Silva. Então ó senhor Presidente o país precisa de estabilidade?! De qual, desta que estamos a viver?! E precisamos de combater o flagelo número um que é, todos o reconhecemos, o desemprego?! Mas, como?! Com "estabilidade"? Sem programa? Sem política? Com roteiros? Tire a máscara senhor Presidente da República: por menos do que aquilo que agora se está a passar já outros primeiros ministros foram convidados a saír do baile. Se tiver coragem, demita este primeiro ministro, crie um governo de iniciativa presidencial que se reuna na sede própria (na sede da Presidência do Conselho de Ministros e não na sede da Presidência da República) e convoque eleições. A gente encarrega-se de votar, descanse. Nós não queremos estabilidade, queremos clarificação! E competência.
Ou então vai ter de arranjar uma maneira de explicar aos tais desempregados, pelos quais subitamente os bem empregados vertem tantas lágrimas, que quando faltar o pãozinho na mesa, basta a "estabilidade" proporcionada por este governo para saciar a fome.
2010/05/18
Esquizofrenia
Pacheco Pereira ouviu as escutas e declarou hoje, na Comissão de Inquérito, que o material escutado é de uma de gravidade extrema e comprova a tentativa do governo em silenciar a TVI.
Perante esta afirmação, Ricardo Rodrigues, um homem conhecido por não gostar de gravadores, replicou que as escutas - em tanto que material de prova - são ilegais, pelo que se trata de uma violação da justiça.
Temos, assim, provas em escutas e escutas que não podem constituir provas. Uma situação completamente surreal, uma vez que a Comissão solicitou as gravações, o que foi aceite pela Procuradoria da República e, agora, que as gravações podem ser escutadas, os deputados do PS dispensam a sua audição e refutam as conclusões de quem as escutou.
Quem é que, afinal, não está interessado em conhecer a verdade?
Perante esta afirmação, Ricardo Rodrigues, um homem conhecido por não gostar de gravadores, replicou que as escutas - em tanto que material de prova - são ilegais, pelo que se trata de uma violação da justiça.
Temos, assim, provas em escutas e escutas que não podem constituir provas. Uma situação completamente surreal, uma vez que a Comissão solicitou as gravações, o que foi aceite pela Procuradoria da República e, agora, que as gravações podem ser escutadas, os deputados do PS dispensam a sua audição e refutam as conclusões de quem as escutou.
Quem é que, afinal, não está interessado em conhecer a verdade?
2010/05/17
Portunhol
Já conheciamos o inglês "técnico" da Universidade Independente, mas não sabíamos que também existiam cursos de "portunhol" para primeiro-ministros, "pero, se necessitan dos para bailar el tango, no?"
Felizmente, muitos dos presentes estavam a dormir...
Foi hoje em Madrid e o sucesso, segundo Rosa Veloso, foi enorme. "Vale!"
Felizmente, muitos dos presentes estavam a dormir...
Foi hoje em Madrid e o sucesso, segundo Rosa Veloso, foi enorme. "Vale!"
A Comunicação
Há já algumas horas que está a passar em roda-pé nos principais canais televisivos o anúncio de uma comunicação, do Presidente da República, a ser transmitida em horário nobre. Será logo à noite e o assunto é a lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Que motivo poderá levar a presidência da república a anunciar, com tanto destaque, uma comunicação à nação sobre tal tema? E logo no dia contra a homofobia.
Imagino que Cavaco, na "dúvida", se tenha aconselhado com o Papa. Quem melhor do que o chefe da igreja católica para o elucidar?
Aguardo uma comunicação a justificar um veto da lei. Uma lei que o próprio presidente já considerou "fracturante". Espero estar enganado.
Adenda: Afinal, Cavaco Silva, promulgou o diploma. Por motivos "éticos", claro.
Imagino que Cavaco, na "dúvida", se tenha aconselhado com o Papa. Quem melhor do que o chefe da igreja católica para o elucidar?
Aguardo uma comunicação a justificar um veto da lei. Uma lei que o próprio presidente já considerou "fracturante". Espero estar enganado.
Adenda: Afinal, Cavaco Silva, promulgou o diploma. Por motivos "éticos", claro.
2010/05/16
Eleições (3)
Não percebo por que razão a palavra eleições incomoda tanto, tanta gente hoje em dia em Portugal... E não percebo por que raio não pode haver eleições antecipadas.
Repito o que já escrevi aí mais para baixo: alguém desejaria que, depois de lhe roubarem a casa, fosse o ladrão a mudar a fechadura?
Quando é que os arautos das "mudanças estruturais" querem que se mude de facto de paradigma em Portugal? Quando os actuais esbirros do regime estiverem já instalados no novo paradigma?
Repito o que já escrevi aí mais para baixo: alguém desejaria que, depois de lhe roubarem a casa, fosse o ladrão a mudar a fechadura?
Quando é que os arautos das "mudanças estruturais" querem que se mude de facto de paradigma em Portugal? Quando os actuais esbirros do regime estiverem já instalados no novo paradigma?
Baltasar Garzon
Pelo que se passou em Espanha com o juiz Garzon e tendo em conta o tipo de gente que ele incomodou com os processos que levantou, se percebe que a escumalha fascistóide não anda a dormir e que democracia é uma palavra com picos ainda para muita gente.
2010/05/14
Eleições (2)
Deixar que eventuais medidas para controlar o descalabro das contas públicas e da economia portuguesa em geral sejam feitas pelas mesmas pessoas que as deixaram chegar a este estado é o mesmo que ter a casa assaltada e pedir aos ladrões para mudarem a fechadura...
Está na hora de aqueles que têm andado a criticar a governação tomem agora a iniciativa para alterar este rumo.
Está na hora de aqueles que têm andado a criticar a governação tomem agora a iniciativa para alterar este rumo.
2010/05/13
Eleições (1)
As medidas aunciadas hoje pelo governo deveriam conduzir à sua destituição imediata. Tornou-se, a partir deste momento, um governo ilegítimo. A oposição não merece qualquer confiança. As reacções dos partidos de direita são patéticas. As dos partidos de esquerda dão vontade de rir. O PR já devia ter tomado uma posição, mas anda entretido com o Papa. Com toda essa azáfama, resta-lhe, compreensivelmente, pouco tempo para atender aos assuntos sérios do país.
Chegámos a um beco sem saída ao persistirmos nesta solução política. Não se trata de discutir se há ou não TGV, ou se se implementa ou não o PEC. Trata-se de destituir estes políticos!
Os portugueses têm, pois, o direito e o dever de exprimir claramente o que querem que se faça para mudar o rumo dos acontecimentos, já que tudo aquilo que foi feito até agora deu nisto que se sabe. Os portugueses --os portugueses que sustentam tudo isto-- têm o direito e o dever de exprimir o que querem para o seu futuro, uma vez que o contrato democrático que foi estabelecido com todas as forças e personalidades que dirigem os destinos do país foi desvirtuado. Estes políticos têm de obedecer àquilo que os portugueses ordenarem.
Eleições JÁ!
Chegámos a um beco sem saída ao persistirmos nesta solução política. Não se trata de discutir se há ou não TGV, ou se se implementa ou não o PEC. Trata-se de destituir estes políticos!
Os portugueses têm, pois, o direito e o dever de exprimir claramente o que querem que se faça para mudar o rumo dos acontecimentos, já que tudo aquilo que foi feito até agora deu nisto que se sabe. Os portugueses --os portugueses que sustentam tudo isto-- têm o direito e o dever de exprimir o que querem para o seu futuro, uma vez que o contrato democrático que foi estabelecido com todas as forças e personalidades que dirigem os destinos do país foi desvirtuado. Estes políticos têm de obedecer àquilo que os portugueses ordenarem.
Eleições JÁ!
Na Cova dos Leões
"Este livro é porventura um dos mais emblemáticos textos "subversivos" impressos em Portugal durante o salazarismo. Foi escrito por um republicano racionalista e livre-pensador abjurado pela Igreja Católica e pelo regime autoritário e "catolaico" do Estado Novo. Depois, a democracia nascida da revolução de 25 de Abril de 1974 acabou também por o ostracizar"(...)"O livro mais anticlerical de sempre, que desmonta e denuncia a grande e espectacular mentira de Fátima, humilhando a Igreja e a padralhada em geral"
("Na Cova dos Leões", de Tomás da Fonseca, Editora Antígona, 2009)
("Na Cova dos Leões", de Tomás da Fonseca, Editora Antígona, 2009)
2010/05/12
Os portugueses, esse povo manso...
Teixeira dos Santos, antecipando as medidas que o governo se prepara para anunciar, disse hoje esperar contestação social, mas não violência, que os portugueses não são como os gregos...
2010/05/11
Peixes, cardumes e pescadores

Observo-os há vários dias. Estão entre o campista e o jogger. Vestem coletes daqueles reflectores para o carro, roupa sem marca explícita, ténis, uma mochila ou um bornel e muitos andam com um cajado ou bordão (o que será...?), decorado com uns penduricalhos que não consigo distinguir. Não percebo porquê, mas a indumentária masculina inclui frequentemente camuflados e uns chapéus a fazer lembrar o Crocodile Dundee.
Caminham para ir ver o Papa certamente. Caminham muitas vezes em grupo, vão-se juntar a um outro -- previsivelmente -- grande grupo, mas querem sobretudo a salvação individual.
Tirando o 1º de Maio de 1974, nunca vi, antes ou depois, caminhadas colectivas ou grandes ajuntamentos em Portugal, organizados ou espontâneos, com o objectivo de contribuir para o País, como se de um grande colectivo se tratasse. Não há grandes movimentos colectivos de mobilização geral para a salvação colectiva.
Os católicos ajoelham e rastejam perante a possibilidade de salvar a alma, falam com ar compungido da "nova pobreza", alarmam-se com a crise, mas revelam-se totalmente incapazes de se organizarem para colectivamente, enquanto força com expressão social significativa, lhes darem combate. Só lhes interessa a solução individual. Afinal a norma é ajudar "os outros como a ti próprio", não da forma que os outros precisam, mas como tu próprio desejas para ti...
Ouvimos repetidamente -- já sem ligar muito, é certo -- o slogan "Portugal país predominantemente católico", mas nem o facto de o catolicismo ser, alegadamente, a confissão dominante entre a população portuguesa dá a este grupo um sentido de solidariedade que lhe permita ver para além da salvação própria.
Haverá excepções, mas o objectivo procurado, mesmo nos movimentos de solidariedade católica que ainda vão fazendo alguma coisa em prol do colectivo, é sempre o de encontrar a via individual para o tal mundo melhor. Oferecem peixes, sentem-se confortados por oferecerem peixes, mas são raríssimos os movimentos católicos que ensinam a pescar. Uma confissão implícita, afinal, da vacuidade deste cardume. Uma réplica do milagre da multiplicação dos peixes, agora em versão 3D.
Escrevia estas linhas quando, por coincidência, me chega uma nota sobre a publicação de mais uma "Dear Colleague Letter" de Yi-Fu Tuan, o geógrafo americano de origem chinesa de quem já aqui tenho falado várias vezes. Nesta última intitulada "Bobby, the last Kantian in Nazi Germany", Tuan pergunta se a Ética é ou não acerca do outro. Lembra que na tradição hindu e grega a acção se centra na salvação pessoal. Na tradição judaico-cristã, pelo contrário, o foco aponta na direcção do outro. E o outro é o estranho total, nem sequer o vizinho ou mesmo o familar. Nesta tradição, porém, à medida que o individualismo ganha quota de mercado, o outro desvanece-se, cada vez de forma mais ténue.
Com o País em êxtase perante a resplandecência do Santo Padre e com o Presidente da República a ajudar à missa, totalmente incapaz de reunir o rebanho, os princípios da tradição judaico-cristã foram-se definitivamente. A crise segue dentro de momentos.
Que se lixe o outro. Entre cinzas e "mercados", na melhor tradição grega, tratemos mas é de salvar a alminha.
O livro do dia
Se a visita do Papa lhe estragou o dia e não tem programa para hoje, poderá sempre aproveitar para fazer uma visita à feira do Livro de Lisboa.
Entre as muitas curiosidades, e no âmbito do périplo papal, a editora Antígona está a promover o livro "Na Cova dos Leões" de Tomás da Fonseca (1958).
Trata-se de uma obra polémica e corajosa, escrita por um livre pensador republicano, onde é desmistificado o negócio de Fátima. O livro esteve proibido durante o regime salazarista e acabaria por esgotar após o 25 de Abril.
A actual edição, de 2009, está à venda no Pavilhão da editora Antígona. Se lá for, pagará apenas 11,90euros em vez dos 19,90euros habituais.
Há males que vêm por bem...
Entre as muitas curiosidades, e no âmbito do périplo papal, a editora Antígona está a promover o livro "Na Cova dos Leões" de Tomás da Fonseca (1958).
Trata-se de uma obra polémica e corajosa, escrita por um livre pensador republicano, onde é desmistificado o negócio de Fátima. O livro esteve proibido durante o regime salazarista e acabaria por esgotar após o 25 de Abril.
A actual edição, de 2009, está à venda no Pavilhão da editora Antígona. Se lá for, pagará apenas 11,90euros em vez dos 19,90euros habituais.
Há males que vêm por bem...
2010/05/08
Os números do desespero
Em conversa com alguém que trabalha na área da sociologia da medicina, foi-me revelado que é particularmente significativo o número de casos de suicídio ou tentativas de suicídio registados ultimamente. Pelo menos um caso por dia, dizem-me, aparece no banco de um hospital da zona da Grande Lisboa. Num só dia desta semana, foram quatro os casos de tentativas frustradas de suicídio. Gente nova, gente de meia idade e idosos, homens, mulheres, aparece de tudo.
Não sei se se trata de uma situação particular, não sei se as estatísticas confirmam aumento, estagnação ou diminuição do número de suicídios e de tentativas de suicídio relativamente a anos anteriores, não sei se existe algum estudo que esclareça esta situação, corrobore os número ou explique a natureza deste fenómeno. Sei que não será caso "rotineiro" porque terá levado os médicos a estranhar este surto e sei que, em valor absoluto e, em qualquer circunstância, quatro casos de tentativa de suicídio num só dia, num banco de um hospital, não parece ser coisa boa.
Os tempos vão maus, a incerteza perante o dia de amanhã nunca foi tão grande, a falta de soluções é gritante, os horizontes encolhem a cada hora, as desiguladades de oportunidades, a descriminação e as diferenças de tratamento entre os portugueses constituem matéria para procedimento criminal. Há quem derrame lágrimas de crocodilo pela "nova pobreza", há quem se aproveite dela e há quem tenha o poder para a atenuar ou erradicar, mas prefira perpetuá-la por forma a manter privilégios obscenos ou para obedecer a critérios "políticos" nojentos e mesquinhos.
E há quem sofra tudo isto na pele. E haverá seguramente quem, no desespero que resulta de ter de lidar com todos estes problemas opte pelo suicídio. É profundamente triste, mas não é coisa que nos possa, em boa verdade, deixar muito supreendidos.
Isabel Jonet, que dirige o Banco Alimentar, diz, com toda a razão, que atenuar o sofrimento dos pobres (dos novos e dos de sempre, digo eu) não nos deve desviar do objectivo único: acabar com a pobreza. E ilustra o absurdo a que se chegou, chamando a atenção para as recentes medidas relativas ao subsídio de desemprego, desmontando a sua "lógica" verdadeiramente criminosa, que --é mesmo caso para dizer-- se não fosse verdadeiramente trágica, daria uma enorme vontade de rir.
Esperemos, já agora, que tudo isto não perturbe demasiadamente o sono dos responsáveis políticos que conduziram e conduzem o país a este estado.
Os jornais noticiam, entretanto, que aumentou a segurança de certos políticos com medo de algum problema. Não vá algum candidato a suicida enganar-se e, no seu desespero, "suicidar" a pessoa errada...
Não sei se se trata de uma situação particular, não sei se as estatísticas confirmam aumento, estagnação ou diminuição do número de suicídios e de tentativas de suicídio relativamente a anos anteriores, não sei se existe algum estudo que esclareça esta situação, corrobore os número ou explique a natureza deste fenómeno. Sei que não será caso "rotineiro" porque terá levado os médicos a estranhar este surto e sei que, em valor absoluto e, em qualquer circunstância, quatro casos de tentativa de suicídio num só dia, num banco de um hospital, não parece ser coisa boa.
Os tempos vão maus, a incerteza perante o dia de amanhã nunca foi tão grande, a falta de soluções é gritante, os horizontes encolhem a cada hora, as desiguladades de oportunidades, a descriminação e as diferenças de tratamento entre os portugueses constituem matéria para procedimento criminal. Há quem derrame lágrimas de crocodilo pela "nova pobreza", há quem se aproveite dela e há quem tenha o poder para a atenuar ou erradicar, mas prefira perpetuá-la por forma a manter privilégios obscenos ou para obedecer a critérios "políticos" nojentos e mesquinhos.
E há quem sofra tudo isto na pele. E haverá seguramente quem, no desespero que resulta de ter de lidar com todos estes problemas opte pelo suicídio. É profundamente triste, mas não é coisa que nos possa, em boa verdade, deixar muito supreendidos.
Isabel Jonet, que dirige o Banco Alimentar, diz, com toda a razão, que atenuar o sofrimento dos pobres (dos novos e dos de sempre, digo eu) não nos deve desviar do objectivo único: acabar com a pobreza. E ilustra o absurdo a que se chegou, chamando a atenção para as recentes medidas relativas ao subsídio de desemprego, desmontando a sua "lógica" verdadeiramente criminosa, que --é mesmo caso para dizer-- se não fosse verdadeiramente trágica, daria uma enorme vontade de rir.
Esperemos, já agora, que tudo isto não perturbe demasiadamente o sono dos responsáveis políticos que conduziram e conduzem o país a este estado.
Os jornais noticiam, entretanto, que aumentou a segurança de certos políticos com medo de algum problema. Não vá algum candidato a suicida enganar-se e, no seu desespero, "suicidar" a pessoa errada...
2010/05/06
A Corporação
Passadas mais de 24 horas sobre a transmissão das imagens que mostram o furto de dois gravadores por um deputado do PS em pleno parlamento, o partido que mais se reclama da ética republicana continua a defender um acto indefensável, qualquer que seja o ponto de vista em que nos coloquemos. De Soares a Assis, de Gama a Maria de Belém, todos procuram uma justificação para algo que deviam ser os primeiros a condenar. Chega a ser patética esta forma de corporativismo, só possível em países com um fraco nível de tradição democrática e onde os detentores de cargos públicos confundem o poder que representam com absoluto poder. Em qualquer democracia avançada, Ricardo Rodrigues, caso não tomasse a iniciativa de pôr o lugar à disposição, seria obviamente demitido, única forma de preservar a honra da sua bancada. Ao recusar criticar explicitamente o seu deputado, o Partido Socialista não só não contribui para melhorar a imagem de um parlamento desprestigiado, como mostra o seu lado mais tenebroso: o de uma agremiação com tiques mafiosos que não olha a meios para atingir os seus fins. Quem pensa esta gente que é?
2010/05/02
Dos piratas somalis aos especuladores, passando pelas agências de rating
A pirataria somali está aí desde há mais de dez anos. Começou por atacar ocasionalmente pequenos navios pesqueiros envolvidos em actividades de pesca ilegal nas costas da Somália, oriundos, sobretudo, daquela região do globo. Por essa razão pouco se falava do assunto. A frequência dos ataques, entretanto, aumentou (os ataques são já, segundo se diz [1], diários), bem como o tamanho dos navios capturados, a sua nacionalidade e a área de actuação dos piratas. Hoje a actividade destes não se limita às costas somali e, no que diz respeito a alvos, grandes cargueiros, navios-tanque, navios de passageiros, marcha tudo! De actividade "artesanal", a pirataria somali transformou-se em "indústria" pujante.
A expressão que o problema ganhou, a frequência e, sobretudo, a sua internacionalização, levaram a chamada "comunidade internacional" a tocar a reunir, fazendo aumentar a presença militar na zona, numa "rara demonstração de unidade de países que se hostilizam abertamente, ou que, pelo menos, vêem qualquer cooperação com prudência." [2]
As raízes da pirataria somali são complexas e, na sua origem, até nem me parecem totalmente destituídas de razão. O depósito de resíduos tóxicos e a pescaria ilegal de outros países afectaram seriamente a economia da região e os pescadores somalis limitaram-se a ripostar com o que tinham à mão. Uma parte significativa dos piratas é, de resto, constituída por ex-pescadores, considerados os cérebros destas operações pelo conhecimento que têm do mar. O problema é que o "negócio" ganhou outra dimensão e ganhou, sobretudo, uma dimensão transnacional que levou ao envolvimento e à procura de soluções pelas diversas instituições internacionais. Nesta perspectiva, a pirataria somali passou a ser um problema de atentado à soberania das nações e aos princípios do direito internacional.
Perante um problema de soberania, consubstanciado no ataque aos seus navios, os Estados não hesitaram em se unir e tomar medidas. Pouco interessa que na origem deste problema esteja a ganância de alguns Estados que agora vêm reclamar a legalidade internacional, desrespeitada por eles originalmente. Princípios actuais de direito marítimo internacional e de soberania foram desrespeitados e a reacção foi responder com energia e sem tibiezas. É o inatacável primado do direito sobre a barbárie.
São José Almeida voltou a escrever ontem no Público sobre a "empresarialização" dos Estados num artigo corajoso chamado "De Novo a Portugal, S.A.." Em causa mais uma vez (um artigo anterior tratava do mesmo assunto) o problema da actuação das agências de rating. A pergunta que a autora faz é simples: "é normal que os países sejam avaliados e se comportem como se de empresas se tratasse?"
Como vai acabar "a situação internacional," pergunta a autora, agora que "a economia do mundo passou a ser explicitamente controlada e governada por meia dúzia de empresas financeiras, mais concretamente de bancos, e em que os políticos e os governos dos Estados recebem delas as ordens, as regras e as orientações de procedimento?" É, como nota a articulista, a soberania dos países que está em causa.
A analogia com a pirataria somali é adequada, penso eu. Os piratas são neste caso eufemisticamente apelidados de mercados, mas não creio que haja qualquer diferença entre aquilo que está a ser feito contra as economias de países soberanos, como Portugal e Grécia, e o que se pratica nas costas da Somália. Tal como no caso da pirataria somali, a acção dos "mercados" (a.k.a "especuladores") começou por uns pequenos navios pesqueiros, operando localmente. Em breve vai apanhar, toda a gente o prediz, navios grandes e pequenos, navegando em águas locais e internacionais, e em vez de serem esporádicos e calculados, os ataques vão passar a ser permanentes e atingir tudo o que mexe, enquanto mexe.
A resposta internacional é que é, ao contrário do caso da pirataria somali, é infelizmente de uma tibieza e de um "moralismo" perfeitamente indesculpáveis. Não se vislumbra, como no caso da reacção soberana aos ataques dos piratas nas costas da Somália, uma "demonstração inequívoca de unidade entre os países."
O caso da Alemanha então é, quanto a mim, perfeitamente vergonhoso. Este país, sobretudo este país, não parece ter percebido (e já há décadas que o devia perceber...) que não há alternativa: ou está do lado dos piratas ou do lado das suas vítimas.
PS- Cf. aqui algumas notas interessantes sobre a possível escalada deste movimento especulativo.
A ditadura voltou
O jogo Porto-Benfica gerou uma operação policial de dimensão nunca vista. Os responsáveis policiais asseguram que tudo está previsto, todos os pormenores foram cuidadosamente analisados, um número obsceno de agentes da autoridade foi destacado para vigiar os potenciais prevaricadores, os meios usados fazem lembrar a cidade de Juarez.
As vias de circulação são cortadas para aumentar a segurança. Imagino o que os desgraçados moradores das zonas atingidas por este tsunami futebolístico não estarão a passar. É um verdadeiro estado de sítio este que foi criado à volta deste jogo. A paisagem policial expande-se, começa em Lisboa e termina no Porto.
Toda a gente aguarda a catástrofe.
A imprensa começa por carregar. "Não acha que isto vai acabar mal...?" "Pensa que as medidas são suficientes...?" "Vamos deixar o aspecto desportivo e vamo-nos concentrar nos incidentes de ontem..."
Claro que o cidadão normal, adepto ou não de futebol, não pode deixar de se interrogar sobre tudo isto. E não pode deixar de perguntar, para começar, quanto é que isto custa aos cofres do Estado, quanto é que esta mega-operação vai pesar no orçamento, nesta época de vacas magras. Ao mesmo tempo, não pode deixar de constatar que não tem alternativa perante tudo isto. O futebol manda e manda quem pode. É, como disse, um verdadeiro estado de sítio este que vivemos, só falta decretá-lo oficialmente.
Não podemos deixar de nos considerar vítimas da ditadura do futebol.
As vias de circulação são cortadas para aumentar a segurança. Imagino o que os desgraçados moradores das zonas atingidas por este tsunami futebolístico não estarão a passar. É um verdadeiro estado de sítio este que foi criado à volta deste jogo. A paisagem policial expande-se, começa em Lisboa e termina no Porto.
Toda a gente aguarda a catástrofe.
A imprensa começa por carregar. "Não acha que isto vai acabar mal...?" "Pensa que as medidas são suficientes...?" "Vamos deixar o aspecto desportivo e vamo-nos concentrar nos incidentes de ontem..."
Claro que o cidadão normal, adepto ou não de futebol, não pode deixar de se interrogar sobre tudo isto. E não pode deixar de perguntar, para começar, quanto é que isto custa aos cofres do Estado, quanto é que esta mega-operação vai pesar no orçamento, nesta época de vacas magras. Ao mesmo tempo, não pode deixar de constatar que não tem alternativa perante tudo isto. O futebol manda e manda quem pode. É, como disse, um verdadeiro estado de sítio este que vivemos, só falta decretá-lo oficialmente.
Não podemos deixar de nos considerar vítimas da ditadura do futebol.
2010/05/01
As obras da discórdia
O governo insiste no prosseguimento das obras faraónicas que estavam planeadas: TGV, aeroporto, auto-estradas, terceira travessia do Tejo, etc. É uma posição reveladora de um voluntarismo totalmente irresponsável.
A oposição em bloco, rejeita. O PR aconselha a "reponderar". O governo, como disse, coerentemente insiste, embora se perceba que a questão também não deve ser ser consensual e pode abrir brechas na muralha socrática.
A verdade é que, à semelhança do que se passa com questões como a avaliação do impacto orçamental da redução do subsídio do desemprego, o governo deve conhecer tanto do impacto destas obras, como um burro sabe tocar lira (*).
Na dúvida, pensa o governo, é preferível a fuga para a frente.
O que já não parece, de todo, correcto é que a oposição e o PR não levem a sua crítica até às últimas consequências. E, assim, as razões da sua discordância morrem com essa inconsequência. Porque se limitam a criticar se podem, afinal, agir em função dessa crítica? Estamos ou não estamos a falar de coisas sérias? Estas obras vão ou não vão de facto deixar-nos ainda mais de tanga por muito tempo?
Se as obras são boas o governo tem razão, mas se as obras são más e o governo teima em executá-las vão deixar?! Serão co-responsáveis inevitavelmente.
Se é criticável que, no quadro de restrições orçamentais actuais, o governo decida reiteradamente avançar com obras cujo benefício suscita dúvidas, penso que ainda é mais criticável que a oposição, por um lado e o PR, por outro, manifestem publica e veementemente essas dúvidas, critiquem esta estratégia e não levem a sua crítica até ao extremo da sua acção. Parece a velha história do "agarrem-me senão eu mato-o"!
O governo propiciou aqui um confronto real de posições que conduz a uma oportunidade única para os partidos da oposição e o PR exercerem de forma coerente as suas prerrogativas. Mais retórica é que não!
(*) Como dizia a Morte do Lavrador da Boémia.
A oposição em bloco, rejeita. O PR aconselha a "reponderar". O governo, como disse, coerentemente insiste, embora se perceba que a questão também não deve ser ser consensual e pode abrir brechas na muralha socrática.
A verdade é que, à semelhança do que se passa com questões como a avaliação do impacto orçamental da redução do subsídio do desemprego, o governo deve conhecer tanto do impacto destas obras, como um burro sabe tocar lira (*).
Na dúvida, pensa o governo, é preferível a fuga para a frente.
O que já não parece, de todo, correcto é que a oposição e o PR não levem a sua crítica até às últimas consequências. E, assim, as razões da sua discordância morrem com essa inconsequência. Porque se limitam a criticar se podem, afinal, agir em função dessa crítica? Estamos ou não estamos a falar de coisas sérias? Estas obras vão ou não vão de facto deixar-nos ainda mais de tanga por muito tempo?
Se as obras são boas o governo tem razão, mas se as obras são más e o governo teima em executá-las vão deixar?! Serão co-responsáveis inevitavelmente.
Se é criticável que, no quadro de restrições orçamentais actuais, o governo decida reiteradamente avançar com obras cujo benefício suscita dúvidas, penso que ainda é mais criticável que a oposição, por um lado e o PR, por outro, manifestem publica e veementemente essas dúvidas, critiquem esta estratégia e não levem a sua crítica até ao extremo da sua acção. Parece a velha história do "agarrem-me senão eu mato-o"!
O governo propiciou aqui um confronto real de posições que conduz a uma oportunidade única para os partidos da oposição e o PR exercerem de forma coerente as suas prerrogativas. Mais retórica é que não!
(*) Como dizia a Morte do Lavrador da Boémia.
Indústrias criativas
Estamos a viver uma situação verdadeiramente sui generis em Portugal. O governo quer fazer o que quer. Tem a legitimidade governativa para o fazer. Mas a oposição não quer que o governo faça o que quer. Quer que o governo faça o que ela quer. Mas sem a legitimidade governativa. Embora com outra legitimidade para assim proceder, por ser maioria. O governo divide-se. Uma parte anuncia que quer fazer o que quer. Outra parte anuncia que quer fazer o que a oposição quer. Assim, a oposição faz o que quer, sem querer e sem ter legitimidade para o fazer, e o governo faz de oposição a si próprio já que vemos a oposição a limitar-se a querer fazer de governo. Sem poder.
Nem tudo o que o governo quer e faz, nem tudo o que a oposição quer ou pode fazer, porém, interessam minimamente ao País.
Mas governo, oposição, presidente da república, presidente do supremo, procuradores, procurados e demais individualidades, excelências, lá teimam em ir fazendo o que querem e o que não devem. Sem pudor.
O País vai assistindo a tudo isto, atónito e exaurido, com os seus horizontes cada vez mais acanhados. Iminentemente teso, vai ouvindo dizer que cada português deve não sei quantos milhões ao estrangeiro. Iminentemente aterrado, vai assistindo aos "ataques" dos "mercados" --que fazem o que querem e querem o que fazem, com ou sem legitimidade, pouco importa. Iminentemente incrédulo, vai ouvindo falar, de uma crise sem precedentes e de uma situação excepcional, que requer medidas excepcionais.
O País ouve falar da crise, observa a proeminente curva abdominal dos seus anafados arautos, repara no anel brilhante que reluz nos seus dedos, olha para a sua própria barriga encolhida, para os seus dedos desanelados, e deduz, com sabedoria, que a excepção das medidas excepcionais vai pesar sobre as costas dos clientes habituais.
Enquanto, olha para tudo isto, teso, aterrado e incrédulo, o País vai vendo o desfile carnavalesco das inacreditáveis comissões de inquérito e suas inúteis inquirições. Vai-se dando conta de que a máquina de produção de escândalos os cospe a uma cadência incomensuravelmente maior do que a capacidade das ditas comissões para os investigar. Vai-se dando conta de que a máquina judiciária não pode nisto ajudar porque gripou. Vai olhando para os gestores da massa falida pagos a peso de ouro, que conduzem grandes carros puxados por juntas de boys. Vai ouvindo falar das viagens da Medeiros e das incríveis justificações inventadas para as pagar. Vai ouvindo falar de uns submarinos que assentam que nem luvas nos desígnios de não se sabe bem ainda quem, embora se suspeite. Submarinos que, à falta de batalha naval, serão preciosos --as excelências têm disso a certeza-- para vigiar um mar cuja exploração o senhor presidente da república acha que pode no futuro --quando os submarinos já estiverem, quiçá, a precisar de peças novas-- ajudar a evitar que a economia meta ainda mais água. O País vai sendo seduzido, tele-guiado, conduzido a aceitar uns megaprojectos absurdos, de méritos e propósitos duvidosos ou mesmo estruturantemente inúteis. Projectos que lhe são enfiados pela goela abaixo, à força e sem dó, e lhe custarão um dinheirão, que o País não tem, mas que as agências de rating vão cuidando que lhe saia a um preço que os grandes especuladores farão o favor, sem preço, de o obrigar a pagar. Se não pagarem desce-lhe o rating para ter de pagar mais! Assim o País já tem objectivos pelos quais pode lutar. Luta para pagar o preço dos olhos da cara que tudo isto lhe vai custar, pelos séculos dos séculos que aí hão-de vir, amen, amen!, que o País vai afinal poder parar porque o Papa vai cá estar e que jeito que vai dar.
Certamente por tudo isto se fala hoje tanto --e mais uma vez com a ajuda preciosa do senhor presidente da república-- de "indústrias criativas."
Porque tudo o que aqui se passa hoje, em matéria de orientação e actuação política, é de facto o produto de uma pujante, dinâmica, eficiente e nunca como hoje tão espantosamente delirante, indústria criativa. Qual música, qual pintura, qual literatura, qual teatro! A criatividade mudou-se hoje para a política. De S. Bento a Belém está estendida uma linha de montagem que cria fa(c)tos às riscas, à medida destes artistas, moda radical com casaco de banda larga, gravata bordada a ponto-crise e PEC à tiracolo.
A pachorra para aturar tudo isto é que já há muito se esgotou. Trata-se de uma linha de montagem cujo turno era urgente substituir.
Nem tudo o que o governo quer e faz, nem tudo o que a oposição quer ou pode fazer, porém, interessam minimamente ao País.
Mas governo, oposição, presidente da república, presidente do supremo, procuradores, procurados e demais individualidades, excelências, lá teimam em ir fazendo o que querem e o que não devem. Sem pudor.
O País vai assistindo a tudo isto, atónito e exaurido, com os seus horizontes cada vez mais acanhados. Iminentemente teso, vai ouvindo dizer que cada português deve não sei quantos milhões ao estrangeiro. Iminentemente aterrado, vai assistindo aos "ataques" dos "mercados" --que fazem o que querem e querem o que fazem, com ou sem legitimidade, pouco importa. Iminentemente incrédulo, vai ouvindo falar, de uma crise sem precedentes e de uma situação excepcional, que requer medidas excepcionais.
O País ouve falar da crise, observa a proeminente curva abdominal dos seus anafados arautos, repara no anel brilhante que reluz nos seus dedos, olha para a sua própria barriga encolhida, para os seus dedos desanelados, e deduz, com sabedoria, que a excepção das medidas excepcionais vai pesar sobre as costas dos clientes habituais.
Enquanto, olha para tudo isto, teso, aterrado e incrédulo, o País vai vendo o desfile carnavalesco das inacreditáveis comissões de inquérito e suas inúteis inquirições. Vai-se dando conta de que a máquina de produção de escândalos os cospe a uma cadência incomensuravelmente maior do que a capacidade das ditas comissões para os investigar. Vai-se dando conta de que a máquina judiciária não pode nisto ajudar porque gripou. Vai olhando para os gestores da massa falida pagos a peso de ouro, que conduzem grandes carros puxados por juntas de boys. Vai ouvindo falar das viagens da Medeiros e das incríveis justificações inventadas para as pagar. Vai ouvindo falar de uns submarinos que assentam que nem luvas nos desígnios de não se sabe bem ainda quem, embora se suspeite. Submarinos que, à falta de batalha naval, serão preciosos --as excelências têm disso a certeza-- para vigiar um mar cuja exploração o senhor presidente da república acha que pode no futuro --quando os submarinos já estiverem, quiçá, a precisar de peças novas-- ajudar a evitar que a economia meta ainda mais água. O País vai sendo seduzido, tele-guiado, conduzido a aceitar uns megaprojectos absurdos, de méritos e propósitos duvidosos ou mesmo estruturantemente inúteis. Projectos que lhe são enfiados pela goela abaixo, à força e sem dó, e lhe custarão um dinheirão, que o País não tem, mas que as agências de rating vão cuidando que lhe saia a um preço que os grandes especuladores farão o favor, sem preço, de o obrigar a pagar. Se não pagarem desce-lhe o rating para ter de pagar mais! Assim o País já tem objectivos pelos quais pode lutar. Luta para pagar o preço dos olhos da cara que tudo isto lhe vai custar, pelos séculos dos séculos que aí hão-de vir, amen, amen!, que o País vai afinal poder parar porque o Papa vai cá estar e que jeito que vai dar.
Certamente por tudo isto se fala hoje tanto --e mais uma vez com a ajuda preciosa do senhor presidente da república-- de "indústrias criativas."
Porque tudo o que aqui se passa hoje, em matéria de orientação e actuação política, é de facto o produto de uma pujante, dinâmica, eficiente e nunca como hoje tão espantosamente delirante, indústria criativa. Qual música, qual pintura, qual literatura, qual teatro! A criatividade mudou-se hoje para a política. De S. Bento a Belém está estendida uma linha de montagem que cria fa(c)tos às riscas, à medida destes artistas, moda radical com casaco de banda larga, gravata bordada a ponto-crise e PEC à tiracolo.
A pachorra para aturar tudo isto é que já há muito se esgotou. Trata-se de uma linha de montagem cujo turno era urgente substituir.
2010/04/29
Tão amigos que eles são...
A reunião de S. Bento, entre os líderes dos partidos responsáveis pelo estado a que isto tudo chegou, trouxe - como era previsível - mais do mesmo: uma mão cheia de nada.
Não foram anunciadas quaisquer medidas de fundo, destinadas a conter o actual descalabro financeiro em que se encontra o país; não foi anunciada qualquer redução nas despesas com as obras faraónicas anunciadas; não foi pedida qualquer contenção salarial a administradores do estado, políticos no activo ou funcionários com mordomias acima de qualquer relação com a realidade; não foram anunciadas quaisquer tributações fiscais especiais aos bancos, especuladores ou capitais colocados em "off-shores".
Ao contrário, as únicas medidas explicitamente anunciadas, foram as reduções nas prestações sociais. A partir de agora, quem estiver desempregado, não poderá receber mais do que 75% do último salário líquido recebido. Para não se habituar a estar desempregado, dizem-nos...
Por alguma razão, o "pai da democracia" já veio apadrinhar este acordo do bloco central de interesses e a reafirmar o seu apreço pelo líder da oposição "que é suficientemente inteligente para não querer agora o poder, mas que soube compreender o difícil momento que atravessa a nação".
Uns queridos, estes "padrinhos".
Não foram anunciadas quaisquer medidas de fundo, destinadas a conter o actual descalabro financeiro em que se encontra o país; não foi anunciada qualquer redução nas despesas com as obras faraónicas anunciadas; não foi pedida qualquer contenção salarial a administradores do estado, políticos no activo ou funcionários com mordomias acima de qualquer relação com a realidade; não foram anunciadas quaisquer tributações fiscais especiais aos bancos, especuladores ou capitais colocados em "off-shores".
Ao contrário, as únicas medidas explicitamente anunciadas, foram as reduções nas prestações sociais. A partir de agora, quem estiver desempregado, não poderá receber mais do que 75% do último salário líquido recebido. Para não se habituar a estar desempregado, dizem-nos...
Por alguma razão, o "pai da democracia" já veio apadrinhar este acordo do bloco central de interesses e a reafirmar o seu apreço pelo líder da oposição "que é suficientemente inteligente para não querer agora o poder, mas que soube compreender o difícil momento que atravessa a nação".
Uns queridos, estes "padrinhos".
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