Ao distribuir estas doses cavalares de morfina entorpecente, como hoje mais uma vez, o ministro Gaspar pensa que a droga vai ficar a "bater" e que todos nos vamos esquecer do essencial. Mas, não, está enganado. Não nos vamos, nunca poder esquecer que todas as reformas, todos os "ajustamentos", servem apenas para garantir duas coisas. Em primeiro lugar, que os privilegiados deste país mantenham os privilégios, mesmo que estes sejam totalmente obscenos, ilegítimos ou desproporcionados. Em segundo lugar, que continua a ser aos mesmos que é pedida a sustentação desses privilégios, mesmo que o façam à custa dos seus próprios, legítimos, pequenos e bastas vezes duramente conquistados, privilégios.
Não há droga que nos faça esquecer isto e não há droga que nos faça esquecer a única solução possível para resolver esta situação de forma "sistémica"...
2012/06/04
2012/06/01
Esquerda revolver!
Se o desemprego é o patrão
Tens que te defender, mas como?
Tens que todo o Estado
De baixo a cima revolver...
Os números do desemprego (o real, o "estatístico" e o projectado) vão desabando em cima de nós, como se estivéssemos a ser vítimas de um terramoto em fúria máxima e réplica permanente, como se pontes, estradas e edifícios nos estivessem desabando em cima, soterrando-nos, como se a destruição e a ruína nos cercassem e outra coisa não pudéssemos esperar que não fosse mais réplicas, mais desabamentos, mais destruição e mais ruína.
Reparamos (reparámos há muito) que a "Protecção Civil" anda entretida. Entretida a aparar relvas e a manter os livros de contas a bater certo, totalmente indiferente a toda esta destruição e ruína, de olhos fechados para os sulcos profundos que se abrem na crosta da Terra, para os tsunamis que se vão gerando e para as vítimas que estão a ser engolidas por esta convulsão medonha.
O cataclismo é real, a metáfora poderá pecar por defeito.
"Tens de todo o Estado de baixo a cima revolver...." dizia Brecht. De que será que as vítimas desta "Protecção Civil" estarão à espera para revolver?
2012/05/30
"A taxa de pobreza infantil é o melhor indicador que uma sociedade pode ter acerca de si própria"
Um relatório da Unicef, acabado de publicar, sobre pobreza infantil nos países ricos diz que "cerca de 13 milhões de crianças na UE, incluindo ainda a Noruega e a Islândia, foram consideradas em estado de privação. São crianças a quem faltam os elementos básicos para o seu desenvolvimento. Entretanto, 30 milhões de crianças vivem em estado de pobreza em 35 países com economias desenvolvidas."
De que "crise" falamos quando falamos em crise? A que estado de desvergonha foi preciso chegar para chegarmos a este estado? A que estado de lassidão se deixou conduzir a "democracia de tipo ocidental" —que se compraz dizendo irresponsavelmente de si própria ser "o pior sistema com excepção de todos os outros"— que a leva a, com auto-instituída impunidade, fazer agora vista grossa a estas realidades?
O relatório é claro: que chance terão as crianças africanas se a francesa Lagarde nem sequer consegue perceber a vergonha que é seu próprio país?
(PS- Resta acrescentar que o lugar que Portugal ocupa neste relatório deveria constituir prova suficiente para levar os responsáveis políticos que a ele conduziram à barra dos tribunais...)
De que "crise" falamos quando falamos em crise? A que estado de desvergonha foi preciso chegar para chegarmos a este estado? A que estado de lassidão se deixou conduzir a "democracia de tipo ocidental" —que se compraz dizendo irresponsavelmente de si própria ser "o pior sistema com excepção de todos os outros"— que a leva a, com auto-instituída impunidade, fazer agora vista grossa a estas realidades?
O relatório é claro: que chance terão as crianças africanas se a francesa Lagarde nem sequer consegue perceber a vergonha que é seu próprio país?
(PS- Resta acrescentar que o lugar que Portugal ocupa neste relatório deveria constituir prova suficiente para levar os responsáveis políticos que a ele conduziram à barra dos tribunais...)
2012/05/28
Na rota do Zeca
Entre as inúmeras celebrações que decorrem em 2012 para assinalar os 25 anos da morte de José Afonso, uma deve ser destacada pela originalidade e qualidade dos seus intérpretes. Refiro-me ao concerto "De ouvido e coração", um projecto do compositor e pianista Amilcar Vasques Dias, anunciado para ser apresentado este fim-de-semana em Évora.
Lá fomos, na esperança de ouvir os músicos e cantora principais, Vasques Dias (piano), Luís Cunha (violino) e Esther Merino ("cantaora") que, habitualmente, fazem parte do programa. Desta vez, havia convidados: a cantora lírica Natasa Sibalic (Sérvia) e o "cantador" local Joaquim Soares, que participavam pela primeira vez no concerto. Depois, o lugar, o magnífico Mosteiro dos Remédios, onde está sediada a Associação Musical "Ebora Mvsica" que, desde 1987, vem organizando e apresentando programas de formação musical na área dos grandes mestres polifonistas da Sé de Évora. A Associação dá ainda formação na área de instrumentos de cordas, sopros e teclas, organiza oficinas de Canto Gregoriano e ciclos de concertos nos Claustros e na Igreja, onde "De ouvido e coração" estava incluído.
Desde o primeiro tema, "Vejam bem", a assistência, que enchia por completo a Igreja dos Remédios, percebeu estar em presença de um concerto especial. Esse sentimento aumentaria nos temas seguintes, com "Coro da Primavera", "Ó que janela tão alta" e "A Mulher da Erva", para culminar no celebrado "Venham mais Cinco". Seria com a primeira interpretação de Esther Merino, em "Nana del Caballo Grande", um tema de Garcia Llorca a anteceder a "Canção de Embalar" de José Afonso, que os presentes explodiram num aplauso intenso. A partir daí, o concerto estava ganho e a genialidade da música de Afonso, ganhava outra dimensão. Temas como "Menino de Oiro" e "Balada de Outono", interpretados respectivamente pelo cantador alentejano Joaquim Soares e pela cantora lírica Natasa Sibalic, comprovaram a excelência do reportório afonsino.
Quando Esther voltou para interpretar "Cantar Alentejano" (Catarina Eufémia) a canção mais dramática de toda a sessão, muitos dos presentes choravam lágrimas de emoção. O concerto terminou formalmente ali, mas os seus ecos permanecerão no Convento por muito
tempo. Hoje, no regresso a casa, não pude deixar de pensar no Zeca e de como ele gostaria de ter ouvido a sua música neste lugar.
2012/05/26
Marciano ou leviano
No mesmo dia em que a S&P atribui a categoria de "lixo" a três bancos espanhóis, Cavaco Silva anuncia na Austrália que só há um problema na União Europeia: a Grécia.
Um ser vindo de outro planeta, este presidente, determinado a lixar-nos a vida até ao seu último suspiro, ou um tipo sem qualquer competência para ocupar o lugar que ocupa, que não se coíbe de opinar sobre o que lhe dá na tineta, só para fazer prova de vida.
Escolham.
Um ser vindo de outro planeta, este presidente, determinado a lixar-nos a vida até ao seu último suspiro, ou um tipo sem qualquer competência para ocupar o lugar que ocupa, que não se coíbe de opinar sobre o que lhe dá na tineta, só para fazer prova de vida.
Escolham.
2012/05/23
Os números da felicidade
De acordo com o último relatório da OCDE, a recessão, em 2012 e 2013, não só vai continuar como piorar em Portugal. Nos quatro principais indicadores avaliados (variação do PIB, variação do consumo privado, taxa de desemprego e défice público) os números da OCDE são todos piores do que as previsões do governo português:
Variação do PIB: Governo (0,6%), OCDE (-,09)
Variação do Consumo Privado: Governo (0,7%), OCDE (-3,2%)
Taxa de Desemprego: Governo (14,1%), OCDE (16,2%)
Défice Público: Governo (3%), OCDE (3,5%).
Perante tal diagnóstico, a organização internacional recomenda mais medidas de austeridade ao governo português, única forma de Portugal conseguir obter as metas exigidas no Memorando da Troika.
Ou seja, se esta receita não curou o doente, aplique-se uma dose cavalar, para ver se ele recupera. O perigo, já sabemos, é o doente morrer da cura. Não seria a primeira vez e, que nos lembremos, esta receita só resultou com uma ditadura, no Chile de Pinochet.
Interrogados sobre estas projecções, os membros do governos apressaram-se a relativizar a gravidade dos números, declarando que estes "estavam errados". Talvez, mas não seria a primeira vez que organismos internacionais, como a OCDE, a Eurostat ou o FMI, vêm corrigir, em baixa, as previsões governamentais portuguesas.
Perante tal cenário, não é de admirar que no "índice europeu da felicidade" (ontem mesmo divulgado), os portugueses, certamente mais preocupados com a sua sobrevivência e por isso mais pessimistas, ocupem o penúltimo lugar em 36 países. Em primeiro lugar está (uma vez mais) a Dinamarca e, em último, a Turquia. Sabendo que o primeiro país é um dos mais ricos e equilibrados da Europa e que o último é um dos mais desiguais, não devemos estranhar que entre a percepção do que é felicidade e a qualidade de vida, haja uma correlação evidente.
E, se é verdade que o dinheiro não traz felicidade, lá que ajuda, ajuda...os dinamarqueses que o digam!
2012/05/20
Cancioneiro popular
Ó Relvas, ó Relvas!
Até salta à vista.
Ligações secretas
Sem interacção.
Desculpas sem culpas,
Mas que confusão.
O melhor remédio
É a demissão!
É a demissão!
É a demissão!
É a demissão!
2012/05/17
Grécia: e se não houver plano B?
Perante o falhanço das conversações interpartidárias na Grécia e a crescente subida do Syriza nas sondagens, que apontam para a vitória deste partido nas próximas eleições, o BCE não esteve com meias medidas: suspendeu todos os contactos com a banca grega. O mesmo aconteceu com o FMI, que anunciou só voltar à Grécia quando houver um governo estável.
Resultado: uma corrida desenfreada aos bancos, donde foram levantados mais de mil milhões de euros esta semana. A este ritmo, dentro de um mês, o sistema económico entrará em colapso e a Grécia terá de declarar bancarrota, com todas as consequências daí advindas. Desde logo, a saída do Euro. Mas, não serão apenas os gregos a sofrer directamente as consequências. Toda a zona euro será afectada, a começar pelos credores, as economias mais débeis (Portugal) e mesmo outros países, como o Reino Unido, com relações económicas directamente dependentes da zona euro.
A estratégia é clara: através desta pressão, a banca tenta destabilizar o processo eleitoral em curso, com vista a evitar a chegada ao poder da única força de esquerda que declarou querer romper com o programa da Troika e aliviar o programa de austeridade imposto à Grécia.
Curiosamente, enquanto 80% dos gregos dizem querer continuar no Euro, figuras prominentes como a Sra. Lagarde (FMI) e a própria Merkel, dizem tudo querer fazer para ajudar o povo grego (!?). Em que ficamos, afinal?
Porque a História avança e o tempo começa a ser curto para arrepiar caminho, seria bom saber quais as consequências para a moeda única em caso de bancarrota de um dos seus estados membros e se existe um plano B para salvar a Grécia. Vamos acreditar que sim, porque se não existe, então está tudo louco e, quem acreditar nesta gente, corre sérios riscos de ficar contaminado.
Inteligência e progresso
Platão criticou a escrita no Fedro. Porque, dizia, ela colocava o pensamento fora da sua sede natural, retirava-o da mente e dirigia-o para fora, para os apetrechos, artificiais e estranhos, dessa escrita. Ao fazê-lo, acrescentava ainda Platão, a escrita tornava também a mente preguiçosa porque enfraquecia os mecanismos da memória. Platão colocou felizmente as suas dúvidas por escrito, porque se assim não fosse não teríamos tido delas conhecimento...
Mas, não será esta a única debilidade do seus discurso. Longe estava Platão de imaginar que o pensamento escrito, condensado na literatura científica e filosófica e amalgamado ao longo da história, poderia vir um dia permitir a construção de máquinas —bem mais complexas que os simples implementos da escrita do seu tempo— comandadas... pelo pensamento.
Os jornais relatavam ontem a criação de um braço robotizado que pode ser comandado pelo pensamento, à distância. Parece milagre, mas não é: foi obra de cientistas. É uma manifestação da inteligência humana que não pode deixar de deslumbrar. Mas, coloca também algumas interrogações, que vão para além do próprio objecto.
A consciência humana pode manifestar-se agora fora da mente. Com que fins? A que distância? Através de que corpos ou objectos?
É óbvio que a inteligência é capaz de feitos notáveis. Para o bem e para o mal. Apesar da evidência diária e dos esmagadores e aparentemente inelutáveis sinais de estupidez —também ela, ora consequente ora inconsequente— que nos chegam constantemente de todo o lado, a Humanidade lá vai progredindo qualquer coisita. Parece também, como me dizia a minha amiga AG, que a inteligência, quando colocada ao serviço do progresso, é, de facto, uma coisa extraordinária e esse é um factor que contribui sobremaneira para esse efeito de deslumbramento que esta invenção suscita.
Então por que diabo deixamos constantemente que a estupidez vença a inteligência? E por que razão permitimos que a inteligência maléfica triunfe? Qual a razão para a manifesta dificuldade que temos em distinguir a inteligência que está ao serviço do progresso da que não está. Por que razão hesitamos em premiar e proteger a primeira, mas não condenamos decididamente a segunda?
O que que nos impede de apreciar um qualquer acto de um indivíduo ou instituição, avaliando-o, valorizando-o e distinguindo-o à luz deste princípio singelo: trata-se ou não de um acto de inteligência, ao serviço do progresso?
(Nota: a foto foi "picada" dos jornais, espero que, perante a importância do feito que documenta, com a indulgência do seu autor.)
2012/05/15
Da democracia na Grécia
É oficial: a Grécia vai para eleições, agora que o Presidente da República deu por terminada a ronda de conversações com os principais partidos gregos sem ter conseguido um acordo.
Este era um desfecho previsto, quando os partidos da Troika (Nova Democracia e PASOK) não quiseram aliar-se num governo de coligação e a frente anti-troika (SYRIZA) não reunia votos suficientes para formar governo. Restava a opção tecnocrata, que todas as forças partidárias recusaram.
Cabe ao povo grego (voltar a) escolher a via que deseja seguir: aceitar os ditames da Troika, sabendo que mais sacrificios e privações serão pedidos, numa espiral sem fim à vista; ou romper com este círculo vicioso, sabendo que os sacrifícios e privações continuarão de qualquer forma, ainda que feitos numa perspectiva libertadora.
Uma escolha difícil, que irá condicionar, não só o futuro da Grécia, mas toda a Europa e os países intervencionados (Portugal e Irlanda) em especial.
É por isto que estas eleições são tão importantes: uma derrota das forças progressistas significará o reforço das medidas neoliberais na Europa e um passo atrás na mudança da opinião pública (que, timidamente, começara a manifestar-se com Hollande); enquanto uma vitória dos partidos anti-troika, poderá significar um "turning point" na política de intervenção levada a cabo nos países da periferia que, desta forma, ficarão em melhores condições de renegociar os ditames dos credores internacionais.
Também por isto, estas eleições não serão apenas gregas, pois a todos dizem respeito. Em particular, aos portugueses.
Relvas diz que nunca teve relação estreita com Jorge Silva Carvalho - TSF
Relvas diz que nunca teve relação estreita com Jorge Silva Carvalho
Não estaria na altura de ligar o corta-Relvas?
Não estaria na altura de ligar o corta-Relvas?
2012/05/13
2012/05/10
Keep on going
"Sobre este caso em particular não tenho ideia de ter recebido qualquer informação particular, e disso não resultou qualquer interacção da minha parte"
(Miguel Relvas, Ministro dos Assuntos Parlamentares)
2012/05/08
A Dívida
CATASTROIKA - Multilingual por infowar Mais do que pagar ou não a Dívida, importa saber que Dívida devemos pagar, uma vez que nem toda a Dívida é da responsabilidade dos cidadãos dos países intervencionados, entre os quais Portugal. Este é o objectivo central do "Movimento da Democracia Participativa" que, em colaboração com a "Iniciativa por uma Auditoria Cidadã" e o CIDAC, levaram a cabo uma acção de formação no passado fim-de-semana. Entre os oradores, estiveram os economistas João Romão (A crise actual), José Maria Castro Caldas (O que é a Dívida?), Sara Rocha (A dívida portuguesa - casos específicos) e o sociólogo Guilherme da Fonseca Statter (A dívida portuguesa - a ratoeira da dívida), para além de Martins Gurreiro (O papel dos cidadãos) que na sua intervenção falou da criação deste movimento e o processo em curso. A anteceder as comunicações, João Camargo, representante português no fórum internacional dos movimentos de auditoria cidadã, apresentou o último filme da dupla Aris Chatzistafenou e Katerina Kitidi (autores de "dividocracia") que, nesta produção, abordam a estratégia da intervenção neo-liberal em diversos países e continentes.
2012/05/06
Tempos interessantes
A França e a Grécia votaram este fim-de-semana de acordo com as sondagens:
Em França, com uma vitória do candidato de esquerda (François Hollande), ainda que com uma margem inferior à projectada nos últimos dias (52%); na Grécia, com a derrota dos partidos tradicionais (Nova Democracia e PASOK), que têm agora, em conjunto, pouco mais de 42% dos votos.
Se a vitória do candidato socialista francês, em função dos anti-corpos gerados pelas políticas internas de Sarkozy, era esperada e desejada na Europa; a pulverização do quadro eleitoral grego, onde 60% dos votantes (à esquerda e à direita) votaram contra o "status quo", apresenta mais problemas que soluções.
Se há um ponto comum entre estes dois resultados, este é o da rejeição das políticas de austeridade que atingem a maior parte dos países europeus.
E agora?
Não é certo que Hollande (de quem se conhece pouco) consiga impôr as ideias anunciadas em campanha. Pesem as "boas intenções", sabemos todos que os líderes políticos tendem rapidamente a esquecer as suas promessas quando chegam ao poder. Não será muito diferente desta vez.
Já na Grécia, a chegada ao parlamento de partidos como o Syriza (coligação de esquerda), o segundo mais votado nestas eleições (16%), mostra que os gregos deixaram de acreditar nos dois partidos que, em alternância, governaram e arrastaram a Grécia para a situação em que este país se encontra. Resta saber se a influência da extrema-direita, pela primeira vez representada no parlamento grego, será um factor de destabilização, agora que a representação partidária está dividida por dez partidos.
Uma coisa parece certa, nada será como dantes: nem em França, nem na Grécia. O que se passou este domingo nos dois países, irá certamente provocar "ondas de choque" em toda a Europa. Todos esperamos, agora, que seja a boa onda...
2012/05/05
De facto, sem gravata!
Cavaco não viu as imagens da tumultuosa "promoção" do Pingo Doce. Os seus conselheiros não o alertaram, ou ele não ouviu os alertas. Soares dos Santos disse que não sabia da campanha. Como seria estranho que uma pessoa que ocupa o seu lugar não soubesse o que se passa numa sua empresa, terá vindo depois dizer que a imprensa deturpou o que disse. Afinal saberia. A campanha terá então tido o aval do patrão. Ou não, ainda não se percebeu bem. A ministra da fé acredita que agora é preciso legislar. O deputado Luís Menezes, à falta de melhor argumento, perguntava, dirigindo-se às bancadas da oposição: "Os senhores querem meter-se na decisão livre de cada português escolher a quem compra e quando compra?" E o Álvaro, certeiro e lapidar, vai mesmo mais longe, "arrasando" irrefutavelmente, qualquer argumento que se possa invocar para criticar este espectáculo miserável que o Pingo Doce nos proporcionou: noutros países é normal haver promoções deste tipo.
Contudo, a ASAE, um organismo tutelado pelo próprio Álvaro, tinha iniciado investigações no próprio dia 1, encontrando motivos para duvidar desta "liberdade da decisão" e da "normalidade" de promoções como esta. A ASAE disse mesmo "ter encontrado indícios do incumprimento de algumas disposições do decreto-lei que rege a aplicação de preços e as condições de venda dos produtos a retalho" e enviou o processo do Pingo Doce para a Autoridade da Concorrência. Mas, esta é a mesma "Autoridade" na qual os portugueses depositarão uma confiança cega, que reiteradamente determina que o que se passa com os combustíveis, por exemplo, não indicia qualquer prática de cartelização...
Enquanto isto, Cavaco Silva, sempre igual a si próprio, volta a atacar. Em Cascais, numa reunião de um autodenominado "Conselho para a Globalização" (olhando globalmente para este painel percebe-se o alcance global do conselho que deste Conselho sairá,) apela à mobilização dos "portugueses" para que se projecte uma imagem diferente do país lá fora. De pronto, ele e os seus companheiros de jornada dão o exemplo. Tiram a gravata, et voilá!: num ápice, temos a imagem, que os factos citados acima documentam, de um país dirigido por um bando de fantoches e incompetentes de gravata, transformada numa outra, que a foto documenta, de um país governado por um bando de fantoches e incompetentes... sem gravata.
2012/05/02
1º de Maio de 2012
AO HESITANTE
Dizes tu:
A nossa causa não vai bem.
As trevas tornaram-se mais negras.
As forças diminuem.
Agora, depois de tantos anos de trabalho,
Estamos em situação mais difícil do que no começo.
O inimigo, porém, está aí e mais forte que nunca.
As suas forças parecem crescer.
Tomou um aspecto invencível.
Mas nós cometemos erros, não se pode negar.
O nosso número decresce.
As nossas palavras de ordem estão em desordem.
Algumas delas
Deturpou-as o inimigo; tornaram-se irreconhecíveis.
O que é que está errado daquilo que dissemos?
Só alguma coisa, ou tudo?
Seremos vestígios, (nós) os restantes, seres repelidos pelo rio da vida?
Ficaremos pra trás
Sem entendermos ninguém, sem que ninguém nos entenda?
Teremos de confiar na sorte?
Assim perguntas.
Não esperes
Outra resposta senão a tua!
(Bertold Brecht)
(Teresa Villaverde)
Dizes tu:
A nossa causa não vai bem.
As trevas tornaram-se mais negras.
As forças diminuem.
Agora, depois de tantos anos de trabalho,
Estamos em situação mais difícil do que no começo.
O inimigo, porém, está aí e mais forte que nunca.
As suas forças parecem crescer.
Tomou um aspecto invencível.
Mas nós cometemos erros, não se pode negar.
O nosso número decresce.
As nossas palavras de ordem estão em desordem.
Algumas delas
Deturpou-as o inimigo; tornaram-se irreconhecíveis.
O que é que está errado daquilo que dissemos?
Só alguma coisa, ou tudo?
Seremos vestígios, (nós) os restantes, seres repelidos pelo rio da vida?
Ficaremos pra trás
Sem entendermos ninguém, sem que ninguém nos entenda?
Teremos de confiar na sorte?
Assim perguntas.
Não esperes
Outra resposta senão a tua!
(Bertold Brecht)
(Teresa Villaverde)
2012/04/30
Luto e luta
Acompanhei, com alguma curiosidade confesso, o evento que teve lugar ontem no Jardim de Inverno do S. Luiz, a propósito do falecimento de Miguel Portas. Um evento estranho. Um evento algo chocante.
O jornal i diz hoje que "Francisco Louçã não foi ontem o coordenador do Bloco de Esquerda. Paulo Portas também não foi o ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros. Nem sequer António Costa foi o presidente da câmara de Lisboa ou João Semedo o deputado bloquista. Ontem à tarde, no Jardim de Inverno do Teatro São Luiz, em Lisboa, despiram os cargos que ocupam. Deixaram em casa as poses de políticos para lembrar o que Miguel Portas foi para todos eles enquanto esteve vivo."
É verdade, mas preferia o contrário. Preferia que os políticos deixassem as "poses" quando tratam de política, que fossem mais autênticos (como me pareceu que foram aqui, de facto) e menos teatrais quando tratam de assuntos que nos dizem respeito a todos. Que tivessem, sobretudo, a humildade de levar em linha de conta na sua conduta que, mais cedo ou mais tarde, vamo-nos todos juntar ao Miguel. E, perante a morte, irei sempre preferir ver mais "pose", menos holofotes e mais recolhimento, numa situação que é e será sempre do foro íntimo de cada um.
Porque as lágrimas dos políticos, ao vivo na televisão, são e serão sempre espectáculo, mesmo involuntário. Terão leituras políticas possíveis que vão trair, se não forem acompanhadas de actos políticos adequados e coerentes, a sua autenticidade. Se a morte de Miguel Portas tem essa componente política acho que ela tem de ser mantida para lá do luto e ficar reservada para a intimidade da análise histórica. Se não tem essa componente política, não merece exposição pública e, neste caso, estamos então perante um acto de puro exibicionismo.
Sei que o mundo não é, de facto, preto e branco como este meu retrato pode sugerir. Mas, isso não me impedirá de perguntar que raio de esquizofrenia colectiva é esta que despe sem pudor o luto, mas que, habilidosamente, cobre com roupa enganadora a luta? Parece-me que o mérito e a lição de Miguel Portas, a razão última do consenso que gera, foi, justamente, não ter feito isto.
O jornal i diz hoje que "Francisco Louçã não foi ontem o coordenador do Bloco de Esquerda. Paulo Portas também não foi o ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros. Nem sequer António Costa foi o presidente da câmara de Lisboa ou João Semedo o deputado bloquista. Ontem à tarde, no Jardim de Inverno do Teatro São Luiz, em Lisboa, despiram os cargos que ocupam. Deixaram em casa as poses de políticos para lembrar o que Miguel Portas foi para todos eles enquanto esteve vivo."
É verdade, mas preferia o contrário. Preferia que os políticos deixassem as "poses" quando tratam de política, que fossem mais autênticos (como me pareceu que foram aqui, de facto) e menos teatrais quando tratam de assuntos que nos dizem respeito a todos. Que tivessem, sobretudo, a humildade de levar em linha de conta na sua conduta que, mais cedo ou mais tarde, vamo-nos todos juntar ao Miguel. E, perante a morte, irei sempre preferir ver mais "pose", menos holofotes e mais recolhimento, numa situação que é e será sempre do foro íntimo de cada um.
Porque as lágrimas dos políticos, ao vivo na televisão, são e serão sempre espectáculo, mesmo involuntário. Terão leituras políticas possíveis que vão trair, se não forem acompanhadas de actos políticos adequados e coerentes, a sua autenticidade. Se a morte de Miguel Portas tem essa componente política acho que ela tem de ser mantida para lá do luto e ficar reservada para a intimidade da análise histórica. Se não tem essa componente política, não merece exposição pública e, neste caso, estamos então perante um acto de puro exibicionismo.
Sei que o mundo não é, de facto, preto e branco como este meu retrato pode sugerir. Mas, isso não me impedirá de perguntar que raio de esquizofrenia colectiva é esta que despe sem pudor o luto, mas que, habilidosamente, cobre com roupa enganadora a luta? Parece-me que o mérito e a lição de Miguel Portas, a razão última do consenso que gera, foi, justamente, não ter feito isto.
2012/04/29
É altura de mudar de dono...
Como se pode ver isto e ficar de braços cruzados, à espera...? Quem pode hesitar, ter dúvidas? Quem precisa de mais informação para agir?
2012/04/27
A arte da dissimulação
Logo após ouvir o discurso do Presidente da República do passado 25 de Abril invadiu-me um enorme sentimento de raiva e senti uma necessidade quase irreprimível de partilhar com os leitores do Face essa sensação.
Queria assinalar a minha total perplexidade pela tom de desresponsabilização que parecia inundar todo o discurso. "Temos todos o dever de mostrar que somos um país credível e com potencialidades que tantas vezes são ignoradas," disse Sua Excelência, num plural abusivo e manchado de tons levemente acusatórios. Queria manifestar a minha total revolta por esta tentativa de deitar para cima dos cidadãos comuns tarefas que incubem aos órgãos do Estado, por este driblar de competências. "Mostrar" o verdadeiro país é "uma tarefa para a qual são convocados todos os cidadãos," sentenciou Sua Excelência chutando a bola para fora. Queria enfim gritar alto que os feitos da Pátria que Sua Excelência reivindica para, pelo seu lado, "mostrar o País" foram cometidos apesar de haver a "pátria" e, frequentemente, com a "pátria" a exercer uma intolerável acção de boicote. Não é de hoje, certamente, mas a modernidade não passou ainda por aqui. Não será nunca a presença no Twitter que nos levará ao pódio. Mensagens ocas no Twitter, serão sempre ocas, em Português ou em Mandarim. Um provinciano no Facebook é sempre um provinciano.
A pouco e pouco fui percebendo, porém, que muitos outros portugueses tinham afinal ficado com uma igual sensação de revolta perante o discurso provocador, anestesiante, mas sempre sem asa do PR. E esse é o facto digno de nota.
Com um, aparentemente inócuo, discurso de circunstância o PR pretende fazer-nos acreditar que não tem nada a ver com esta realidade. Estamos todos convocados até para contribuir para o apagão. Mas, parece que a enorme tolerância de que o PR tem beneficiado ao longo dos anos (ele foi de facto eleito por um número significativo de portugueses (a)pagantes...) se estará a começar a esboroar. Mesmo os indefectíveis começam a dar sinal de cansaço. E isso é bom.
O Portugal que temos (todos, de facto) de mostrar ao exterior é um Portugal sem Cavaco e todos os outros responsáveis pela necessidade de termos agora, ao fim de 38 anos, que colmatar a nossa actual falta de "credibilidade [e] dignidade" e de desvendar "inúmeros aspetos positivos e imensas potencialidades," que gente como o actual PR foram paulatinamente destruindo ou, deliberada e convenientemente, escondendo ou boicotando ao longo de todos estes anos de acção política.
Não seríamos, nem eu nem o leitor, nunca nós os responsáveis por estas falhas, mesmo que nele tivéssemos votado.
Queria assinalar a minha total perplexidade pela tom de desresponsabilização que parecia inundar todo o discurso. "Temos todos o dever de mostrar que somos um país credível e com potencialidades que tantas vezes são ignoradas," disse Sua Excelência, num plural abusivo e manchado de tons levemente acusatórios. Queria manifestar a minha total revolta por esta tentativa de deitar para cima dos cidadãos comuns tarefas que incubem aos órgãos do Estado, por este driblar de competências. "Mostrar" o verdadeiro país é "uma tarefa para a qual são convocados todos os cidadãos," sentenciou Sua Excelência chutando a bola para fora. Queria enfim gritar alto que os feitos da Pátria que Sua Excelência reivindica para, pelo seu lado, "mostrar o País" foram cometidos apesar de haver a "pátria" e, frequentemente, com a "pátria" a exercer uma intolerável acção de boicote. Não é de hoje, certamente, mas a modernidade não passou ainda por aqui. Não será nunca a presença no Twitter que nos levará ao pódio. Mensagens ocas no Twitter, serão sempre ocas, em Português ou em Mandarim. Um provinciano no Facebook é sempre um provinciano.
A pouco e pouco fui percebendo, porém, que muitos outros portugueses tinham afinal ficado com uma igual sensação de revolta perante o discurso provocador, anestesiante, mas sempre sem asa do PR. E esse é o facto digno de nota.
Com um, aparentemente inócuo, discurso de circunstância o PR pretende fazer-nos acreditar que não tem nada a ver com esta realidade. Estamos todos convocados até para contribuir para o apagão. Mas, parece que a enorme tolerância de que o PR tem beneficiado ao longo dos anos (ele foi de facto eleito por um número significativo de portugueses (a)pagantes...) se estará a começar a esboroar. Mesmo os indefectíveis começam a dar sinal de cansaço. E isso é bom.
O Portugal que temos (todos, de facto) de mostrar ao exterior é um Portugal sem Cavaco e todos os outros responsáveis pela necessidade de termos agora, ao fim de 38 anos, que colmatar a nossa actual falta de "credibilidade [e] dignidade" e de desvendar "inúmeros aspetos positivos e imensas potencialidades," que gente como o actual PR foram paulatinamente destruindo ou, deliberada e convenientemente, escondendo ou boicotando ao longo de todos estes anos de acção política.
Não seríamos, nem eu nem o leitor, nunca nós os responsáveis por estas falhas, mesmo que nele tivéssemos votado.
2012/04/24
Sinais de mudança (2)
Demitiu-se esta segunda-feira a coligação governamental holandesa, constituida pelos partidos VVD (liberal) e CDA (democrata-cristão), que era apoiada pelo partido PVV (populista de direita). A demissão surge após sete semanas de duras negociações entre os três partidos, com vista a chegar a um acordo para implementar medidas de austeridade estimadas em 14 mil milhões de euros no próximo Orçamento de Estado.
Ainda que a notícia já fosse conhecida desde o passado sábado, só ontem foi formalmente aceite pela rainha, que agora terá de marcar a data das próximas eleições. Em princípio, estas não devem acontecer antes de Setembro.
Não causa grande surpresa esta demissão. Desde a sua instalação, em Outubro de 2010, que o governo dependia do apoio do PVV, partido liderado por Geert Wilders, um populista xenófobo que defende a proibição do Islão, a abolição da burka e a expulsão de muçulmanos não holandeses. Um programa que lhe valeu 15% de votos e 34 deputados nas últimas eleições. Dado os anti-corpos provocados na classe política holandesa, Wilders acabaria por não aceitar fazer parte do governo, mas garantia a maioria dos votos governamentais no parlamento. Uma construção, que os holandeses apelidavam de "governo tolerado", uma vez que a qualquer momento o PVV poderia retirar o seu apoio. Foi o que aconteceu agora, quando o governo propôs cortes significativos em áreas sociais sensíveis, como a idade e o valor das reformas, às quais o partido de Wilders se opõs. As reformas, aliás, eram um ponto de honra para Wilders que, a par da sua declarada Islamofobia, sempre defendeu os reformados de baixos recursos.
Em queda de popularidade após os atentados de Oslo (quando as suas ideias foram elogiadas por Breivick) Wilders há que muito procurava uma saida airosa para a sua política de ódio e terra queimada. Aparentemente, a crise actual, ofereceu-lhe essa oportunidade. Ao distanciar-se das medidas do governo, espera ganhar a admiração dos holandeses mais pobres e, dessa forma, recuperar a popularidade perdida.
Uma coisa parece certa: Wilders dificilmente voltará a ter a influência do passado e tudo aponta para que a próxima coligação governamental seja de centro-esquerda.
2012/04/23
Sinais de mudança
Sem surpresa, François Hollande ganhou a primeira volta das eleições francesas.
Ainda que a diferença para Sarkozy não tenha ultrapassado os 2%, a vitória do candidato do PS abre boas perspectivas para uma mudança de governo. Resta a questão: em quem vão votar os eleitores de Marie Le Pen?
Esta é a grande incógnita da 2ª volta, pois uma votação massiva da extrema-direita em Sarkozy daria a vitória ao actual presidente. Não seria a primeira vez e pode voltar a acontecer.
Para já, os sinais são contraditórios. Ontem, no rescaldo das eleições, as primeiras sondagens eram francamente favoráveis a Hollande (54%); mas já hoje, na abertura das bolsas, os "mercados" davam os primeiros sinais de inquietação. Compreende-se: em tempos de austeridade, anunciar mais emprego e aumento de prestações sociais, equivale a uma maior despesa, logo maior risco de dívida, coisa que os investidores não desejam ver repetida.
Temos, por isso, uma dupla incógnita: vão os eleitores de Le Pen continuar a rejeitar Sarkozy (abstendo-se) e dar assim a vitória à esquerda?; estará Hollande em condições de cumprir o que prometeu, caso ganhe as eleições?
Uma coisa é certa, com Sarkozy teremos mais do mesmo, o que não trará benefícios para a Europa; com Hollande, poderá haver um maior contrapeso à política de Merkel e ao "diktat" alemão, o que poderá favorecer os países endividados.
Para já, a maioria dos franceses parece acreditar no candidato socialista. Resta saber em quem acredita o candidato. Dito de outro modo: "como nenhum político acredita no que diz, fica sempre surpreso ao ver que os outros acreditam nele". A frase é atribuida a De Gaulle e ele sabia do que falava. Até lá, resta-nos esperar pelo dia 6 de Maio.
A gente tem mesmo de aturar isto?!
A conversa desta figurinha patética vale o que vale, claro, mas não deixa de merecer comentário. É um ministro do meu País, que está ao serviço do Povo Português, e este paleio suscita algumas interrogações.
O que se estará a passar em Portugal, afinal? O que é que se estará a passar de tão sério —para além do terrorismo do governo— que mereça os olhos esbugalhados e o palavreado proto-fascista desta criatura triste? Que outras perturbações estarão a suceder da ordem pública e da legalidade —para além do desemprego, dos cortes salariais, da quebra unilateral de contratos, do aumento insustentável dos impostos e do custo de vida, entre outros, gerados pela acção do próprio governo— que justifiquem este fraseado apocalíptico?
Achará este escarro que mete mesmo medo a alguém? Um nojo indescritível tudo isto.
O que se estará a passar em Portugal, afinal? O que é que se estará a passar de tão sério —para além do terrorismo do governo— que mereça os olhos esbugalhados e o palavreado proto-fascista desta criatura triste? Que outras perturbações estarão a suceder da ordem pública e da legalidade —para além do desemprego, dos cortes salariais, da quebra unilateral de contratos, do aumento insustentável dos impostos e do custo de vida, entre outros, gerados pela acção do próprio governo— que justifiquem este fraseado apocalíptico?
Achará este escarro que mete mesmo medo a alguém? Um nojo indescritível tudo isto.
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