Deixar que eventuais medidas para controlar o descalabro das contas públicas e da economia portuguesa em geral sejam feitas pelas mesmas pessoas que as deixaram chegar a este estado é o mesmo que ter a casa assaltada e pedir aos ladrões para mudarem a fechadura...
Está na hora de aqueles que têm andado a criticar a governação tomem agora a iniciativa para alterar este rumo.
2010/05/14
2010/05/13
Eleições (1)
As medidas aunciadas hoje pelo governo deveriam conduzir à sua destituição imediata. Tornou-se, a partir deste momento, um governo ilegítimo. A oposição não merece qualquer confiança. As reacções dos partidos de direita são patéticas. As dos partidos de esquerda dão vontade de rir. O PR já devia ter tomado uma posição, mas anda entretido com o Papa. Com toda essa azáfama, resta-lhe, compreensivelmente, pouco tempo para atender aos assuntos sérios do país.
Chegámos a um beco sem saída ao persistirmos nesta solução política. Não se trata de discutir se há ou não TGV, ou se se implementa ou não o PEC. Trata-se de destituir estes políticos!
Os portugueses têm, pois, o direito e o dever de exprimir claramente o que querem que se faça para mudar o rumo dos acontecimentos, já que tudo aquilo que foi feito até agora deu nisto que se sabe. Os portugueses --os portugueses que sustentam tudo isto-- têm o direito e o dever de exprimir o que querem para o seu futuro, uma vez que o contrato democrático que foi estabelecido com todas as forças e personalidades que dirigem os destinos do país foi desvirtuado. Estes políticos têm de obedecer àquilo que os portugueses ordenarem.
Eleições JÁ!
Chegámos a um beco sem saída ao persistirmos nesta solução política. Não se trata de discutir se há ou não TGV, ou se se implementa ou não o PEC. Trata-se de destituir estes políticos!
Os portugueses têm, pois, o direito e o dever de exprimir claramente o que querem que se faça para mudar o rumo dos acontecimentos, já que tudo aquilo que foi feito até agora deu nisto que se sabe. Os portugueses --os portugueses que sustentam tudo isto-- têm o direito e o dever de exprimir o que querem para o seu futuro, uma vez que o contrato democrático que foi estabelecido com todas as forças e personalidades que dirigem os destinos do país foi desvirtuado. Estes políticos têm de obedecer àquilo que os portugueses ordenarem.
Eleições JÁ!
Na Cova dos Leões
"Este livro é porventura um dos mais emblemáticos textos "subversivos" impressos em Portugal durante o salazarismo. Foi escrito por um republicano racionalista e livre-pensador abjurado pela Igreja Católica e pelo regime autoritário e "catolaico" do Estado Novo. Depois, a democracia nascida da revolução de 25 de Abril de 1974 acabou também por o ostracizar"(...)"O livro mais anticlerical de sempre, que desmonta e denuncia a grande e espectacular mentira de Fátima, humilhando a Igreja e a padralhada em geral"
("Na Cova dos Leões", de Tomás da Fonseca, Editora Antígona, 2009)
("Na Cova dos Leões", de Tomás da Fonseca, Editora Antígona, 2009)
2010/05/12
Os portugueses, esse povo manso...
Teixeira dos Santos, antecipando as medidas que o governo se prepara para anunciar, disse hoje esperar contestação social, mas não violência, que os portugueses não são como os gregos...
2010/05/11
Peixes, cardumes e pescadores

Observo-os há vários dias. Estão entre o campista e o jogger. Vestem coletes daqueles reflectores para o carro, roupa sem marca explícita, ténis, uma mochila ou um bornel e muitos andam com um cajado ou bordão (o que será...?), decorado com uns penduricalhos que não consigo distinguir. Não percebo porquê, mas a indumentária masculina inclui frequentemente camuflados e uns chapéus a fazer lembrar o Crocodile Dundee.
Caminham para ir ver o Papa certamente. Caminham muitas vezes em grupo, vão-se juntar a um outro -- previsivelmente -- grande grupo, mas querem sobretudo a salvação individual.
Tirando o 1º de Maio de 1974, nunca vi, antes ou depois, caminhadas colectivas ou grandes ajuntamentos em Portugal, organizados ou espontâneos, com o objectivo de contribuir para o País, como se de um grande colectivo se tratasse. Não há grandes movimentos colectivos de mobilização geral para a salvação colectiva.
Os católicos ajoelham e rastejam perante a possibilidade de salvar a alma, falam com ar compungido da "nova pobreza", alarmam-se com a crise, mas revelam-se totalmente incapazes de se organizarem para colectivamente, enquanto força com expressão social significativa, lhes darem combate. Só lhes interessa a solução individual. Afinal a norma é ajudar "os outros como a ti próprio", não da forma que os outros precisam, mas como tu próprio desejas para ti...
Ouvimos repetidamente -- já sem ligar muito, é certo -- o slogan "Portugal país predominantemente católico", mas nem o facto de o catolicismo ser, alegadamente, a confissão dominante entre a população portuguesa dá a este grupo um sentido de solidariedade que lhe permita ver para além da salvação própria.
Haverá excepções, mas o objectivo procurado, mesmo nos movimentos de solidariedade católica que ainda vão fazendo alguma coisa em prol do colectivo, é sempre o de encontrar a via individual para o tal mundo melhor. Oferecem peixes, sentem-se confortados por oferecerem peixes, mas são raríssimos os movimentos católicos que ensinam a pescar. Uma confissão implícita, afinal, da vacuidade deste cardume. Uma réplica do milagre da multiplicação dos peixes, agora em versão 3D.
Escrevia estas linhas quando, por coincidência, me chega uma nota sobre a publicação de mais uma "Dear Colleague Letter" de Yi-Fu Tuan, o geógrafo americano de origem chinesa de quem já aqui tenho falado várias vezes. Nesta última intitulada "Bobby, the last Kantian in Nazi Germany", Tuan pergunta se a Ética é ou não acerca do outro. Lembra que na tradição hindu e grega a acção se centra na salvação pessoal. Na tradição judaico-cristã, pelo contrário, o foco aponta na direcção do outro. E o outro é o estranho total, nem sequer o vizinho ou mesmo o familar. Nesta tradição, porém, à medida que o individualismo ganha quota de mercado, o outro desvanece-se, cada vez de forma mais ténue.
Com o País em êxtase perante a resplandecência do Santo Padre e com o Presidente da República a ajudar à missa, totalmente incapaz de reunir o rebanho, os princípios da tradição judaico-cristã foram-se definitivamente. A crise segue dentro de momentos.
Que se lixe o outro. Entre cinzas e "mercados", na melhor tradição grega, tratemos mas é de salvar a alminha.
O livro do dia
Se a visita do Papa lhe estragou o dia e não tem programa para hoje, poderá sempre aproveitar para fazer uma visita à feira do Livro de Lisboa.
Entre as muitas curiosidades, e no âmbito do périplo papal, a editora Antígona está a promover o livro "Na Cova dos Leões" de Tomás da Fonseca (1958).
Trata-se de uma obra polémica e corajosa, escrita por um livre pensador republicano, onde é desmistificado o negócio de Fátima. O livro esteve proibido durante o regime salazarista e acabaria por esgotar após o 25 de Abril.
A actual edição, de 2009, está à venda no Pavilhão da editora Antígona. Se lá for, pagará apenas 11,90euros em vez dos 19,90euros habituais.
Há males que vêm por bem...
Entre as muitas curiosidades, e no âmbito do périplo papal, a editora Antígona está a promover o livro "Na Cova dos Leões" de Tomás da Fonseca (1958).
Trata-se de uma obra polémica e corajosa, escrita por um livre pensador republicano, onde é desmistificado o negócio de Fátima. O livro esteve proibido durante o regime salazarista e acabaria por esgotar após o 25 de Abril.
A actual edição, de 2009, está à venda no Pavilhão da editora Antígona. Se lá for, pagará apenas 11,90euros em vez dos 19,90euros habituais.
Há males que vêm por bem...
2010/05/08
Os números do desespero
Em conversa com alguém que trabalha na área da sociologia da medicina, foi-me revelado que é particularmente significativo o número de casos de suicídio ou tentativas de suicídio registados ultimamente. Pelo menos um caso por dia, dizem-me, aparece no banco de um hospital da zona da Grande Lisboa. Num só dia desta semana, foram quatro os casos de tentativas frustradas de suicídio. Gente nova, gente de meia idade e idosos, homens, mulheres, aparece de tudo.
Não sei se se trata de uma situação particular, não sei se as estatísticas confirmam aumento, estagnação ou diminuição do número de suicídios e de tentativas de suicídio relativamente a anos anteriores, não sei se existe algum estudo que esclareça esta situação, corrobore os número ou explique a natureza deste fenómeno. Sei que não será caso "rotineiro" porque terá levado os médicos a estranhar este surto e sei que, em valor absoluto e, em qualquer circunstância, quatro casos de tentativa de suicídio num só dia, num banco de um hospital, não parece ser coisa boa.
Os tempos vão maus, a incerteza perante o dia de amanhã nunca foi tão grande, a falta de soluções é gritante, os horizontes encolhem a cada hora, as desiguladades de oportunidades, a descriminação e as diferenças de tratamento entre os portugueses constituem matéria para procedimento criminal. Há quem derrame lágrimas de crocodilo pela "nova pobreza", há quem se aproveite dela e há quem tenha o poder para a atenuar ou erradicar, mas prefira perpetuá-la por forma a manter privilégios obscenos ou para obedecer a critérios "políticos" nojentos e mesquinhos.
E há quem sofra tudo isto na pele. E haverá seguramente quem, no desespero que resulta de ter de lidar com todos estes problemas opte pelo suicídio. É profundamente triste, mas não é coisa que nos possa, em boa verdade, deixar muito supreendidos.
Isabel Jonet, que dirige o Banco Alimentar, diz, com toda a razão, que atenuar o sofrimento dos pobres (dos novos e dos de sempre, digo eu) não nos deve desviar do objectivo único: acabar com a pobreza. E ilustra o absurdo a que se chegou, chamando a atenção para as recentes medidas relativas ao subsídio de desemprego, desmontando a sua "lógica" verdadeiramente criminosa, que --é mesmo caso para dizer-- se não fosse verdadeiramente trágica, daria uma enorme vontade de rir.
Esperemos, já agora, que tudo isto não perturbe demasiadamente o sono dos responsáveis políticos que conduziram e conduzem o país a este estado.
Os jornais noticiam, entretanto, que aumentou a segurança de certos políticos com medo de algum problema. Não vá algum candidato a suicida enganar-se e, no seu desespero, "suicidar" a pessoa errada...
Não sei se se trata de uma situação particular, não sei se as estatísticas confirmam aumento, estagnação ou diminuição do número de suicídios e de tentativas de suicídio relativamente a anos anteriores, não sei se existe algum estudo que esclareça esta situação, corrobore os número ou explique a natureza deste fenómeno. Sei que não será caso "rotineiro" porque terá levado os médicos a estranhar este surto e sei que, em valor absoluto e, em qualquer circunstância, quatro casos de tentativa de suicídio num só dia, num banco de um hospital, não parece ser coisa boa.
Os tempos vão maus, a incerteza perante o dia de amanhã nunca foi tão grande, a falta de soluções é gritante, os horizontes encolhem a cada hora, as desiguladades de oportunidades, a descriminação e as diferenças de tratamento entre os portugueses constituem matéria para procedimento criminal. Há quem derrame lágrimas de crocodilo pela "nova pobreza", há quem se aproveite dela e há quem tenha o poder para a atenuar ou erradicar, mas prefira perpetuá-la por forma a manter privilégios obscenos ou para obedecer a critérios "políticos" nojentos e mesquinhos.
E há quem sofra tudo isto na pele. E haverá seguramente quem, no desespero que resulta de ter de lidar com todos estes problemas opte pelo suicídio. É profundamente triste, mas não é coisa que nos possa, em boa verdade, deixar muito supreendidos.
Isabel Jonet, que dirige o Banco Alimentar, diz, com toda a razão, que atenuar o sofrimento dos pobres (dos novos e dos de sempre, digo eu) não nos deve desviar do objectivo único: acabar com a pobreza. E ilustra o absurdo a que se chegou, chamando a atenção para as recentes medidas relativas ao subsídio de desemprego, desmontando a sua "lógica" verdadeiramente criminosa, que --é mesmo caso para dizer-- se não fosse verdadeiramente trágica, daria uma enorme vontade de rir.
Esperemos, já agora, que tudo isto não perturbe demasiadamente o sono dos responsáveis políticos que conduziram e conduzem o país a este estado.
Os jornais noticiam, entretanto, que aumentou a segurança de certos políticos com medo de algum problema. Não vá algum candidato a suicida enganar-se e, no seu desespero, "suicidar" a pessoa errada...
2010/05/06
A Corporação
Passadas mais de 24 horas sobre a transmissão das imagens que mostram o furto de dois gravadores por um deputado do PS em pleno parlamento, o partido que mais se reclama da ética republicana continua a defender um acto indefensável, qualquer que seja o ponto de vista em que nos coloquemos. De Soares a Assis, de Gama a Maria de Belém, todos procuram uma justificação para algo que deviam ser os primeiros a condenar. Chega a ser patética esta forma de corporativismo, só possível em países com um fraco nível de tradição democrática e onde os detentores de cargos públicos confundem o poder que representam com absoluto poder. Em qualquer democracia avançada, Ricardo Rodrigues, caso não tomasse a iniciativa de pôr o lugar à disposição, seria obviamente demitido, única forma de preservar a honra da sua bancada. Ao recusar criticar explicitamente o seu deputado, o Partido Socialista não só não contribui para melhorar a imagem de um parlamento desprestigiado, como mostra o seu lado mais tenebroso: o de uma agremiação com tiques mafiosos que não olha a meios para atingir os seus fins. Quem pensa esta gente que é?
2010/05/02
Dos piratas somalis aos especuladores, passando pelas agências de rating
A pirataria somali está aí desde há mais de dez anos. Começou por atacar ocasionalmente pequenos navios pesqueiros envolvidos em actividades de pesca ilegal nas costas da Somália, oriundos, sobretudo, daquela região do globo. Por essa razão pouco se falava do assunto. A frequência dos ataques, entretanto, aumentou (os ataques são já, segundo se diz [1], diários), bem como o tamanho dos navios capturados, a sua nacionalidade e a área de actuação dos piratas. Hoje a actividade destes não se limita às costas somali e, no que diz respeito a alvos, grandes cargueiros, navios-tanque, navios de passageiros, marcha tudo! De actividade "artesanal", a pirataria somali transformou-se em "indústria" pujante.
A expressão que o problema ganhou, a frequência e, sobretudo, a sua internacionalização, levaram a chamada "comunidade internacional" a tocar a reunir, fazendo aumentar a presença militar na zona, numa "rara demonstração de unidade de países que se hostilizam abertamente, ou que, pelo menos, vêem qualquer cooperação com prudência." [2]
As raízes da pirataria somali são complexas e, na sua origem, até nem me parecem totalmente destituídas de razão. O depósito de resíduos tóxicos e a pescaria ilegal de outros países afectaram seriamente a economia da região e os pescadores somalis limitaram-se a ripostar com o que tinham à mão. Uma parte significativa dos piratas é, de resto, constituída por ex-pescadores, considerados os cérebros destas operações pelo conhecimento que têm do mar. O problema é que o "negócio" ganhou outra dimensão e ganhou, sobretudo, uma dimensão transnacional que levou ao envolvimento e à procura de soluções pelas diversas instituições internacionais. Nesta perspectiva, a pirataria somali passou a ser um problema de atentado à soberania das nações e aos princípios do direito internacional.
Perante um problema de soberania, consubstanciado no ataque aos seus navios, os Estados não hesitaram em se unir e tomar medidas. Pouco interessa que na origem deste problema esteja a ganância de alguns Estados que agora vêm reclamar a legalidade internacional, desrespeitada por eles originalmente. Princípios actuais de direito marítimo internacional e de soberania foram desrespeitados e a reacção foi responder com energia e sem tibiezas. É o inatacável primado do direito sobre a barbárie.
São José Almeida voltou a escrever ontem no Público sobre a "empresarialização" dos Estados num artigo corajoso chamado "De Novo a Portugal, S.A.." Em causa mais uma vez (um artigo anterior tratava do mesmo assunto) o problema da actuação das agências de rating. A pergunta que a autora faz é simples: "é normal que os países sejam avaliados e se comportem como se de empresas se tratasse?"
Como vai acabar "a situação internacional," pergunta a autora, agora que "a economia do mundo passou a ser explicitamente controlada e governada por meia dúzia de empresas financeiras, mais concretamente de bancos, e em que os políticos e os governos dos Estados recebem delas as ordens, as regras e as orientações de procedimento?" É, como nota a articulista, a soberania dos países que está em causa.
A analogia com a pirataria somali é adequada, penso eu. Os piratas são neste caso eufemisticamente apelidados de mercados, mas não creio que haja qualquer diferença entre aquilo que está a ser feito contra as economias de países soberanos, como Portugal e Grécia, e o que se pratica nas costas da Somália. Tal como no caso da pirataria somali, a acção dos "mercados" (a.k.a "especuladores") começou por uns pequenos navios pesqueiros, operando localmente. Em breve vai apanhar, toda a gente o prediz, navios grandes e pequenos, navegando em águas locais e internacionais, e em vez de serem esporádicos e calculados, os ataques vão passar a ser permanentes e atingir tudo o que mexe, enquanto mexe.
A resposta internacional é que é, ao contrário do caso da pirataria somali, é infelizmente de uma tibieza e de um "moralismo" perfeitamente indesculpáveis. Não se vislumbra, como no caso da reacção soberana aos ataques dos piratas nas costas da Somália, uma "demonstração inequívoca de unidade entre os países."
O caso da Alemanha então é, quanto a mim, perfeitamente vergonhoso. Este país, sobretudo este país, não parece ter percebido (e já há décadas que o devia perceber...) que não há alternativa: ou está do lado dos piratas ou do lado das suas vítimas.
PS- Cf. aqui algumas notas interessantes sobre a possível escalada deste movimento especulativo.
A ditadura voltou
O jogo Porto-Benfica gerou uma operação policial de dimensão nunca vista. Os responsáveis policiais asseguram que tudo está previsto, todos os pormenores foram cuidadosamente analisados, um número obsceno de agentes da autoridade foi destacado para vigiar os potenciais prevaricadores, os meios usados fazem lembrar a cidade de Juarez.
As vias de circulação são cortadas para aumentar a segurança. Imagino o que os desgraçados moradores das zonas atingidas por este tsunami futebolístico não estarão a passar. É um verdadeiro estado de sítio este que foi criado à volta deste jogo. A paisagem policial expande-se, começa em Lisboa e termina no Porto.
Toda a gente aguarda a catástrofe.
A imprensa começa por carregar. "Não acha que isto vai acabar mal...?" "Pensa que as medidas são suficientes...?" "Vamos deixar o aspecto desportivo e vamo-nos concentrar nos incidentes de ontem..."
Claro que o cidadão normal, adepto ou não de futebol, não pode deixar de se interrogar sobre tudo isto. E não pode deixar de perguntar, para começar, quanto é que isto custa aos cofres do Estado, quanto é que esta mega-operação vai pesar no orçamento, nesta época de vacas magras. Ao mesmo tempo, não pode deixar de constatar que não tem alternativa perante tudo isto. O futebol manda e manda quem pode. É, como disse, um verdadeiro estado de sítio este que vivemos, só falta decretá-lo oficialmente.
Não podemos deixar de nos considerar vítimas da ditadura do futebol.
As vias de circulação são cortadas para aumentar a segurança. Imagino o que os desgraçados moradores das zonas atingidas por este tsunami futebolístico não estarão a passar. É um verdadeiro estado de sítio este que foi criado à volta deste jogo. A paisagem policial expande-se, começa em Lisboa e termina no Porto.
Toda a gente aguarda a catástrofe.
A imprensa começa por carregar. "Não acha que isto vai acabar mal...?" "Pensa que as medidas são suficientes...?" "Vamos deixar o aspecto desportivo e vamo-nos concentrar nos incidentes de ontem..."
Claro que o cidadão normal, adepto ou não de futebol, não pode deixar de se interrogar sobre tudo isto. E não pode deixar de perguntar, para começar, quanto é que isto custa aos cofres do Estado, quanto é que esta mega-operação vai pesar no orçamento, nesta época de vacas magras. Ao mesmo tempo, não pode deixar de constatar que não tem alternativa perante tudo isto. O futebol manda e manda quem pode. É, como disse, um verdadeiro estado de sítio este que vivemos, só falta decretá-lo oficialmente.
Não podemos deixar de nos considerar vítimas da ditadura do futebol.
2010/05/01
As obras da discórdia
O governo insiste no prosseguimento das obras faraónicas que estavam planeadas: TGV, aeroporto, auto-estradas, terceira travessia do Tejo, etc. É uma posição reveladora de um voluntarismo totalmente irresponsável.
A oposição em bloco, rejeita. O PR aconselha a "reponderar". O governo, como disse, coerentemente insiste, embora se perceba que a questão também não deve ser ser consensual e pode abrir brechas na muralha socrática.
A verdade é que, à semelhança do que se passa com questões como a avaliação do impacto orçamental da redução do subsídio do desemprego, o governo deve conhecer tanto do impacto destas obras, como um burro sabe tocar lira (*).
Na dúvida, pensa o governo, é preferível a fuga para a frente.
O que já não parece, de todo, correcto é que a oposição e o PR não levem a sua crítica até às últimas consequências. E, assim, as razões da sua discordância morrem com essa inconsequência. Porque se limitam a criticar se podem, afinal, agir em função dessa crítica? Estamos ou não estamos a falar de coisas sérias? Estas obras vão ou não vão de facto deixar-nos ainda mais de tanga por muito tempo?
Se as obras são boas o governo tem razão, mas se as obras são más e o governo teima em executá-las vão deixar?! Serão co-responsáveis inevitavelmente.
Se é criticável que, no quadro de restrições orçamentais actuais, o governo decida reiteradamente avançar com obras cujo benefício suscita dúvidas, penso que ainda é mais criticável que a oposição, por um lado e o PR, por outro, manifestem publica e veementemente essas dúvidas, critiquem esta estratégia e não levem a sua crítica até ao extremo da sua acção. Parece a velha história do "agarrem-me senão eu mato-o"!
O governo propiciou aqui um confronto real de posições que conduz a uma oportunidade única para os partidos da oposição e o PR exercerem de forma coerente as suas prerrogativas. Mais retórica é que não!
(*) Como dizia a Morte do Lavrador da Boémia.
A oposição em bloco, rejeita. O PR aconselha a "reponderar". O governo, como disse, coerentemente insiste, embora se perceba que a questão também não deve ser ser consensual e pode abrir brechas na muralha socrática.
A verdade é que, à semelhança do que se passa com questões como a avaliação do impacto orçamental da redução do subsídio do desemprego, o governo deve conhecer tanto do impacto destas obras, como um burro sabe tocar lira (*).
Na dúvida, pensa o governo, é preferível a fuga para a frente.
O que já não parece, de todo, correcto é que a oposição e o PR não levem a sua crítica até às últimas consequências. E, assim, as razões da sua discordância morrem com essa inconsequência. Porque se limitam a criticar se podem, afinal, agir em função dessa crítica? Estamos ou não estamos a falar de coisas sérias? Estas obras vão ou não vão de facto deixar-nos ainda mais de tanga por muito tempo?
Se as obras são boas o governo tem razão, mas se as obras são más e o governo teima em executá-las vão deixar?! Serão co-responsáveis inevitavelmente.
Se é criticável que, no quadro de restrições orçamentais actuais, o governo decida reiteradamente avançar com obras cujo benefício suscita dúvidas, penso que ainda é mais criticável que a oposição, por um lado e o PR, por outro, manifestem publica e veementemente essas dúvidas, critiquem esta estratégia e não levem a sua crítica até ao extremo da sua acção. Parece a velha história do "agarrem-me senão eu mato-o"!
O governo propiciou aqui um confronto real de posições que conduz a uma oportunidade única para os partidos da oposição e o PR exercerem de forma coerente as suas prerrogativas. Mais retórica é que não!
(*) Como dizia a Morte do Lavrador da Boémia.
Indústrias criativas
Estamos a viver uma situação verdadeiramente sui generis em Portugal. O governo quer fazer o que quer. Tem a legitimidade governativa para o fazer. Mas a oposição não quer que o governo faça o que quer. Quer que o governo faça o que ela quer. Mas sem a legitimidade governativa. Embora com outra legitimidade para assim proceder, por ser maioria. O governo divide-se. Uma parte anuncia que quer fazer o que quer. Outra parte anuncia que quer fazer o que a oposição quer. Assim, a oposição faz o que quer, sem querer e sem ter legitimidade para o fazer, e o governo faz de oposição a si próprio já que vemos a oposição a limitar-se a querer fazer de governo. Sem poder.
Nem tudo o que o governo quer e faz, nem tudo o que a oposição quer ou pode fazer, porém, interessam minimamente ao País.
Mas governo, oposição, presidente da república, presidente do supremo, procuradores, procurados e demais individualidades, excelências, lá teimam em ir fazendo o que querem e o que não devem. Sem pudor.
O País vai assistindo a tudo isto, atónito e exaurido, com os seus horizontes cada vez mais acanhados. Iminentemente teso, vai ouvindo dizer que cada português deve não sei quantos milhões ao estrangeiro. Iminentemente aterrado, vai assistindo aos "ataques" dos "mercados" --que fazem o que querem e querem o que fazem, com ou sem legitimidade, pouco importa. Iminentemente incrédulo, vai ouvindo falar, de uma crise sem precedentes e de uma situação excepcional, que requer medidas excepcionais.
O País ouve falar da crise, observa a proeminente curva abdominal dos seus anafados arautos, repara no anel brilhante que reluz nos seus dedos, olha para a sua própria barriga encolhida, para os seus dedos desanelados, e deduz, com sabedoria, que a excepção das medidas excepcionais vai pesar sobre as costas dos clientes habituais.
Enquanto, olha para tudo isto, teso, aterrado e incrédulo, o País vai vendo o desfile carnavalesco das inacreditáveis comissões de inquérito e suas inúteis inquirições. Vai-se dando conta de que a máquina de produção de escândalos os cospe a uma cadência incomensuravelmente maior do que a capacidade das ditas comissões para os investigar. Vai-se dando conta de que a máquina judiciária não pode nisto ajudar porque gripou. Vai olhando para os gestores da massa falida pagos a peso de ouro, que conduzem grandes carros puxados por juntas de boys. Vai ouvindo falar das viagens da Medeiros e das incríveis justificações inventadas para as pagar. Vai ouvindo falar de uns submarinos que assentam que nem luvas nos desígnios de não se sabe bem ainda quem, embora se suspeite. Submarinos que, à falta de batalha naval, serão preciosos --as excelências têm disso a certeza-- para vigiar um mar cuja exploração o senhor presidente da república acha que pode no futuro --quando os submarinos já estiverem, quiçá, a precisar de peças novas-- ajudar a evitar que a economia meta ainda mais água. O País vai sendo seduzido, tele-guiado, conduzido a aceitar uns megaprojectos absurdos, de méritos e propósitos duvidosos ou mesmo estruturantemente inúteis. Projectos que lhe são enfiados pela goela abaixo, à força e sem dó, e lhe custarão um dinheirão, que o País não tem, mas que as agências de rating vão cuidando que lhe saia a um preço que os grandes especuladores farão o favor, sem preço, de o obrigar a pagar. Se não pagarem desce-lhe o rating para ter de pagar mais! Assim o País já tem objectivos pelos quais pode lutar. Luta para pagar o preço dos olhos da cara que tudo isto lhe vai custar, pelos séculos dos séculos que aí hão-de vir, amen, amen!, que o País vai afinal poder parar porque o Papa vai cá estar e que jeito que vai dar.
Certamente por tudo isto se fala hoje tanto --e mais uma vez com a ajuda preciosa do senhor presidente da república-- de "indústrias criativas."
Porque tudo o que aqui se passa hoje, em matéria de orientação e actuação política, é de facto o produto de uma pujante, dinâmica, eficiente e nunca como hoje tão espantosamente delirante, indústria criativa. Qual música, qual pintura, qual literatura, qual teatro! A criatividade mudou-se hoje para a política. De S. Bento a Belém está estendida uma linha de montagem que cria fa(c)tos às riscas, à medida destes artistas, moda radical com casaco de banda larga, gravata bordada a ponto-crise e PEC à tiracolo.
A pachorra para aturar tudo isto é que já há muito se esgotou. Trata-se de uma linha de montagem cujo turno era urgente substituir.
Nem tudo o que o governo quer e faz, nem tudo o que a oposição quer ou pode fazer, porém, interessam minimamente ao País.
Mas governo, oposição, presidente da república, presidente do supremo, procuradores, procurados e demais individualidades, excelências, lá teimam em ir fazendo o que querem e o que não devem. Sem pudor.
O País vai assistindo a tudo isto, atónito e exaurido, com os seus horizontes cada vez mais acanhados. Iminentemente teso, vai ouvindo dizer que cada português deve não sei quantos milhões ao estrangeiro. Iminentemente aterrado, vai assistindo aos "ataques" dos "mercados" --que fazem o que querem e querem o que fazem, com ou sem legitimidade, pouco importa. Iminentemente incrédulo, vai ouvindo falar, de uma crise sem precedentes e de uma situação excepcional, que requer medidas excepcionais.
O País ouve falar da crise, observa a proeminente curva abdominal dos seus anafados arautos, repara no anel brilhante que reluz nos seus dedos, olha para a sua própria barriga encolhida, para os seus dedos desanelados, e deduz, com sabedoria, que a excepção das medidas excepcionais vai pesar sobre as costas dos clientes habituais.
Enquanto, olha para tudo isto, teso, aterrado e incrédulo, o País vai vendo o desfile carnavalesco das inacreditáveis comissões de inquérito e suas inúteis inquirições. Vai-se dando conta de que a máquina de produção de escândalos os cospe a uma cadência incomensuravelmente maior do que a capacidade das ditas comissões para os investigar. Vai-se dando conta de que a máquina judiciária não pode nisto ajudar porque gripou. Vai olhando para os gestores da massa falida pagos a peso de ouro, que conduzem grandes carros puxados por juntas de boys. Vai ouvindo falar das viagens da Medeiros e das incríveis justificações inventadas para as pagar. Vai ouvindo falar de uns submarinos que assentam que nem luvas nos desígnios de não se sabe bem ainda quem, embora se suspeite. Submarinos que, à falta de batalha naval, serão preciosos --as excelências têm disso a certeza-- para vigiar um mar cuja exploração o senhor presidente da república acha que pode no futuro --quando os submarinos já estiverem, quiçá, a precisar de peças novas-- ajudar a evitar que a economia meta ainda mais água. O País vai sendo seduzido, tele-guiado, conduzido a aceitar uns megaprojectos absurdos, de méritos e propósitos duvidosos ou mesmo estruturantemente inúteis. Projectos que lhe são enfiados pela goela abaixo, à força e sem dó, e lhe custarão um dinheirão, que o País não tem, mas que as agências de rating vão cuidando que lhe saia a um preço que os grandes especuladores farão o favor, sem preço, de o obrigar a pagar. Se não pagarem desce-lhe o rating para ter de pagar mais! Assim o País já tem objectivos pelos quais pode lutar. Luta para pagar o preço dos olhos da cara que tudo isto lhe vai custar, pelos séculos dos séculos que aí hão-de vir, amen, amen!, que o País vai afinal poder parar porque o Papa vai cá estar e que jeito que vai dar.
Certamente por tudo isto se fala hoje tanto --e mais uma vez com a ajuda preciosa do senhor presidente da república-- de "indústrias criativas."
Porque tudo o que aqui se passa hoje, em matéria de orientação e actuação política, é de facto o produto de uma pujante, dinâmica, eficiente e nunca como hoje tão espantosamente delirante, indústria criativa. Qual música, qual pintura, qual literatura, qual teatro! A criatividade mudou-se hoje para a política. De S. Bento a Belém está estendida uma linha de montagem que cria fa(c)tos às riscas, à medida destes artistas, moda radical com casaco de banda larga, gravata bordada a ponto-crise e PEC à tiracolo.
A pachorra para aturar tudo isto é que já há muito se esgotou. Trata-se de uma linha de montagem cujo turno era urgente substituir.
2010/04/29
Tão amigos que eles são...
A reunião de S. Bento, entre os líderes dos partidos responsáveis pelo estado a que isto tudo chegou, trouxe - como era previsível - mais do mesmo: uma mão cheia de nada.
Não foram anunciadas quaisquer medidas de fundo, destinadas a conter o actual descalabro financeiro em que se encontra o país; não foi anunciada qualquer redução nas despesas com as obras faraónicas anunciadas; não foi pedida qualquer contenção salarial a administradores do estado, políticos no activo ou funcionários com mordomias acima de qualquer relação com a realidade; não foram anunciadas quaisquer tributações fiscais especiais aos bancos, especuladores ou capitais colocados em "off-shores".
Ao contrário, as únicas medidas explicitamente anunciadas, foram as reduções nas prestações sociais. A partir de agora, quem estiver desempregado, não poderá receber mais do que 75% do último salário líquido recebido. Para não se habituar a estar desempregado, dizem-nos...
Por alguma razão, o "pai da democracia" já veio apadrinhar este acordo do bloco central de interesses e a reafirmar o seu apreço pelo líder da oposição "que é suficientemente inteligente para não querer agora o poder, mas que soube compreender o difícil momento que atravessa a nação".
Uns queridos, estes "padrinhos".
Não foram anunciadas quaisquer medidas de fundo, destinadas a conter o actual descalabro financeiro em que se encontra o país; não foi anunciada qualquer redução nas despesas com as obras faraónicas anunciadas; não foi pedida qualquer contenção salarial a administradores do estado, políticos no activo ou funcionários com mordomias acima de qualquer relação com a realidade; não foram anunciadas quaisquer tributações fiscais especiais aos bancos, especuladores ou capitais colocados em "off-shores".
Ao contrário, as únicas medidas explicitamente anunciadas, foram as reduções nas prestações sociais. A partir de agora, quem estiver desempregado, não poderá receber mais do que 75% do último salário líquido recebido. Para não se habituar a estar desempregado, dizem-nos...
Por alguma razão, o "pai da democracia" já veio apadrinhar este acordo do bloco central de interesses e a reafirmar o seu apreço pelo líder da oposição "que é suficientemente inteligente para não querer agora o poder, mas que soube compreender o difícil momento que atravessa a nação".
Uns queridos, estes "padrinhos".
2010/04/27
Estão todos bem uns para os outros
A Standard & Poor’s (que raio de nome para uma agência que lida com questões da alta finança...) acaba de baixar ainda mais a classificação da dívida grega e portuguesa. O NYT fala num "receio de que a crise da dívida pública na Europa tenha entrado numa espiral de descontrolo."
O NYT dizia noutro ponto que este abaixamento do rating da Grécia e de Portugal "chega no fim de outro dia mau para a zona euro." Um cenário que vai sendo montado a pouco e pouco para justificar as reacções dos "mercados" que todos parecem obedientemente esperar.
Mesmo que não estivesse numa "espiral de descontrolo", instituições criminosas com a S&P velam para que isso aconteça e assim, quem está em dificuldades, vê as dificuldades aumentar porque o dinheiro fica mais caro. São coisas que os "pensadores" da economia do século XXI e instituições como a S&P hão-de ter de me explicar: como é que a solução para as dificuldades de uma economia é aumentar-lhe as dificuldades...? E, como é que é possível justificar e aceitar que os "mercados" destruam... o mercado?
Enquanto isso, o governo alemão continua a "brincar com o fogo," como refere Isabel Arriaga e Cunha no Público de hoje. Numa manifestação de senso de humor como não se lhe via desde a década de 40 do século passado, o governo alemão parece estar a fazer depender a sua resposta ao problema que a zona euro enfrenta da sua estratégia para umas eleições internas, enquanto, inexplicavelmente, vem protelando ou boicotando a tomada de medidas para uma "maior vigilância da situação económica e orçamental dos membros do euro," como refere ainda Isabel Arriaga e Cunha.
Os "mercados" aproveitam para actuar e vão tratando de escaqueirar o euro. É bem feita! Mas, o que é que a Alemanha ganha com tudo isto?!
O NYT dizia noutro ponto que este abaixamento do rating da Grécia e de Portugal "chega no fim de outro dia mau para a zona euro." Um cenário que vai sendo montado a pouco e pouco para justificar as reacções dos "mercados" que todos parecem obedientemente esperar.
Mesmo que não estivesse numa "espiral de descontrolo", instituições criminosas com a S&P velam para que isso aconteça e assim, quem está em dificuldades, vê as dificuldades aumentar porque o dinheiro fica mais caro. São coisas que os "pensadores" da economia do século XXI e instituições como a S&P hão-de ter de me explicar: como é que a solução para as dificuldades de uma economia é aumentar-lhe as dificuldades...? E, como é que é possível justificar e aceitar que os "mercados" destruam... o mercado?
Enquanto isso, o governo alemão continua a "brincar com o fogo," como refere Isabel Arriaga e Cunha no Público de hoje. Numa manifestação de senso de humor como não se lhe via desde a década de 40 do século passado, o governo alemão parece estar a fazer depender a sua resposta ao problema que a zona euro enfrenta da sua estratégia para umas eleições internas, enquanto, inexplicavelmente, vem protelando ou boicotando a tomada de medidas para uma "maior vigilância da situação económica e orçamental dos membros do euro," como refere ainda Isabel Arriaga e Cunha.
Os "mercados" aproveitam para actuar e vão tratando de escaqueirar o euro. É bem feita! Mas, o que é que a Alemanha ganha com tudo isto?!
Os extraterrestres já aí estão
O professor Stephen Hawking acha que os seres extraterrrestres existem quase certamente e que admitir a sua existência é uma coisa perfeitamente racional. Paul Davies no seu livro“The Eerie Silence: Renewing Our Search for Alien Intelligence,” cita J. B. S. Haldane, que adverte que “o universo não é só mais estranho do que nós supomos, mas ainda mais estranho do que nós conseguimos supôr." Davies acha que a eventual vida extraterrestre será quase certamente pós-biológica e que deveríamos tentar procurar sinais de inteligência, não a inteligência "biológica", mas a real, aquela inteligência "poderosa, superior e imortal que é característica do universo das máquinas."
Concordo parcialmente.
Há uma evidência clara de que os seres extraterrestres existem, sim. E encontramo-los em Portugal. Estão cá e em força. As zonas de S. Bento, Belém, Terreiro do Paço, etc, etc, etc, estão cheias deles... Têm vindo a reunir-se, não sei se viram, na AR, onde dizem coisas. Ao contrário do que a gente pensava, não são verdes, nem anões com gandes cabeças e não têm antenas em vez de orelhas. Vestem fatos de bom corte, alguns preferem tirar a gravata para dar um ar mais informal à coisa. Usam sapatos. Fazem jogging e aparentam traços humanos, quando, usando os nossos veículos em vez dos seus discos voadores para disfarçar, se deslocam a outros pontos do planeta. Controlam ou tentam controlar tudo. Alguns foram apanhados pelo Grande Telescópio em grandes poses e conversas uns com os outros, mas dizem que as partículas detectadas não passavam de poeira sideral.
Mas, chamar a isto inteligência é fazer de nós burros e isso, desculpem, não aceito!
Concordo parcialmente.
Há uma evidência clara de que os seres extraterrestres existem, sim. E encontramo-los em Portugal. Estão cá e em força. As zonas de S. Bento, Belém, Terreiro do Paço, etc, etc, etc, estão cheias deles... Têm vindo a reunir-se, não sei se viram, na AR, onde dizem coisas. Ao contrário do que a gente pensava, não são verdes, nem anões com gandes cabeças e não têm antenas em vez de orelhas. Vestem fatos de bom corte, alguns preferem tirar a gravata para dar um ar mais informal à coisa. Usam sapatos. Fazem jogging e aparentam traços humanos, quando, usando os nossos veículos em vez dos seus discos voadores para disfarçar, se deslocam a outros pontos do planeta. Controlam ou tentam controlar tudo. Alguns foram apanhados pelo Grande Telescópio em grandes poses e conversas uns com os outros, mas dizem que as partículas detectadas não passavam de poeira sideral.
Mas, chamar a isto inteligência é fazer de nós burros e isso, desculpem, não aceito!
2010/04/25
2010/04/23
A agenda de Soares
Em entrevista, a passar hoje numa rádio nacional, o venerando Mário Soares aborda algumas das questões em debate na sociedade portuguesa. Entre as inúmeras pérolas escutadas, algumas são mesmo preciosas. Por exemplo, aquela onde ele diz que se fosse primeiro-ministro nunca iria a uma Comissão de Inquérito (com o argumento de que o prestígio do cargo deve ser defendido). Ou, outra, onde concorda que Manuel Alegre faz parte da família socialista (ainda que diga coisas muitas duras sobre o PS) e que, nas próximas eleições, ele votará naquele que considerar o melhor candidato...
"En passant", não deixa de considerar que este PS é o melhor garante do regime democrático (!?), de elogiar Passos Coelho (pela sua inteligência) e lá voltou a dizer que a Europa não tem líderes. Também reconheceu que a sociedade portuguesa tem cada vez mais desigualdades (porque será?) e que o futuro da sociedade só pode ser o socialismo...
Há muito tempo que Soares não é para levar a sério e, como os iogurtes, também já passou o seu prazo de validade. Acontece que estas figuras, que alguns apelidam de "pais da democracia", crêem poder continuar a influenciar "ad eternum" o curso dos acontecimentos e a comportarem-se como se o país fosse uma coutada pessoal.
Soares não se lembrou de Bill Clinton ou Tony Blair, chefes de governos de democracias consolidadas que, ainda não há muito tempo, tiveram de responder em Comissões de Inquérito Parlamentares nos respectivos países.
Sobre Alegre (goste-se ou não do político) foi um dos poucos membros do PS que ousou criticar a política neo-liberal de Sócrates e, nesse sentido, estar à esquerda da actual direcção do PS. Isto para não falar do estafado argumento de que não há líderes europeus como no seu tempo...
Percebe-se o incómodo: Soares sempre gostou de estar no centro das atenções e nunca perdoou as humilhantes derrotas para a Presidência do Parlamento Europeu ou, mais recentemente, a das últimas eleições presidenciais. Desde então, tudo tem feito para evitar que o PS apoie a candidatura daquele que o derrotou de forma inequívoca.
O seu comportamento revela, afinal, aquilo que sempre foi: um "egotripper", para quem o país está subordinado aos interesses do partido que fundou, enquanto mantém uma agenda paralela de influências, através das quais procura destabilizar as opiniões daqueles que o afrontam.
O "pai da democracia" tornou-se um personagem patético.
"En passant", não deixa de considerar que este PS é o melhor garante do regime democrático (!?), de elogiar Passos Coelho (pela sua inteligência) e lá voltou a dizer que a Europa não tem líderes. Também reconheceu que a sociedade portuguesa tem cada vez mais desigualdades (porque será?) e que o futuro da sociedade só pode ser o socialismo...
Há muito tempo que Soares não é para levar a sério e, como os iogurtes, também já passou o seu prazo de validade. Acontece que estas figuras, que alguns apelidam de "pais da democracia", crêem poder continuar a influenciar "ad eternum" o curso dos acontecimentos e a comportarem-se como se o país fosse uma coutada pessoal.
Soares não se lembrou de Bill Clinton ou Tony Blair, chefes de governos de democracias consolidadas que, ainda não há muito tempo, tiveram de responder em Comissões de Inquérito Parlamentares nos respectivos países.
Sobre Alegre (goste-se ou não do político) foi um dos poucos membros do PS que ousou criticar a política neo-liberal de Sócrates e, nesse sentido, estar à esquerda da actual direcção do PS. Isto para não falar do estafado argumento de que não há líderes europeus como no seu tempo...
Percebe-se o incómodo: Soares sempre gostou de estar no centro das atenções e nunca perdoou as humilhantes derrotas para a Presidência do Parlamento Europeu ou, mais recentemente, a das últimas eleições presidenciais. Desde então, tudo tem feito para evitar que o PS apoie a candidatura daquele que o derrotou de forma inequívoca.
O seu comportamento revela, afinal, aquilo que sempre foi: um "egotripper", para quem o país está subordinado aos interesses do partido que fundou, enquanto mantém uma agenda paralela de influências, através das quais procura destabilizar as opiniões daqueles que o afrontam.
O "pai da democracia" tornou-se um personagem patético.
Da justiça na República da Pera Rocha
Ironicamente, no mesmo dia em que a Assembleia da República discutia as propostas-lei do combate à corrupção apresentadas pelos partidos à esquerda do hemiciclo, um juíz do Tribunal da Relação de Lisboa ilibava Domingos Névoa da tentativa de corrupção sobre um vereador da Câmara de Lisboa. Lembremos que Névoa, presidente da BragaParques, foi apanhado em pleno acto de corrupção activa pelo advogado Ricardo Sá Fernandes, a quem ofereceu 200.000euros para que o irmão deste (José Sá Fernandes) deixasse de interferir no negócio dos terrenos da Feira Popular.
Este acórdão, que não é passível de recurso, abre um precedente gravíssimo na já de si débil credibilidade da justiça portuguesa e confirma o que sempre se soube: Portugal é um país de corruptos e a justiça é cumplice desta bagunça geral.
Moral desta (triste) história: tivesse Sá Fernandes aceite os duzentos mil euros e nada disto se sabia. Estão a ver como a vida pode ser fácil? Deixem-se corromper que o crime compensa, é a mensagem.
Este acórdão, que não é passível de recurso, abre um precedente gravíssimo na já de si débil credibilidade da justiça portuguesa e confirma o que sempre se soube: Portugal é um país de corruptos e a justiça é cumplice desta bagunça geral.
Moral desta (triste) história: tivesse Sá Fernandes aceite os duzentos mil euros e nada disto se sabia. Estão a ver como a vida pode ser fácil? Deixem-se corromper que o crime compensa, é a mensagem.
2010/04/22
O "Brunch" (2)
Rui Pedro Soares, o "boy" do PS na administração da PT e do Taguspark, implicado na tentativa de compra da TVI pela PT, recusou-se hoje a prestar depoimentos na Comissão de Inquérito da AR criada para averiguar este caso.
Ao recusar testemunhar - refugiando-se na argumentação genérica do silêncio ao qual disse ter direito - perante uma Comissão com a qual se dispôs a colaborar, Pedro Soares incorre num processo por desobediência civil e a ser condenado por essa atitude. Isto sem saber sequer quais as perguntas a que iria ter de responder na Comissão.
Pior, este procedimento abre um precedente grave e põe em risco trabalhos futuros desta ou qualquer outra Comissão de Inquérito criada para efeitos similares.
Vergonhosa, foi igualmente a posição dos representantes do PS em todo este processo, ao recusarem condenar a atitude de Pedro Soares e a absterem-se na votação final que aprovou uma condenação e nova chamada ao Parlamento do ex-administrador do Taguspark. Sai mais um "brunch" matinal para a mesa do canto!
Ao recusar testemunhar - refugiando-se na argumentação genérica do silêncio ao qual disse ter direito - perante uma Comissão com a qual se dispôs a colaborar, Pedro Soares incorre num processo por desobediência civil e a ser condenado por essa atitude. Isto sem saber sequer quais as perguntas a que iria ter de responder na Comissão.
Pior, este procedimento abre um precedente grave e põe em risco trabalhos futuros desta ou qualquer outra Comissão de Inquérito criada para efeitos similares.
Vergonhosa, foi igualmente a posição dos representantes do PS em todo este processo, ao recusarem condenar a atitude de Pedro Soares e a absterem-se na votação final que aprovou uma condenação e nova chamada ao Parlamento do ex-administrador do Taguspark. Sai mais um "brunch" matinal para a mesa do canto!
2010/04/21
"As alterações climáticas não são a causa, mas o efeito do sistema capitalista"
Decorre até amanhã, em Cochabamba, na Bolívia, a "Conferência Mundial dos Povos sobre as Alterações Climatéricas e os Direitos da Mãe Terra". Cochabamba é o local daquilo que foi designado como a primeira "rebelião do século XXI", a chamada "Guerra da Água", contra a privatização do sistema público de fornecimento de água da cidade.
Passados 10 anos é este o local onde 15 000 pessoas de 120 países, entre "aqueles que já sofrem com o aquecimento global", se reunem para "expressarem as suas opiniões" e "dar aos pobres e ao Sul a oportunidade de responder às conversações falhadas que tiveram lugar em Copenhaga", onde, como se lê no programa da conferência, "as nações erradamente consideradas 'desenvolvidas' demonstraram a sua enorme irresponsabilidade e a sua real falta de compromisso para lidar com o problema (das alterações climáticas)."
A conferência vai incluir debates sobre a "dívida ecológica" dos países do Norte, e serão apresentadas propostas para a criação de um tribunal de justiça climático e para a realização de um referendo mundial sobre estratégias de preservação do planeta.
O facto de os povos do Sul tomarem nas suas mãos esta iniciativa parece suscitar reacções nervosas por parte de alguns responsáveis, certamente porque o programa define, sem "rodriguinhos" de linguagem, como causas das alterações ambientais, não um "problema ambiental, tecnológico ou mesmo financeiro, mas antes o modelo de vida, o modelo ocidental, e a ambição e cobiça capitalista."
Os olhos estão pois postos em Cochabamba.
(Foto: infelizmente desconheço a sua origem.)
Passados 10 anos é este o local onde 15 000 pessoas de 120 países, entre "aqueles que já sofrem com o aquecimento global", se reunem para "expressarem as suas opiniões" e "dar aos pobres e ao Sul a oportunidade de responder às conversações falhadas que tiveram lugar em Copenhaga", onde, como se lê no programa da conferência, "as nações erradamente consideradas 'desenvolvidas' demonstraram a sua enorme irresponsabilidade e a sua real falta de compromisso para lidar com o problema (das alterações climáticas)."
A conferência vai incluir debates sobre a "dívida ecológica" dos países do Norte, e serão apresentadas propostas para a criação de um tribunal de justiça climático e para a realização de um referendo mundial sobre estratégias de preservação do planeta.
O facto de os povos do Sul tomarem nas suas mãos esta iniciativa parece suscitar reacções nervosas por parte de alguns responsáveis, certamente porque o programa define, sem "rodriguinhos" de linguagem, como causas das alterações ambientais, não um "problema ambiental, tecnológico ou mesmo financeiro, mas antes o modelo de vida, o modelo ocidental, e a ambição e cobiça capitalista."
Os olhos estão pois postos em Cochabamba.
(Foto: infelizmente desconheço a sua origem.)
O "Brunch"
A fim de dissipar quaisquer dúvidas relativamente às suas declarações, o advogado (ou será jurista?) Paulo Penedos dizia hoje na Comissão de Inquérito, onde foi chamado a depôr, que só responderia àquilo que o seu sigilo profissional permitisse. Declarações que, de resto, já tinha proferido aquando da sua passagem pela Comissão de Ética há dois meses atrás.
Perante tal desconchavo, alguém lhe chamou a atenção para o facto de, nesta Comissão, ele encontrar-se sob juramento e ter de responder a todas as questões, mesmo que isso implicasse haver audições à porta fechada.
Resposta do jurista (ou será advogado?) Penedos: "não estou aqui para responder a ameaças veladas".
Ora, como muito bem lembrou um deputado presente, a Comissão de Inquérito - criada para averiguar da tentativa de compra da TVI pela PT, com conhecimento do governo - está mandatada pelo Parlamento para averiguar esta questão e dispõe de meios legais para fazê-lo. Mais, os deputados ali presentes, são os representantes escolhidos pela Assembleia da República e, nesse sentido, uma recusa de esclarecimentos será interpretada como uma recusa de colaboração no inquérito e poderá ter consequências disciplinares. Ou seja, citando ainda o mesmo deputado, esta Comissão não foi propriamente criada para fazer um qualquer "brunch" matinal.
Nem mais.
Perante tal desconchavo, alguém lhe chamou a atenção para o facto de, nesta Comissão, ele encontrar-se sob juramento e ter de responder a todas as questões, mesmo que isso implicasse haver audições à porta fechada.
Resposta do jurista (ou será advogado?) Penedos: "não estou aqui para responder a ameaças veladas".
Ora, como muito bem lembrou um deputado presente, a Comissão de Inquérito - criada para averiguar da tentativa de compra da TVI pela PT, com conhecimento do governo - está mandatada pelo Parlamento para averiguar esta questão e dispõe de meios legais para fazê-lo. Mais, os deputados ali presentes, são os representantes escolhidos pela Assembleia da República e, nesse sentido, uma recusa de esclarecimentos será interpretada como uma recusa de colaboração no inquérito e poderá ter consequências disciplinares. Ou seja, citando ainda o mesmo deputado, esta Comissão não foi propriamente criada para fazer um qualquer "brunch" matinal.
Nem mais.
2010/04/19
O Estado de Negação
Simon Johnson, ex-economista-chefe do FMI e autor do polémico artigo do NYT, onde comparava a economia de Portugal à da Argentina de 2001, foi esta semana entrevistado pelo "Jornal de Negócios" para repetir o aviso e afirmar que o "governo português está em estado de negação".
Não tardou a resposta pela voz do Secretário de Estado do Orçamento (Emanuel dos Santos), a considerar as declarações do americano sem fundamento e acusando-o de desconhecer os mecanismos do Euro. Segundo Santos, a nossa situação financeira é muito diferente da da Grécia e, caso não estivéssemos no Euro, estaríamos provavelmente como a Islândia...
Acontece que a Grécia, estando no Euro, não deixou de entrar em falência técnica, enquanto a Islândia (ainda que na bancarrota) não faz parte do Euro. Estaria o Secretário de Estado a referir-se aos efeitos do vulcão?
Também não é preciso ser americano para fazer um diagnóstico negro sobre o estado da nossa economia: Medina Carreira, de há anos a esta parte e, mais recentemente, economistas como Silva Lopes, João Salgueiro, Nogueira Leite ou João Duque, afinam pelo mesmo diapasão.
Já sobre o estado de negação é uma característica portuguesa e não é monopólio dos governantes (mentirosos por definição). O estado de negação (ou a não-inscripção) também foi dissecado por José Gil e, ao que conste, este não é economista e muito menos do FMI...
Não tardou a resposta pela voz do Secretário de Estado do Orçamento (Emanuel dos Santos), a considerar as declarações do americano sem fundamento e acusando-o de desconhecer os mecanismos do Euro. Segundo Santos, a nossa situação financeira é muito diferente da da Grécia e, caso não estivéssemos no Euro, estaríamos provavelmente como a Islândia...
Acontece que a Grécia, estando no Euro, não deixou de entrar em falência técnica, enquanto a Islândia (ainda que na bancarrota) não faz parte do Euro. Estaria o Secretário de Estado a referir-se aos efeitos do vulcão?
Também não é preciso ser americano para fazer um diagnóstico negro sobre o estado da nossa economia: Medina Carreira, de há anos a esta parte e, mais recentemente, economistas como Silva Lopes, João Salgueiro, Nogueira Leite ou João Duque, afinam pelo mesmo diapasão.
Já sobre o estado de negação é uma característica portuguesa e não é monopólio dos governantes (mentirosos por definição). O estado de negação (ou a não-inscripção) também foi dissecado por José Gil e, ao que conste, este não é economista e muito menos do FMI...
2010/04/16
Cosa Nostra
Quando, no pico da crise, o petróleo estava a 150 dólares o barril, o preço médio de um litro de gasolina em Portugal era de €1.40. Agora, que o barril está a menos de 90 dólares, o preço médio do litro de gasolina é de €1,40...
Bem se esforçou hoje, no Parlamento, o cada vez menos convincente ministro Vieira da Silva, a explicar que o governo está atento à cartelização dos preços e que por isso existe uma entidade reguladora.
Convinha que o ministro explicasse que o estado arrecada 60% de impostos por cada litro de gasolina vendido e que, por essa razão, quanto mais caro for o combustível, mais receita arrecada o governo.
Esta é a razão porque Portugal, um dos países com os salários mais baixos da União Europeia, paga uma das gasolinas mais caras da União. Estão a perceber o negócio?
Pensarão estes governantes que as pessoas são estúpidas?
Bem se esforçou hoje, no Parlamento, o cada vez menos convincente ministro Vieira da Silva, a explicar que o governo está atento à cartelização dos preços e que por isso existe uma entidade reguladora.
Convinha que o ministro explicasse que o estado arrecada 60% de impostos por cada litro de gasolina vendido e que, por essa razão, quanto mais caro for o combustível, mais receita arrecada o governo.
Esta é a razão porque Portugal, um dos países com os salários mais baixos da União Europeia, paga uma das gasolinas mais caras da União. Estão a perceber o negócio?
Pensarão estes governantes que as pessoas são estúpidas?
Pobres povos que têm tais presidentes
Já não faltava termos de viver internamente, impotentes, sob a tirania do discurso do défice. Já não faltava que fossemos tratados como se existisse um "português genérico" capaz, por si só, de ser o causador de todas as catástrofes financeiras de que Portugal é vítima. Já não faltava que fossemos tratados como se depois de termos provocado a derradeira catátrofe financeira nos tivessemos todos pirado para um qualquer paraíso tropical, para beber água de côco e dançar o hula-hula, deixando os virtuosos do sistema aqui a pagar as nossas contas.
Agora tinha de vir o palerma do presidente checo manifestar, no papel de anfitrião, em cerimónia pública e de forma grosseira, a sua "apreensão" pelo défice português.
O Presidente da República Portuguesa ouviu e calou. Devia-lhe ter respondido que isto é um insulto ao povo português, mas que nós não vamos julgar o povo checo por ter dado o poder a um imbecil como o senhor Václav Klaus demonstra ser.
Agora tinha de vir o palerma do presidente checo manifestar, no papel de anfitrião, em cerimónia pública e de forma grosseira, a sua "apreensão" pelo défice português.
O Presidente da República Portuguesa ouviu e calou. Devia-lhe ter respondido que isto é um insulto ao povo português, mas que nós não vamos julgar o povo checo por ter dado o poder a um imbecil como o senhor Václav Klaus demonstra ser.
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